Processo que apura suposta espionagem de Portela é colocado sob sigilo
Cotidiano

Processo que apura suposta espionagem de Portela é colocado sob sigilo

Procedimento foi instaurado pela PGJ a pedido do presidente do TJ-MA, Joaquim Figueiredo, após secretário ser acusado por delegado da Polícia Civil

Foi colocado sob sigilo o processo instaurado pela Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) para apurar se o secretário estadual de Segurança Pública, Jefferson Portela, mandou ou não monitorar e implantar escutas ilegais contra desembargadores do Tribunal de Justiça do Maranhão.

A informação foi confirmada ao ATUAL7, na terça-feira 4, pela assessoria do Ministério Público maranhense, após questionamento a respeito do assunto. “Fomos informados de que o processo teve o sigilo decretado, portanto não se pode divulgar nenhuma informação até o encerramento das investigações”, respondeu.

O procedimento foi aberto pela PGJ no mês passado, por requisição do presidente do TJ-MA, desembargador Joaquim Figueiredo.

O objetivo das investigações é apurar a veracidade das denúncias feitas em cartas pelo delegado de Polícia Civil Ney Anderson Gaspar, de que Jefferson Portela teria dado ordens para a suposta arapongagem aos magistrados. Familiares e assessores destes, e o senador Roberto Rocha (PSDB-MA), também teriam sido alvo do titular da SSP-MA, segundo Ney Anderson. As cartas foram todas publicadas com exclusividade pelo blog do Neto Ferreira.

Em meio ao silêncio da Assembleia Legislativa do Maranhão, inclusive de integrantes da Comissão de Segurança Pública e de membros da oposição ao governador Flávio Dino (PCdoB) na Casa, pelo menos dois deputados federais, Aluísio Mendes (Pode-MA) e Edilázio Júnior (PSD-MA), decidiram buscar maiores esclarecimentos sobre o caso.

O primeiro solicitou à Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados uma audiência pública com a presença de Ney Anderson e do também delegado de Polícia Civil Tiago Bardal, que também fez acusações contra Portela relacionadas aos desembargadores maranhenses. Já o segundo protocolou notícia de fato junto à PGJ, pedindo o afastamento de Portela do cargo, para evitar possíveis embaraços às investigações abertas no âmbito do órgão máximo do MP-MA, e que seja solicitado à Justiça imediata auditoria no sistema Guardião. O mesmo pedido também foi encaminhado ao governador do Maranhão.

Também houve solicitação do senador tucano ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) instaurem uma investigação paralela sobre o caso.

Em nota pessoal encaminhada ao ATUAL7 e publicada no site institucional da pasta da Segurança Pública, Portela nega as acusações. Recentemente, ele representou criminalmente os delegados Ney Anderson e Tiago Bardal, além de três profissionais de imprensa, incluindo este signatário, por conta das acusações contra ele terem se tornado públicas.

Para tentar estancar a crise institucional instalada entre o Judiciário e o Executivo, por conta das acusações de espionagem, acompanhado de Marcelo Tavares (Casa Civil) e Rodrigo Maia (Procuradoria Geral do Estado - PGE), Jefferson Portela se reuniu na semana passada com o desembargador Joaquim Figueiredo, no gabinete da Presidência do TJ-MA.

Devido ao estranho encontro entre o autor do pedido de investigação e o investigado, o ATUAL7 enviou e-mail ao gabinete da PGJ, questionando se a situação não poderia causar embaraços às levantados do órgão sobre o caso. O único retorno foi do técnico ministerial Assunção Maia, mas apenas para informar que a solicitação havia sido recebida.



Comente esta reportagem