A deputada estadual Ana do Gás, durante sessão plenária na Assembleia Legislativa do Maranhão.

Saída de Ana do Gás do PCdoB implicará extinção de bloco com Solidariedade na Alema

Deputada é contrária à união do partido com opositores de Carlos Brandão. Regimento interno da Casa prevê que colegiado precisa ser integrado pelo mínimo de seis parlamentares para existir

Insatisfeita com o rumo tomado pelo PCdoB, que negociou com o Solidariedade a formação de um bloco parlamentar pragmático na Assembleia Legislativa do Maranhão, a deputada estadual Ana do Gás decidiu que sairá do partido.

A reação foi antecipada no último sábado (1º) aos jornalistas Clodoaldo Corrêa e Glaucio Ericeira, do programa Ponto Continuando, da 92.3 FM. Aliada do governador Carlos Brandão (PSB), a deputada tem sofrido resistência na legenda por não apoiar a união do PCdoB com opositores ao Palácio dos Leões.

“Fui contrária à formação deste bloco com o Solidariedade. Apenas recebi o comunicado do deputado Rodrigo Lago [indicado líder do colegiado] de que o partido iria compor com o Solidariedade. Farei, na próxima semana, um pronunciamento na tribuna da Casa relatando esta situação e comentando a minha decisão de deixar o PCdoB”, prometeu Ana do Gás.

Principal membro do chamado baixo clero, como são chamados deputados de pouca expressão que representam a maioria do Poder Legislativo, o PCdoB integrava o bloco Juntos pelo Maranhão, até então com 24 parlamentares. Atualmente, o partido possui quatro deputados na Alema: Rodrigo Lago, Ricardo Rios, Júlio Mendonça e Ana do Gás. O Solidariedade tem dois: Othelino Neto e Fernando Braide, este último recém-filiado à legenda.

O efeito prático dessa articulação é garantir poder de barganha ao bloco de centro-esquerda, intitulado Parlamento Forte, com direito à participação no colégio de líderes, mais tempo de fala nas sessões e estrutura de cargos comissionados, além de mais espaços nas comissões permanentes na Casa – principalmente na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), responsável por dar a palavra final à maior parte dos projetos antes da votação em plenário.

A saída de Ana do Gás do PCdoB, porém, deve barrar essa pretensão.

Pelo regimento interno da Assembleia Legislativa, as representações de dois ou mais partidos podem constituir um bloco parlamentar, desde que atingida a quantidade mínima de seis integrantes.

Ocorre que, se após a formação esse quociente for perdido, o bloco parlamentar é imediatamente extinto. Assim, quando o desligamento da deputada do PCdoB for oficializado, o partido ficará com apenas três deputados. Somados aos dois do Solidariedade, o grupo terá apenas cinco integrantes, número insuficiente para a formação de um bloco.

Com a extinção do bloco, ainda segundo o regimento, os partidos não poderão constituir ou integrar outro colegiado na mesma sessão legislativa, isto é, durante todo o ano de 2025. Além disso, eventuais espaços na composição das comissões, caso já tenham sido formadas, poderão ser revistos.

A rigor, o protagonismo dos partidos se resume à próprias bancadas. No caso do PCdoB e, principalmente, do Solidariedade, com as legendas fora de um bloco, essa atuação não teria força expressiva, devido à quantidade pequena de parlamentares em cada.

Ana do Gás está no PCdoB desde abril de 2016, tendo sido eleita pelo partido em dois dos três mandatos consecutivos de deputada estadual. Antes, foi filiada ao antigo PRB, hoje batizado de Republicanos.

Em março de 2024, ela chegou a deixar o PCdoB e filiar-se ao PT, do presidente Lula e do vice-governador Felipe Camarão, mas desfez o movimento logo depois, em abril, e retornou ao partido, após risco de perda do mandato por infidelidade.


Comentários

Uma resposta para “Saída de Ana do Gás do PCdoB implicará extinção de bloco com Solidariedade na Alema”

  1. Essa maluca vai acabar perdendo o mandato dela por infidelidade partidária. Como pode uma pessoa dessa se dizer comunista e defender um DESGOVERNO desse.

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