Adesão a Sarney marca 6 meses do segundo governo Dino
Editorial

Adesão a Sarney marca 6 meses do segundo governo Dino

Comunista buscou oligarca, a quem culpava como responsável pelo atraso do Maranhão, alegando diálogo sobre a democracia do Brasil

Confirmado em 2014 e reconfirmado em 2018 como novo Capo di tutti capi (ou Capo dei capi) – expressão utilizada para designar “o chefe de todos os chefes” – do Maranhão, o governador Flávio Dino (PCdoB) sempre teve em sua base aliada na Assembleia Legislativa e Congresso Nacional todos os sarneystas que nasceram e cresceram politicamente sob as hostes da chamada oligarquia cinquentenária, mas nada se comparava a um dia estar ao lado e virar aliado do ex-chefão do clã: o próprio José Sarney (MDB-MA).

Em seis meses de seu segundo mandato à frente do Palácio dos Leões, não falta mais.

Segundo postou o próprio Dino no Twitter, ele deixou o discurso de lado e buscou e conseguiu encontro com Sarney com o objetivo de dialogar com o oligarca – o comunista, frisa-se, na publicação, não se referiu ao emedebista com esse adjetivo – sobre o quadro político nacional e o risco que corre a democracia do Brasil.

Novamente: Flávio Dino não foi falar sobre, segundo ele acusava até dia desses, a responsabilidade de Sarney sobre o atraso do Maranhão, nem sobre os desvios de dinheiro público pelos governos sarneystas, muito menos sobre a participação de Sarney na ditadura militar. O diálogo foi sobre como podem trabalhar juntos pela democracia brasileira.

Ou seja, de câncer da política, José Sarney passou a ser inspiração e aliado. Tudo pelo bem do povo, quer fazer crer Flávio Dino.

Para ex-sarneystas, agora batizados como dinistas, o encontro representa um marco na história política do Maranhão e o amadurecimento político de seu novo chefe maior, em apenas seis meses de seu segundo mandato no comando do Executivo estadual. Para o deputado estadual Wellington do Curso (PSDB), porém, único independente e a destoar de todos os outros agentes políticos do estado, a adesão de Dino a quem jurava ser maior desafeto, sob a alegação de luta pelo bem da democracia, representa o principal ato de incoerência da história política do governador do Maranhão.

Colocando na balança, tem razão apenas Wellington: que políticos não tem inimigos, mas adversários, tudo bem, é justificável. Mas nada custa o político ter vergonha na cara.



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