Carro apreendido com porta-malas cheio de dinheiro em São Luís.

Investigação sobre carro abandonado em São Luís com R$ 1 milhão em porta-malas completa cinco meses sem conclusão

Polícia Civil do Maranhão já realizou duas operações para descobrir a origem do dinheiro encontrado no veículo e se há relação com crimes

A investigação da Polícia Civil do Maranhão sobre o abandono de um carro com mais de R$ 1 milhão em espécie dentro do porta-malas, em São Luís, completou cinco meses no final de 2024. O inquérito até hoje não foi finalizado e é mantido em sigilo.

No período, os investigadores tomaram depoimento de Guilherme Ferreira Teixeira, identificado como motorista do veículo e quem o deixou abandonado no bairro do Renascença, e Carlos Augusto Diniz da Costa, que se apresentou como proprietário do Renault, modelo Clio de cor vermelha, no dia 30 de julho do ano passado, quando a polícia foi chamada e fez a apreensão da quantia.

Até antes da descoberta do veículo abandonado com o dinheiro, eles eram, respectivamente, servidores da Assembleia Legislativa do Maranhão, lotado no gabinete do deputado estadual Fernando Braide (PSD), irmão do prefeito da capital, e da Prefeitura Municipal de São Luís, sob o comando de Eduardo Braide (PSD).

A exoneração de ambos ocorreu após a repercussão do caso.

De acordo com a Seic (Superintendência de Investigações Criminais), ainda não há prazo definido para o encerramento do caso porque as medidas adotadas no bojo da apuração dependem não apenas da Polícia Civil estadual, mas também de terceiros.

“A obtenção desses dados, em razão da complexidade [da investigação], costuma ser demorada, mas [eles] são essenciais para novas diligências”, respondeu ao Atual7, em nota.

Ainda segundo a Seic, os investigados têm permanecido em silêncio durante depoimento à Polícia Civil. Com isso, a investigação está concentrada na prova técnica e em relatórios de dados bancários e de dispositivos apreendidos, cuja produção ainda está em andamento.

“Novas oitivas só devem ser feitas a partir desses resultados”, afirmou.

Em agosto de 2024, a Polícia Civil realizou ao menos duas operações para descobrir a origem do dinheiro encontrado no carro e se há relação com crimes. A primeira, deflagrada no início daquele mês, cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de Guilherme Teixeira, onde já morou o ex-deputado estadual Carlos Braide, pai do prefeito Eduardo Braide, e de Carlos Augusto.

Cerca de duas semanas depois, o alvo foi Antonio Carlos Salim Braide, irmão do gestor municipal. Em um dos endereços onde foram feitas as buscas, a polícia encontrou um carregador de pistola e prendeu Antônio Braide em flagrante, por suspeita de porte ilegal. Após pagamento de fiança, ele foi colocado em liberdade.

Essa segunda operação ocorreu dias após o próprio prefeito de São Luís, em vídeo publicado nas redes sociais, declarar que nada tem a ver com o caso, defender as investigações e afirmar que um veículo Fit preto registrado em nome da sua mãe, morta em 2010, utilizado para dar carona para Guilherme Teixeira após abandono do carro deixado com dinheiro no porta-malas, estava sob a responsabilidade desse irmão.

Além disso, os investigadores também já haviam identificado, antes da publicação do vídeo por Eduardo Braide, que o Clio vermelho com o dinheiro foi abandonado em frente a uma casa cujo endereço está registrado como sendo a empresa “Café e Cia”. Apesar do nome fantasia, a empresa seria de serviços hospitalares e, de acordo com a Polícia Civil, pertence a Clarice Sereno Loiola Braide, esposa de Antonio Braide.

Questionado pelo Atual7 ainda no ano passado se houve abertura de sindicância para apurar as circunstâncias suspeitas envolvendo o servidor da Prefeitura de São Luís exonerado por envolvimento no caso, o prefeito Eduardo Braide jamais retornou o contato. Em tese, eventual inércia da gestão municipal pode caracterizar prevaricação e improbidade.

Ao todo, o valor apreendido chegou a R$ 1.109.350,00. A contagem da quantia foi realizada pela Polícia Civil utilizando uma máquina contadora de cédulas. O dinheiro está depositado em uma conta judicial vinculada ao inquérito, enquanto a investigação continua.


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