Flávio Dino cria factoide e polariza eleição em São Luís com Eduardo Braide
Política

Flávio Dino cria factoide e polariza eleição em São Luís com Eduardo Braide

Estratégia busca favorecer candidatos anilhados ao Palácio dos Leões, mas pode aumentar a preferência do eleitorado da capital pelo candidato do Podemos

Faltando menos de um mês para as eleições municipais de 2020, o governador Flávio Dino (PCdoB) atropelou a própria promessa de se manter neutro na disputa pela prefeitura de São Luís e entrou na campanha eleitoral de maneira peculiar: criando um factoide.

Para justificar uma polarização com o candidato do Podemos, Eduardo Braide, líder em todas as pesquisas de intenção de votos e com possibilidade de vitória no primeiro turno, o comunista divulgou como sendo atual uma publicação antiga do prefeiturável, em que aponta para o fracasso da parceria firmada entre as gestões de Dino e do prefeito da capital, Edivaldo Holanda Júnior (PDT).

“São Luís está abandonada... Essa é a frase que mais escuto na cidade. Buraco pra todo lado, falta o básico pra atender as pessoas nas unidades de Saúde, alunos sem aulas até hoje, professores desvalorizados... O governador elegeu o prefeito com a desculpa de continuar uma parceria por São Luís. Que parceria é essa, com a cidade completamente abandonada? São Luís foi enganada!”, publicou Braide no Facebook, em maio do ano passado.

Não satisfeito com o primeiro factoide, Dino emendou outro: gravou um vídeo no Palácio dos Leões, em que usou dados sobre obras e serviços de competência do Executivo estadual, que não foram feitos em parceria com a prefeitura, para contrapor as declarações de Braide feitas há mais de um ano e meio. Embora a pandemia ainda não existisse na época, até sobre o combate ao coronavírus Flávio Dino alegou.

“Amigas e amigos de São Luís. Infelizmente, eu recebi neste final de semana, por WhatsApp, uma postagem agressiva do candidato Braide contra mim. Dizendo que eu não fiz parceria com a cidade de São Luís, e que eu enganei a população. Esse ataque não é justo nem corresponde à verdade. Vocês sabes que eu sempre ajudei no que eu posso: no combate ao coronavírus; no hospital Aldenora Bello; na Policlínica do Cohatrac; com a construção de espaços como o Parque do Rangedor e a Praça da Cidade Operária”, leu o governador.

Mesmo tendo dez partidos aliados de Jair Bolsonaro —Progressistas (antigo PP), DEM, Republicanos (antigo PRB), Solidariedade, DC (antigo PSDC), PL (antigo PR), PROS, Patriota, Avante e PTB— encastelados ou no entorno do Palácio dos Leões e em sua base anilhada na Assembleia Legislativa, Dino citou apenas o Podemos, de Braide, como partido bolsonarista. No descontexto, o governador ainda insinuou possível boicote à capital em eventual gestão de Braide no Palácio de La Ravardière.

“Braide está junto ao que tem de pior na política brasileira. Acho que Braide, em vez de me agredir, deveria mostrar, com sinceridade, os seus parceiros, e explicar suas ações e omissões. Da minha parte, asseguro que vou seguir respeitando a população, e fazendo parcerias certas e honestas em favor de São Luís e das demais cidades do Maranhão”, concluiu a leitura.

Apesar do factoide do governador, Eduardo Braide deu uma resposta amedrontada e tratou o caso como fake news.

Com a polarização, o Palácio dos Leões espera que a população que ainda não decidiu em que votar escolha um dos candidatos próximos de Flávio Dino. Contudo, o efeito pode ser contrário, e Braide ganhar ainda mais musculatura e a preferência do eleitorado ludovicense diante do desespero do governador.



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