Vice-prefeita Esmênia Miranda e o prefeito Eduardo Braide posam para foto em um gabinete oficial, sorrindo e segurando as mãos, com bandeiras ao fundo.

Câmara de São Luís aprova aumento de salário de Esmênia e secretários de Braide, mas mantém limite para servidores

Vice-prefeita reeleita e cúpula do Executivo terão salto no contracheque para R$ 22 mil a partir de 2025

A Câmara Municipal de São Luís aprovou em poucos minutos na última terça-feira (10), sem passar pela análise das comissões técnicas de Constituição e Justiça e de Orçamento, um projeto que reajusta em 51,72% o salário da vice-prefeita reeleita Esmênia Miranda (PSD) e em 76% o da cúpula do Executivo ludovicense, a partir de janeiro de 2025.

Atualmente, Esmênia recebe R$ 14,5 mil, em valores brutos, e o secretariado municipal, R$ 12,5 mil. Pelo texto, a partir do ano que vem, ambos terão um salto no contracheque, sem os descontos, para R$ 22 mil. Novos reajustes podem ocorrer anualmente.

O acordo para a aprovação relâmpago dos reajustes salariais no apagar das luzes da legislatura e às vésperas da eleição para a próxima presidência da Câmara envolveu amplo apoio, desde aliados do chefe do Palácio de La Ravardière até a oposição ao prefeito reeleito, comandada hoje pelo presidente da Casa, Paulo Victor (PSB).

O projeto ainda precisa de sanção de Eduardo Braide (PSD) e ser publicado no Diário Oficial. O impacto total nos cofres públicos — valor que precisará estar previsto no Orçamento do próximo ano, ainda não votado pelos vereadores — é desconhecido por ausência de um plano detalhando os efeitos financeiros do aumento, como origem dos recursos e comprovação de que não haverá comprometimento das metas fiscais.

Embora a iniciativa tenha partido formalmente do líder da gestão Eduardo Braide (PSD) na Câmara, Daniel Oliveira (PSD), o salário do prefeito permanecerá inalterado, em R$ 25 mil. A medida, porém, não deve servir para blindar o mandatário de críticas pela população, por carregar implicações práticas.

Pela Constituição Federal, o subsídio do chefe do Executivo define o limite salarial para o funcionalismo público, o chamado teto remuneratório. Com isso, categorias como auditores fiscais, que aguardam aumento, continuarão impossibilitadas de receber o reajuste esperado.

Essa dinâmica pode ser interpretada como uma estratégia indireta para induzir a opinião pública a não apenas aceitar, mas também defender com urgência o aumento dos subsídios de Eduardo Braide como algo legítimo, para que, assim, possa ser destravada a valorização salarial dos servidores públicos de São Luís.

Se sancionado por Braide, além de Esmênia e do secretariado do alto escalão da prefeitura, o aumento da remuneração também contemplará outros servidores do Executivo e até da própria Câmara, que, pela Lei Orgânica do Município, têm equiparação salarial com a de secretários municipais.

Assim, pela prefeitura, o benefício alcançará também o controlador-geral do município, o presidente da CPL (Comissão Permanente de Licitação), o procurador-geral do município, a chefe da Assessoria Técnica do prefeito e a chefe da Assessoria Especial do prefeito. Já pela Câmara, valerá para o chefe de Gabinete, o procurador-geral, o secretário executivo e o diretor de Orçamento e Finanças da Casa.

O último reajuste salarial feito à chefia e cúpula da Prefeitura de São Luís aconteceu em 2013, no início do primeiro ano da gestão Edivaldo Holanda Júnior.


Comentários

Uma resposta para “Câmara de São Luís aprova aumento de salário de Esmênia e secretários de Braide, mas mantém limite para servidores”

  1. A decisão da Câmara de São Luís de aumentar os salários da vice-prefeita e dos secretários municipais, mantendo o teto salarial limitado para outros servidores, traz implicações jurídicas e administrativas relevantes. A medida segue decisão do Tribunal de Justiça do Maranhão, que determinou que o subsídio do prefeito deve ser o teto salarial no município, corrigindo uma prática considerada inconstitucional.

    Do ponto de vista orçamentário, o aumento pode gerar pressão fiscal, especialmente devido ao percentual expressivo de reajuste concedido ao alto escalão. Essa decisão também afeta a gestão de pessoas, desvalorizando categorias essenciais como auditores fiscais e controladores, cujos salários serão reduzidos. Isso pode comprometer a eficiência administrativa e elevar a insatisfação interna.

    Além disso, a judicialização por parte dos servidores afetados já foi anunciada, sinalizando possíveis disputas legais futuras. Para mitigar esses impactos, seria recomendável reavaliar o orçamento, implementar um plano de valorização de carreiras e promover negociações diretas com as categorias prejudicadas, buscando uma solução mais equilibrada e sustentável.

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