PF diz que doações declaradas à Justiça Eleitoral podem ser pagamento de propina
Política

PF diz que doações declaradas à Justiça Eleitoral podem ser pagamento de propina

Governador do Maranhão recebeu R$ 300 mil em doações da UTC/Constran, uma das empreiteiras envolvidas no propinoduto da Petrobras

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), permanece sob suspeita de ter sido financiado com recursos originários de maracutaias com o dinheiro público. Reportagem da Folha de S. Paulo dessa quarta-feira (8) revela que, em relatórios enviados ao STF (Supremo Tribunal Federal) sobre as investigações de políticos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, a Polícia Federal sustenta que, em alguns casos, "existem elementos iniciais suficientes que indicam a tipicidade da doação eleitoral como forma de corrupção".

Polícia Federal ou depoimento de Ricardo Pessoa, dono da UTC, pode esclarecer se governador do Maranhão recebeu ou não financiamento de campanha com recursos originários de corrupção
Marcos Bezerra/AE Chefão da corrupção Polícia Federal ou depoimento de Ricardo Pessoa, dono da UTC, pode esclarecer se governador do Maranhão recebeu ou não financiamento de campanha com recursos originários de corrupção

A afirmação de que doações declaradas à Justiça eleitoral podem ser pagamento de propina está presente nos inquéritos que apuram as possíveis ligações com os desvios na estatal e vai de encontro a eterna nota emitida pelo PCdoB no Maranhão que, agora em resposta às suspeitas levantadas na Câmara Federal pelo deputado Hildo Rocha (PMDB), voltou a declarar que "todas as doações recebidas pela coligação [do governador Flávio Dino] foram registradas junto à Justiça Eleitoral, que, após análise, aprovou a prestação de contas".

Na última terça-feira (7), Rocha denunciou que o governador do Maranhão pode ser um dos candidatos do PCdoB financiados pelo propinoduto da Petrobras, por meio de doações da UTC/Constran, uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato e que doou R$ 300 mil para a campanha do comunista, no ano passado. O peemedebista suspeita também que a ligação de Dino com o esquema criminoso pode estar sendo ocultada pela Procuradoria Geral da República (PGR), por meio do irmão do governador, o subprocurador Nicolau Dino.

Hildo Rocha afirmou, durante o pronunciamento, que deputados federais revelaram, no Congresso, que o nome de Flávio Dino estaria diretamente ligado às investigações. “Alguns deputados já me disseram sim isso. O nome de Flávio Dino está guardado a sete chaves pelo próprio Ministério Público. Vou reiterar o pedido que fiz ao procurador Rodrigo Janot, solicitando novas informações a respeito desse caso, e mais uma vez vou mostrar que o Partido Comunista do Brasil recebeu dinheiro das empresas envolvidas com o ‘propinoduto da Petrobras’, assim como o governador Flávio Dino”, declarou.

Desde o início das investigações, que envolvem políticos e grandes empreiteiras, o Ministério Público Federal e a PF suspeitam que as doações oficiais, registradas na Justiça Eleitoral, mascaravam desvios de recursos da Petrobras. A argumentação foi utilizada, inclusive, para a PF solicitar a prorrogação dos prazos de investigação dos inquéritos.

Um dos desafios da Operação Lava Jato seria provar que essas doações legais eram propina.

No caso de Flávio Dino, se o comunista estiver sendo investigado pela PF como apontou Hildo Rocha, e se confirmando a suspeita de que o governador foi um dos beneficiados em sua campanha eleitoral com dinheiro de corrupção, de acordo com o artigo 30 da Lei n.º 9.504/97, a chamada Lei das Eleições, fica caracterizado a prática de "captação e gasto ilícito de recursos" para fins eleitorais, o que pode eventualmente resultar na cassação do diploma de Dino.

Roseana e Lobão

Nos documentos enviados ao STF, além de levar em consideração depoimentos de delatores e testemunhas, com cruzamentos de informações sobre reuniões, registros em agenda, telefones e dados sobre as doações, a Polícia Federal solicita ainda uma nova acareação entre o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef, os principais delatores.

A PF quer confrontar as versões sobre a entrega de R$ 2 milhões para a campanha da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), em 2010, que teria sido solicitada pelo senador Edson Lobão (PMDB-MA), na época Ministro de Minas e Energia. Paulo Roberto aponta que autorizou o repasse, mas Youssef nega ter feito a entrega do valor.

A contradição nos depoimentos, inclusive, levou a defesa de Roseana e Lobão a pedir ao STF o arquivamento das investigações contra a dupla.



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