Weverton repete Dino, coopta aliados do Palácio dos Leões e pavimenta eleição para governador

Sem controle da própria gestão, Flávio Dino segue em silêncio sobre decisão por Carlos Brandão e cede espaço para pedetista crescer na disputa

Vestido em camiseta branca com os dizeres: “Hen hein!”, expressão maranhense que dentre outras coisas significa “cala a boca!” o senador Weverton Rocha (PDT) roubou a atenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e isolou o governador Flávio Dino (PSB) no jantar oferecido ao petista no último dia 18 no Palácio dos Leões, sede e residência oficial do chefe do Poder Executivo maranhense.

Sob o olhar atento de Lula, Weverton se destacou entre os presentes, comandou todos os diálogos e se portou e foi recebido como líder pela maioria esmagadora do grupo encastelado no Governo do Estado presente no evento.

A ordem dada por Weverton para que seja estabelecido silêncio tem sido rigorosamente obedecida por Dino. Mais de cinco meses depois de assumir para o núcleo central do governo que seu candidato ao pleito de 2022 é o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), o governador vem se mantendo publicamente calado a respeito da própria decisão.

Ante o medo de Flávio Dino e a falta de controle do governador maranhense sobre a própria gestão, o pedetista vem pavimentando com facilidade a estrada que leva ao Palácio dos Leões, com o apoio garantido de quase todos os partidos da base dinista, além de secretários de todos os escalões, classe empresarial e autoridades representantes de outros Poderes.

Politicamente mais forte que o próprio Flávio Dino mesmo com o socialista ainda sentado na cadeira de chefe do Executivo estadual, Weverton Rocha até mesmo já flerta com bolsonaristas de carteirinha adversários do governador maranhense, como o prefeito de Imperatriz, Assis Ramos (DEM), e a prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (PSDB).

A cooptação de Weverton é um repeteco do levou Dino ao poder em 2014, quando lideranças e demais aliados de Roseana Sarney (MDB), ante o pavor que a então governadora nutria por Flávio Dino, que até o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Maranhão já havia invadido tempos atrás para tomar satisfação com um juiz eleitoral, pularam de barco apostando na expectativa de continuarem no poder.

Assim como deu certo para Dino, a estratégia vem sendo decisiva para eventual vitória de Weverton na eleição do ano que vem.

Como o governador não tem coragem para despachar publicamente o pedetista e tomar dele e outros aliados dezenas de centenas de cargos no Governo do Maranhão, aparenta não confiar no sucesso eleitoral de Carlos Brandão nas urnas, fracassa na tentativa de reapadrinhar o ex-prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PSD) e não consegue convencer o PT nem Lula da viabilidade da candidatura do secretário Felipe Camarão (Educação) como cabeça da chapa majoritária, Dino agora vive sob o dilema de não poder mais se desincompatibilizar do cargo em abril de 2022.

Se deixar o cargo sem confirmar Brandão como seu único candidato, terá de disputar o Senado Federal fora da chapa governista ou qualquer outro cargo sem o apoio do Palácio dos Leões.

Weverton, por outro lado, com a candidatura em franca ascendência, segue ainda outro significado da expressão maranhense “Hen hein!”, que é “duvido do que você está falando”. Para não precisar ver para crer, tem preferido não arriscar, e já surfa no rumor de que seu braço direito político e sócio, Erlânio Xavier (PDT), pode concorrer ao Senado com ou sem Flávio Dino na disputa pela vaga.


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