O secretário estadual de Saúde, Carlos Lula, contrariou o governador Flávio Dino (PCdoB) quanto à possibilidade de retorno às aulas nas escolas da rede privada no Maranhão, a partir de 12 de maio próximo, quando termina a vigência do decreto editado pelo comunista há cerca de duas semanas.
Na segunda-feira 27, durante coletiva de imprensa, Dino relaxou de seus posicionamentos anteriores e disse que poderá deixar sob responsabilidade dos donos de escolas particulares e de pais de alunos a decisão sobre a retomada ou não das atividades. Essa mesma delegação, sempre segundo o governador, também poderá ser dada aos prefeitos de municípios de fora da Ilha de São Luís em relação à rede municipal de ensino. Apenas em relação à rede estadual, de acordo com Flávio Dino, não há previsão de retorno, em razão do funcionamento conjunto da rede, do calendário escolar.
“No que se refere à rede privada, peço que pais e escolas dialoguem entre si, porque não é uma decisão que caiba exclusivamente ao governador. Como pai, eu sei das minhas orientações, porém, é claro, que cada pai, cada mãe, tio, tia, avô ou avó, responsável por crianças e jovens, devem também refletir sobre o funcionamento ou não da rede privada de ensino. Isso depende, também, das próprias escolas”, afirmou.
Contudo, em entrevista à rádio Mirante AM, nesta quinta-feira 30, Carlos Lula disse que, ainda que a escola [particular] onde seus filhos estudam decida retomar as atividades, nenhum deles irá.
“Em relação à volta às aulas, eu sou pai de duas crianças. Ainda que a escola deles volte, eles não voltarão às aulas. Não há a menor condição da gente voltar as aulas com segurança, a não ser que a gente queira o contágio de forma descomunal de crianças, adolescentes e profissionais da educação”, disse.
Embora a resposta tenha sido de caráter pessoal, o titular da SES (Secretaria de Estado da Saúde) é responsável pela coordenação do Comitê Científico de Prevenção e Combate ao Coronavírus no Maranhão. A opinião dele, ainda que somente em relação à própria família, portanto, é baseada em dados e evidências que apontam para o risco descontrolado de contaminação pelo novo coronavírus, caso Flávio Dino não recue.
Esse risco foi confirmado pelo próprio Carlos Lula, na entrevista, ao dizer que o mês de maio será o pico de casos de Covid-19 no Maranhão.
“Não tem a menor condição em maio, pelo contrário vai ser o pico de casos no estado. O mês de maio será duríssimo. Se a gente conseguir passar maio, muito provavelmente a partir de junho, teremos a diminuição de pessoas contaminadas no estado. Nós não temos condição neste momento de voltar às aulas”, ressaltou.
No início da segunda semana de abril, após ser aconselhado pelo prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo, a buscar orientação de especialistas no combate à pandemia —conselho reforçado pelo deputado César Pires (PV), posteriormente— o governador garantiu que toma todas as decisões de enfrentamento ao novo coronavírus “baseado na ciência”.
Diante da situação externada por Carlos Lula, obrigatoriamente, Flávio Dino deve agora não apenas prorrogar o retorno das aulas nas redes pública e privada para somente depois de maio, mas também do comércio de serviços não essenciais, atualmente com previsão de reabertura para a partir da próxima terça-feira 5. Caso contrário, qualquer afrouxamento revelará que eventual descompasso com seu secretário de Saúde será mera decisão pessoal.
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