Lideranças políticas do Maranhão analisam cenário de impeachment contra Dilma
Política

Lideranças políticas do Maranhão analisam cenário de impeachment contra Dilma

Governador e parlamentares federais e estaduais comentam abertura do processo de impeachment da presidente por Eduardo Cunha

Com a aceitação do pedido de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), autorizada na noite de quarta-feira 2 pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se baseia na acusação de descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (as chamadas pedaladas fiscais), uma comissão de deputados será criada para emitir um parecer sobre a abertura efetiva ou não do processo de impedimento da presidente.

A decisão de Cunha foi anunciada no dia em que representantes do PT no Conselho de Ética da Câmara anunciaram que votarão pela continuidade do processo que pede a cassação do mandato do presidente da Casa, que é acusado de mentir à CPI da Petrobras por ter afirmado que não tinha conta bancária no exterior.

Diante do cenário de há aqueles que defendem e os que são contrários ao impeachment, o Atual7 buscou ouvir políticos de várias vertentes para entender o que cada um deles pensa sobre o caso que, como no restante do Brasil e do mundo, repercutiu em todo o Maranhão. Confira abaixo:

Flávio Dino (PCdoB)

Nem o Congresso, nem o Supremo, aprovarão ideia tão disparatada quanto esse impeachment sem base constitucional.

Só para uma coisa serve esse tumulto inconstitucional: dificultar o entendimento nacional que o Brasil precisa para sair da crise.

Inusitado que, em nome de combater as tais pedaladas fiscais, haja aceno e apoio para pontapés contra a Constituição e o Estado de Direito.

O Brasil precisa de estabilidade institucional, respeito à Constituição e de diálogo entre as forças políticas para sair da crise econômica.

Eliziane Gama (Rede)

Acho procedente. Não podemos fechar os olhos pro que está acontecendo no país. Tanto o processo do Cunha no Conselho de Ética, como Comissão Especial pro impeachment precisam funcionar normalmente.

Rubens Pereira Júnior (PCdoB)

Considero claro abuso de poder e desvio de finalidade do presidente da Câmara Eduardo Cunha, ao autorizar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, logo após ele ficar ciente que ele não teria os votos do PT para absolvê-lo no Conselho de Ética. É claro e notório que não passa de uma retaliação antidemocrática e autoritária.

Não há um rito definido pelo STF, que já barrou outras vezes e irá barrar desta vez, a retaliação de Eduardo Cunha. Reafirmo que vamos ingressar com um mandado de segurança para entrar junto ao Supremo a fim de barrar a decisão de Eduardo Cunha.

Iremos ao Supremo para garantir, em primeiro lugar, que seja definido um rito do julgamento, onde haja a previsão a ampla defesa, do devido processo constitucional, e só então, depois, é que iremos avaliar o mérito do pedido. Não há possibilidade de se processar sem antes ter um rito definido. Sem rito não há processo e tenho certeza que o Supremo, mais uma vez, irá barrar essa atitude do presidente Eduardo Cunha, que se transcreve em abuso de poder e um desvio de finalidade.

Wellington do Curso (PPS)

Minha opinião é que precisa ser averiguado. O Brasil precisa ser passado a limpo. O Brasil vive uma grande crise econômica, financeira e principalmente crise política e ética. Eu sou a favor de que possa ser averiguado, de que possa ser realmente investigado, para que nós possamos superar esse momento e ter a retomada do crescimento e da estabilidade no país.

Não podemos pensar em estabilidade jogando simplesmente a sujeita pra debaixo do tapete.

Andrea Murad (PMDB)

Estamos discutindo internamente e irei me pronunciar assim que o PMDB decidir qual posição adotará sobre o processo de impeachment da presidente Dilma, mas ressalto que estou preocupada com a deterioração das instituições nacionais, que se continuar pode provocar uma ruptura grave no país, com consequências imprevisíveis.

A presidente e o PT perderam todas as condições de governabilidade e é necessário uma ação política concreta para o livrar o país do caos em que se encontra. Sobre o impeachment, é uma questão que a Câmara dos Deputados irá deliberar porque é de sua competência exclusiva, e espero que o PMDB assuma uma posição que preserve os interesses da nação.

Que o PMDB vá de encontro aos anseios do povo brasileiro.

Rogério Cafeteira (PSC)

Não sou simpático ao PT e não gosto de Dilma, mas estamos num estado democrático de direito. Não existe até agora razão pra que ela seja "impeachmada". Seria um golpe!

Glalbert Cutrim (PRB)

O momento que estamos vivendo, acredito ser prejudicial uma mudança de governo. O certo seria reunir as "cabeças pensantes", os líderes de todos os setores, para que seja discutida uma maneira de alavancar o país. Não vejo motivos pra impeachment da Presidenta Dilma, mas defendo a união de quem quer o bem do Brasil para, juntos, driblarmos a crise. Somente desta forma, apontaríamos mecanismos concretos para enxugar a máquina administrativa e reestruturar a divisão do bolo tributário, refazendo e invertendo a pirâmide do pacto federativo e, desta forma, beneficiando, de fato, os municípios.

Zé Inácio (PT)

É totalmente arbitrária e revanchista a decisão do Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de acatar o processo de impeachment contra a Presidenta Dilma. O deputado mostra, desta forma, o seu total descompromisso com a democracia e a legalidade constitucional, agindo de forma irresponsável e infundada, em represália à decisão do PT de apoiar a admissibilidade da representação contra ele no Conselho de Ética.

Temos certeza que a Presidenta Dilma não vai recuar um milímetro da disputa política. Uma mulher que tem em seu histórico a luta incansável contra o regime militar, nas décadas passadas, não abaixará a cabeça diante das ações arbitrárias de quem não tem compromisso com o povo brasileiro, de quem possui conta no exterior e oculta do conhecimento público a existência de bens pessoais.

Para finalizar, parafraseio a Presidenta Dilma ao discursar na abertura do Congresso da CUT, neste ano:

"[...] Quem tem força moral, reputação ilibada e biografia limpa suficientes para atacar a minha honra? Quem?".

Este alguém, decerto, não é o Eduardo Cunha!".



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