Sônia Guajajara diz que governo do MA precisa parar de empurrar responsabilidades em segurança pública e proteção ambiental
Política

Sônia Guajajara diz que governo do MA precisa parar de empurrar responsabilidades em segurança pública e proteção ambiental

Sempre sem citar Flávio Dino, líder indígena disse que fiscalização à exploração ilegal de madeira pela gestão estadual é totalmente ineficiente

A líder indígena Sônia Guajajara cobrou do Governo do Maranhão, sob Flávio Dino (PSB) desde 2015, que pare de empurrar ao governo federal responsabilidades que deveria assumir nas áreas de segurança pública e proteção ambiental. A cobrança foi feita em entrevista ao site Maranhão Independente, publicada nesta quinta-feira (22), em que também faz diversas críticas ao governo federal e diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Guajajara é da terra indígena de Arariboia, no Maranhão, e atual coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Ela foi candidata à vice-presidente da República em chapa puro-sangue do PSOL em 2018, ao lado de Guilherme Boulos.

“O Governo do Estado tem que assumir a responsabilidade de segurança pública e proteção ambiental, e não só empurrar pro Governo Federal, como sempre se fez. Se vê indígena como responsabilidade federal e se isenta do seu papel de proteger os direitos humanos. O Governo do Estado tem total responsabilidade de reduzir a violência, de garantir segurança nos territórios, como uma questão de política pública”, respondeu ao ser questionada sobre grilagem de terras e execução de camponeses e indígenas em terras maranhenses –mas sempre sem citar nominalmente Dino, de quem é aliada.

“A Secretaria Estadual do Meio Ambiente precisa ter um controle, uma fiscalização mais eficiente em relação à exploração ilegal de madeira. Os madeireiros circulam livremente pela cidade e, sabendo que é uma prática ilegal, não deveria ser permitido. Eles andam sem preocupação porque não tem nenhum órgão que aja para coibir essa atividade”, completou, arrematando que a fiscalização no Maranhão é “totalmente ineficiente”.

Segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra), o Maranhão lidera o ranking nacional de conflitos por terra. Dados de 2019 mostram que o estado teve 173 conflitos naquele ano, seguido pelo Pará (143) e Bahia (130).

Dentre os casos que mais chamam a atenção pela ausência da gestão estadual em assumir suas responsabilidades, há o das comunidades quilombolas no entorno do CLA (Centro de Lançamento de Alcântara) –cujo acordo de salvaguardas tecnológicas assinado por Brasil e Estados Unidos para permitir o uso comercial da base contou com forte apoio da base do governo Dino na Câmara dos Deputados.

Há ainda outros casos de situações de conflitos que confirmam o descaso do governo maranhense, como da comunidade do Cajueiro, em que famílias inteiras foram coagidas e expulsas de suas terras sob uso de força bruta do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Flávio Dino, e em que houve mortes de indígenas Guajajara por pistoleiros.

Foto: Brunno Carvalho



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