Flávio Dino estuda forma de manter licitação de comidas de luxo feita por Roseana
Política

Flávio Dino estuda forma de manter licitação de comidas de luxo feita por Roseana

Cardápio inclui sorvetes, iogurte light com pedaços de ameixa, filé mignom limpo, bacalhau do porto 1ª qualidade, camarão fresco grande e patinhas de caranguejo

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), analisa uma forma de manter a compra de alimentos de luxo para abastecer as residências oficiais do Estado - o Palácio dos Leões, a casa de veraneio e a residência do vice-governador - pelo período de um ano. Com previsão de gastos de pouco mais de R$ 745 mil, o Pregão N.º 066/2014 foi publicado pela ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), no dia 13 de novembro de 2014, e a licitação em 2 de dezembro do mesmo ano, conforme revelou o Atual7 por meio da rede social Facebook, na última terça-feira (6).

Com quase duas semanas à frente do Estado, Dino já poderia ter cancelado licitação, que só pode ser homologada na íntegra
Kamaleao Fome de leão Com quase duas semanas à frente do Estado, Dino já poderia ter cancelado licitação, que só pode ser homologada na íntegra

Entre os itens dos oito lotes estão 180 quilos de salmão e igual quantidade de bacalhau do porto de primeira qualidade, avaliados em R$ 13.849,50, e 550 quilos de patinha de caranguejo fresca, por R$ 37.493,50. Há ainda meia tonelada de pescada amarela fresca, com valor total estimado em R$ 29.835,00, além de sorvetes, picolés, e iogurtes light com pedaços de ameixa, ao custo de mais de R$ 50 mil. Apesar do lançamento do edital e da abertura do pregão ter sido realizados no governo da peemedebista - já durante as reuniões da equipe de transição, Dino manteve-se em silêncio sobre a compra durante os seis primeiros dias de seu governo, quando o assunto veio a público. Próximo de completar duas semanas à frente do Estado, o governador do Maranhão ainda não cancelou a compra.

Segundo publicação de O Globo e da Folha de S.Paulo, dessa quarta (7) e quinta-feira (8), respectivamente, em vez de cancelar, o comunista decidiu analisar o processo. À Folha, sem apontar quais itens, a assessoria de Dino teria informado que o governo ainda não decidiu se vai mesmo cancelar todo o contrato ou se apenas irá cortar alguns itens que forem considerados excessivos. Antes, por meio de nota, a assessoria de comunicação do governo do Estado já havia confirmado que "o processo encontra-se na Casa Civil para homologação".

A Casa Civil é comandada pelo sobrinho do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), Marcelo Tavares. Durante o governo do tio, além dos banquetes nababescos, a ex-primeira-dama Alexandre Tavares promovia festas no Palácio dos Leões até as 5 da manhã, com direito à banheiras fazendo as vezes de balde de gelo ao serem preenchidas com garrafas de prosecco para que os convidados se servissem à vontade. Desde que Flávio Dino ganhou as eleições, em outubro passado, Marcelo Tavares já indicava, durante as reuniões de transição, o que deveria ser feito e encaminhado no tocante às licitações da Casa Civil.

O Atual7 apurou que, caso Flávio Dino decida por cancelar a compra de alimentos perecíveis feita pelo governo anterior, as residências oficiais ficarão sem comida por cerca de três meses. Porém, como o edital previu que o fornecimento fosse efetuado por lotes, em contraste ao que a assessoria de comunicação do governo informou, há um empecilho legal que proíbe a retirada de qualquer item, podendo o comunista somente homologar o processo por inteiro. A decisão do governador, portanto, qualquer que seja, será de ordem política.

Lagostas

Em janeiro de 2014, no ápice da crise no Sistema Penitenciário, com ataques de facções criminosas a ônibus, a ex-governadora Roseana Sarney lançou dois editais para abastecer o Palácio dos Leões e a casa de veraneio do Estado ao valor de R$ 2,3 milhões.

Bem mais suntuoso que o banquete que deve ser consumido por Flávio Dino, na lista do governo Roseana havia itens como 80 kg de lagosta e garrafas de uísque escocês.

Um dia depois de ter sido eleito, porém, o comunista prometeu dar fim aos "gastos suntuosos da oligarquia". Promessa que, pela demora em cancelar a licitação de comidas luxuosas, deve deixar de cumprir.



Comentários 1

  1. César Da Silva

    "As residências oficiais ficarão sem comida"? Quê? O salário desse pessoal é tão baixo que não dá pra comprar dois bandecos por dia? Coitados.

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