Apesar do governador Flávio Dino (PCdoB) prometer durante o discurso de posse que o seu governo engrossaria o caldo contra a corrupção, a operação contra agiotagem e desvio de recursos em municípios maranhenses, deflagada no início de maio, parece ter resultado em nada.
Menos de dois meses após ser preso por homens da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), como um dos integrantes da quadrilha do agiota Josival Cavalcante da Silva, mais conhecido como "Pacovan", o vice-prefeito de Bacuri, Richard Nixon (PMDB), que passou apenas 10 dias vendo o sol nascer quadrado, além de se encontrar solto, voltou a comando do município após decisão relâmpago do desembargador Lourival de Jesus Serejo Sousa, vice-presidente e corregedor do TRE-MA.
De acordo com o Blog do Luís Pablo, que revelou a agilidade de Serejo a volta de Nixon aos cofres de Bacuri, a decisão do magistrado tem o total de 15 laudas e o tempo recorde de apenas 1h11min para retornar o envolvido com agiotagem e outras maracutais ao cargo.
Outro fato grave também chama a atenção. Segundo o blogueiro, o processo teria subido já concluso ao gabinete do desembargador no TJ-MA, mesmo estando Lourival Serejo, quando saiu a decisão, presente na sessão do TRE-MA.
Como o desembargador não é o The Flash – o homem mais rápido do mundo; personagem de uma série da TV americana -, e nem tem poderes para quebrar o princípio da impenetrabilidade da matéria, que diz que um corpo não pode ocupar ao mesmo tempo dois lugares distintos no espaço, ele terá de explicar como conseguiu estar em dois lugares ao mesmo tempo.
Do contrário, cairá a forte suspeita de que a decisão já estava pronta, sem Lourival Serejo sequer ter lido o processo, mas apenas assinado uma liminar em favor de um acusado pela Polícia Civil do Maranhão de sagrar os cofres públicos.
O caso é grave e deve chegar ao conhecimento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Proteção dos Leões
Um dia após a prisão de Nixon e Pacovan, o governador Flávio Dino declarou nas redes sociais que a agiotagem e a corrupção prosperaram no Maranhão porque tinham proteção no Palácio dos Leões, e que no atual governo essa proteção não existe, e que, por isso, a polícia pode agir.
Alegando que cada Poder é responsável pela tomada de suas ações, o comunista explicou que "quem decide sobre prisões é o Poder Judiciário. Livremente. Cabe a Polícia fornecer provas contra corruptos".
Como o vendedor de notas frias ganhou uma decisão relâmpago, é amigo de um deputado aliado ao Palácio dos Leões e está tão solto que voltou ao comando da Prefeitura de Bacuri, parece que a polícia no atual governo não forneceu provas suficientes contra ele.