Relatório da Polícia Federal relacionado à Operação Sermão aos Peixes, que investiga desvio de dinheiro público federal da Saúde no Maranhão, mostra que a PF – provavelmente devido a elevada distribuição de sinecuras a parentes de autoridades no governo Flávio Dino, do PCdoB – acabou confundido a enfermeira Keilane Silva Carvalho, amiga do secretário de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry Barroso, com a jovem Kellyanne Pontes Cordeiro, uma das filhas da prefeita de Chapadinha, Ducilene Pontes, mais conhecida como Belezinha (PRB).
A confusão se deu num trecho em que a Polícia Federal descreve um diálogo sobre pagamentos realizados no governo comunista a servidores fantasmas e pagamentos distintos a servidores que exercem a mesma função, entre a ex-subsecretária de Saúde do Maranhão, Rosângela Curado, e a coordenadora administrativa da Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Bem Viver – Associação Tocantina para o Desenvolvimento da Saúde, Karina Mônica Braga Aguiar, responsável pelos pagamentos a pessoas físicas e jurídicas contratadas para prestar serviços da Bem Viver ao Estado.
Nos áudios interceptados pela PF, com autorização da Justiça, Karina foi flagrada sendo cobrada por Curado a dar explicações sobre o super salário que a amiga de Márcio Jerry vinha recebendo da Oscip, o total de total de R$ 13.189,07, para exercer o cargo de coordenadora de Enfermagem da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Imperatriz. O caso foi denunciado pelo Atual7 em abril do ano passado. Ao inserir o nome de Keilane Carvalho no relatório, porém, os federais acabaram trocando e incluindo de forma curiosa o nome da filha de Belezinha, que chegou a ter uma sinecura semelhante, mas na própria prefeitura de Chapadinha, e com rendimentos menores que o de Keilane.
“KARINA conversa com ROSÂNGELA CURADO, subsecretária de saúde do Estado. No diálogo ROSÂNGELA pede explicações sobre o salário de 13 mil reais pago a enfermeira KELLYANNE PONTES CORDEIRO. O caso teve repercussão na mídia local no período e gerou constrangimento a equipe de gestão da secretária estadual de saúde, porque foi alegado que a enfermeira era apadrinhada do secretário de articulação MÁRCIO JERRY. O interessante é que KARINA afirma que fez vários pagamentos análogos e nunca teve problemas”, diz o trecho do relatório, confirmando que não somente a amiga do secretário de Assuntos Políticos, mas outras pessoas também recebiam [ou ainda recebem] super salários no governo Flávio Dino.
A Bem Viver, que começou a operar as contas da Secretaria de Saúde do Maranhão no governo Roseana Sarney, foi mantida por Dino até meados de agosto de 2015. A empresa só deixou de operar por não ter participado da licitação pública que selecionou as entidades sem fins lucrativos que passaram a ser responsáveis pela gestão dos serviços pública de saúde na rede estadual. Nos bastidores, há relatos de que havia um acerto entre um controlador da Oscip e o atual governo para que, em recompensa pela não participação na licitação pública na SES, uma outra empresa pudesse entrar no Estado para gerir outro tipo de serviço.
Procurada pelo Atual7 desde o início da operação para se manifestar sobre os trechos do relatório da Sermão aos Peixes que incriminam membros do governo Flávio Dino, a Polícia Federal informou por meio de sua assessoria de imprensa que não se pronuncia sobre investigações em andamento e que estejam com o inquérito revestido de sigilo.
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