Interferência de Sarney no Planalto segue gerando transtornos a Temer
Política

Interferência de Sarney no Planalto segue gerando transtornos a Temer

Crise teve início desde a aceitação do veto a Pedro Fernandes para o Ministério do Trabalho e a indicação de Fernando Segóvia para a chefia da PF

A interferência do ex-senador José Sarney (MDB-AP) no dia-dia do Palácio do Planalto, vetando e indicando ministros e ocupantes de outros cargos estratégicos, respectivamente, como os nomes do deputado federal Pedro Fernandes (PTB-MA) para o comando do Ministério do Trabalho e do delegado Fernando Segóvia para a diretoria-geral da Polícia Federal, continua gerando transtornos ao presidente Michel Temer.

Desde que seguiu os conselhos de Sarney para as tomadas de decisão em relação aos dois casos, o presidente da República vem perdendo a oportunidade de ter como única dor de cabeça a batalha pela aprovação da Reforma da Previdência pela Câmara. Não é certo afirmar, mas se tivesse dito não ao mandonismo de Sarney, provavelmente, Temer não estaria em franco desgaste e crise interna.

Somente durante o feriadão de Carnaval e Quarta-feira de Cinzas, por exemplo, o Palácio do Planalto amargou duas derrotas seguidas.

A primeira provocada por Fernando Segóvia haver falado demais e indicado, em entrevista à agência de notícias Reuters, que o inquérito contra o presidente Michel Temer — aberto para apurar denúncias de irregularidades na edição do Decreto dos Portos — seria arquivado. A segunda, mais recente, pela decisão da ministra Cármen Lúcia, que reiterou que cabe ao STF (Supremo Tribunal Federal), não ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), a palavra final sobre a moralidade da nomeação da deputada Cristiane Brasil, dona de folha corrida com condenações trabalhistas e que substituiu Pedro Fernandes na indicação do PTB, para o Ministério do Trabalho.

Embora o ex-senador negue ingerência tanto no veto ao comando do ministério, quanto na indicação para a chefia-geral da PF, políticos de seu entorno garantem que partiu dele a degola a Fernandes e o apadrinhamento a Segóvia.

Se o erro da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi o de não ter pedido conselhos a José Sarney, segundo apontou ele próprio em entrevista ao UOL, o erro de Michel Temer pode ter sido mais grave: ele ouviu e obedeceu Sarney.



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