Máfia de Anajatuba: TJ-MA esclarece que voto de relator ainda não é válido
Política

Máfia de Anajatuba: TJ-MA esclarece que voto de relator ainda não é válido

Carlos Braide e todos os outros 26 denunciados ainda aguardam por julgamento. Orcrim roubou mais de R$ 30 milhões dos cofres do município

Todos os 27 denunciados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na chamada Máfia de Anajatuba ainda seguem como investigados por suposta participação na organização criminosa (Orcrim) que desviou mais de R$ 30 milhões dos cofres públicos do município, incluindo o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Carlos Braide.

A explicação foi dada ao ATUAL7 pela Assessoria de Comunicação do Tribunal de Justiça do Maranhão, nesta segunda-feira 24, ao ser questionada sobre as declarações dadas pelo candidato a prefeito de São Luís pelo PMN, deputado Eduardo Braide, que acabaram colocando os desembargadores da Terceira Câmara Criminal do TJ-MA, Froz Sobrinho e Joaquim dos Anjos sob suspeição.

“Com relação ao processo citado, ainda não existe recebimento de denúncia ou rejeição em relação a nenhum dos denunciados, uma vez que o processo encontra-se com pedido de vista. Apenas quando levado à sessão poderá ser definido”, explicou o tribunal.

Em entrevista ao jornalista Marcelo Minard na última quinta-feira 20, no programa Bom Dia Maranhão, da TV Difusora, ao ser questionado sobre a existência da Orcrim, Eduardo Braide afirmou que a Justiça sequer havia recebido a denúncia contra o seu pai, e que por isso ele não havia se tornado réu no processo.

“Tudo isso foi fruto de uma investigação do Ministério Público. Talvez o que você não tenha tido o cuidado de saber é que a denúncia que foi apresentada contra meu pai sequer foi recebida pelo Tribunal de Justiça. Isso quer dizer que ele sequer foi réu nessa situação”, respondeu o candidato na entrevista, deixando um vácuo sobre a participação de seu ex-assessor e destinatário de emenda parlamentar, Fabiano Bezerra, no esquema.

Contudo, conforme explicado pelo próprio TJ-MA, Carlos Braide ainda segue na condição de denunciado pelo Gaeco, e por isso ainda pode se tornar réu no processo e até ser preso, já que o pedido de vista do desembargador Froz Sobrinho ainda não pode ser considerado válido, até que haja uma nova sessão para a decisão final.

Cadê o dinheiro que tava aqui?

Apesar do candidato Eduardo Braide atribuir primeiro ao deputado Wellington do Curso (PP) e posteriormente ao prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), a existência da Máfia de Anajatuba foi denunciada pelo programa Fantástico, da Rede Globo, em novembro de 2014.

O esquema foi alvo do primeira investigação do repórter secreto Eduardo Faustini, no quadro “Cadê o dinheiro que tava aqui?”.

À época, embora o foco da reportagem tenham sido somente o então prefeito de Anajatuba, Hélder Aragão, e o então assessor de Eduardo Braide, Fabiano Bezerra, o Fantástico exibiu os mesmos documentos que o candidato afirma em debates, entrevistas e sabatinas ser falso. No próprio documento, inclusive, que é um depoimento de uma testemunha na sede da Superintendência da Polícia Federal no Maranhão, aparece o nome de Eduardo Braide, justamente como chefe na AL-MA de outros dois braços da máfia, José Antônio Machado de Brito Filho, mais conhecido como Zé Filho, e Natasha Alves Lesch, esposa de Fabiano.

O ATUAL7 entrou em contato com o candidato Eduardo Braide e com sua assessoria de imprensa, para explicar a falta com a verdade na entrevista ao jornalista Marcelo Minard. A assessoria respondeu que até as 16 horas faria um novo contato, com a explicação, o que não ocorreu até a publicação desta reportagem.



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