O prefeito de Santo Inês, Felipe dos Pneus.

Gaeco pede que Felipe dos Pneus perca mandato ao fim de ação da Operação Tríade

Grupo de Combate às Organizações Criminosas solicita também as punições de prisão, perdimento de bens e pagamento de R$ 10,3 milhões por danos aos cofres públicos

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) do Ministério Público do Maranhão pediu que o prefeito de Santa Inês, Felipe dos Pneus (PP), perca o mandato caso seja condenado pelas acusações de lavagem de dinheiro, fraude em licitação, organização criminosa e crime de responsabilidade.

A punição, que inclui também até 50 anos de prisão, perdimento de bens, reparação por danos morais coletivos e o pagamento de R$ 10,3 milhões por prejuízo aos cofres públicos, só ocorreria no trânsito em julgado da ação penal a ser aberta caso a denúncia seja aceita pelo desembargador Nilo Ribeiro, relator do processo na Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Maranhão.

A denúncia foi apresentada no final do ano passado, no bojo do procedimento investigatório criminal relacionado à Operação Tríade, deflagrada pelo Gaeco em maio de 2023, durante o primeiro mandado de Felipe dos Pneus como prefeito de Santa Inês. À época, ele teve os bens bloqueados e chegou a ser afastado do cargo, mas conseguiu retornar ao posto e foi reeleito nas eleições de 2024.

Além do prefeito, outras 13 pessoas foram denunciadas, entre elas Thalihina Rodrigues de Carvalho e Antônio Barbosa de Carvalho, respectivamente, irmã e pai do gestor municipal, e os empresários Welker Carlos Rolim, da WR Comércio e Construção (atualmente registrada como Plano Construtora), e Antônio Francisco Rocha de Abreu, da Droga Rocha Distribuidora de Medicamentos.

O Gaeco indicou também três testemunhas a serem ouvidas na ação penal. Todas são pessoas envolvidas com a gestão municipal e transferências bancárias com indícios de lavagem de dinheiro.

Procurado pelo Atual7 por meio da assessoria da prefeitura e da defesa na ação penal, Felipe dos Pneus não retornou. A reportagem não conseguiu contato da defesa dos demais denunciados.

Na denúncia, o Gaeco apontou como elementos de prova, além de movimentações financeiras suspeitas e mensagens e arquivos trocados via WhatsApp, diversos documentos apreendidos pelos promotores do Ministério Público maranhense, no âmbito da Operação Tríade. Informações compartilhadas pela Polícia Federal, obtidas a partir de materiais apreendidos na Operação Free Rider, deflagrada em abril de 2022, também integram a denúncia como indícios dos crimes identificados.

“Foi possível confirmar os vínculos e a constituição de uma organização criminosa pelos investigados, os quais, com a utilização de empresas utilizadas para a fraude em procedimentos licitatórios no âmbito da Prefeitura de Santa Inês/MA, conseguiram promover o desvio de recursos públicos por meio da prática de manobras de ‘lavagem’ de capitais após as referidas contratações”, diz trecho.

O documento é assinado pelo procurador-geral de Justiça Danilo de Castro, chefe do Ministério Público maranhense, em razão da prerrogativa de foro de Felipe dos Pneus.

De acordo com a denúncia, o prefeito de Santa Inês estaria no topo da suposta organização criminosa, no posto de direção e liderança. O prejuízo aos cofres públicos, segundo a investigação, teria ultrapassado o valor R$ 55 milhões.

Ainda segundo a investigação, o dinheiro desviado, inclusive por meio de pagamento de contrato superfaturado em troca de propina, teria como destino a manutenção das necessidades básicas da população local, como aquisição de medicamentos e material de saúde.


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