Quatro órgãos representativos de especialidades médicas diretamente ligadas ao enfrentado ao novo coronavírus divulgaram, nessa segunda-feira 18, manifestos contrários ao uso generalizado da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes diagnosticados com a Covid-19 antes da conclusão de estudos científicos complementares.
No Maranhão, segundo divulgado pelo governo de Flávio Dino (PCdoB), esse protocolo foi adotado pela SES (Secretaria de Estado da Saúde) para pacientes com sintomas leves da doença, desde o último dia 12, mesmo sem respaldo científico. Um kit com cloroquina/hidroxicloroquina e outros remédios foi montado pela pasta e pela Emserh (Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares) para distribuição a esses pacientes, ignorando ainda o fato de que quem apresenta sintomas leves da Covid-19 sequer é testado para detecção do novo coronavírus.
Até agora, estudos científicos não encontraram evidências de que o uso do medicamento traga benefícios para pacientes infectados pelo novo coronavírus, inclusive para aqueles com casos leves e moderados. Há, também, relatos de efeitos colaterais graves, inclusive parada cardíaca.
Um dos documentos divulgados ontem é assinado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira, pela Sociedade Brasileira de Infectologia e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Nele, as entidades alertam que, embora tenha acesso fácil e custo “moderado”, a droga tem benefício clínico “pequeno ou negligenciável” e nível de evidências científicas “baixo” quanto à sua eficácia.
Um outro documento, assinado pela Sociedade Brasileira de Imunologia destaca, também, que até o momento não existe terapia comprovadamente efetiva para o tratamento do novo coronavírus e que o uso desse medicamento tem efeitos colaterais que podem levar a morte de pacientes. Um parecer científico divulgado pela entidade sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da doença conclui que “ainda é precoce a recomendação de uso deste medicamento na Covid-19”.
A inclusão da droga no protocolo de atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) a pacientes atingidos pelo novo coronavírus é apontada como a causa da saída de Luiz Henrique Mandetta e de Nelson Teich do Ministério da Saúde no governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Apesar das críticas e ironias diárias nas redes sociais ao presidente da República, em total confissão de falta de comando, o governador Flávio Dino tem se esquivado de suas responsabilidade e tentado atribuir aos médicos o estabelecimento da nova diretriz da SES, que serve justamente para balizar a atuação de médicos que estão na linha de frente do combate à pandemia na rede pública estadual de saúde.
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