O prefeito de Imperatriz, Rildo Amaral, com o irmão e agora secretário municipal de Saúde, Flamarion Amaral.

Irmão de prefeito vai controlar orçamento de R$ 387 milhões, segundo maior de Imperatriz para 2025

Rildo Amaral tem ignorado questionamentos sobre a nomeação de Flamarion Amaral para a Secretaria de Saúde. Ministério Público viu nepotismo em gestão anterior por emprego de familiares em secretarias

Flamarion Amaral, irmão do prefeito de Imperatriz, Rildo Amaral (PP), vai controlar um orçamento de mais de R$ 387 milhões previstos para a Semus (Secretaria Municipal de Saúde) para este ano.

O valor consta na LOA (Lei Orçamentária Anual) aprovada pelos vereadores em dezembro do ano passado, e fica abaixo apenas do previsto para a Semed (Secretaria Municipal de Educação) para 2025, quase R$ 391 milhões.

A nomeação do próprio irmão para comandar a Saúde de Imperatriz foi uma das primeiras medidas assinadas por Rildo Amaral em janeiro, quando tomou posse do cargo após campanha vitoriosa nas urnas sob a promessa de combater atos questionáveis do prefeito anterior, Assis Ramos (Podemos), incluindo suposta prática de nepotismo.

No cargo, além de controle sobre o orçamento multimilionário da pasta, ele tem poder de comando sobre servidores efetivos e comissionados, além de direito a benefícios como diárias, veículo oficial e combustível. Pela labuta, deve receber um supersalário de R$ 21 mil.

Flamarion Amaral é vereador reeleito de Imperatriz, município da Região Metropolitana do Sudoeste Maranhense. Segundo biografia divulgada no site da Câmara, atualmente filiado no PV, ele é enfermeiro e, antes de ter ocupado uma cadeira no Parlamento imperatrizense, foi vereador por dois mandatos em Buritirana, também localizado no Oeste Maranhense.

Desde o início de janeiro, o Atual7 tem questionado o prefeito Rildo Amaral sobre os critérios técnicos e administrativos adotados para a escolha do irmão para o cargo, e solicitado acesso ao currículo do novo secretário de Saúde de Imperatriz, mas não obteve resposta.

A reportagem registrou nesta quarta-feira (5) um pedido pela LAI (Lei de Acesso à Informação), e aguarda retorno. A Prefeitura de Imperatriz tem o prazo máximo de 30 dias para responder a solicitação, sob risco de Rildo Amaral responder por improbidade administrativa.

O nepotismo, termo usado para definir o uso de um cargo, por um agente público, para nomear ou favorecer parentes, é proibido por lei. Em tese, a nomeação do irmão pelo prefeito de Imperatriz não seria ilegal. Contudo, diante da ausência de informações sobre eventuais experiências anteriores em gestão pública, pode ser questionada, já que o cargo de secretário de Saúde exige habilidades administrativas além das técnicas de enfermagem.

De acordo com o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal), os cargos de secretariado são considerados indicações de natureza política e, portanto, não obedecem à lei antinepotismo, que proíbe nomeações de cônjuges ou companheiros dos administradores e parentes de até terceiro grau destes para cargos públicos no primeiro escalão.

Por outro lado, a Constituição determina que a administração pública deve ser conduzida pelos princípios da moralidade e da impessoalidade.

Foi com base nessa interpretação que, durante a gestão Assis Ramos, a prática de indicação de parentes a cargos de primeiro escalão em Imperatriz foi combatida pelo Ministério Público estadual e derrubada pela Justiça. Por esses princípios, embora a nomeação para cargos públicos de natureza política possa não configurar nepotismo, casos de ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral são considerados ilegais, além de também ferir o princípio da eficiência da administração pública.

Conforme mostrado pelo Atual7 à época, entre os interpelados por indícios de falta de qualificação para o exercício do cargo estão Janaína Ramos (Republicanos) e Italoelmo Ramos, respectivamente, então esposa e irmão de Assis Ramos (União), que deixou a prefeitura em dezembro de 2024, após dois mandatos.

Hoje deputada estadual, Janaína foi nomeada secretária municipal de Desenvolvimento Social quando virou alvo do Ministério Público, que apontou o ato como prática de improbidade administrativa. A ação aguarda desfecho no Tribunal de Justiça, após a primeira instância entender a saída dela do cargo, para assumir o mandato na Assembleia Legislativa, como motivo para encerrar o caso.

Já contra o irmão de Assis Ramos, uma ação popular resultou, em dezembro do ano passado, em determinação judicial para a exoneração dele do cargo. Além da saída da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, a decisão também ordenou a devolução aos cofres públicos de todos os valores recebidos por Italoelmo, no período da nomeação.


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