Em geral, a força de trabalho é composta pelas pessoas que estão ocupadas (trabalhando) e as desocupadas (as que estão desempregadas, mas a procura de um emprego). Assim, a força de trabalho é o somatório das duas situações: de emprego e desemprego. Portanto, quando há uma mudança na estrutura de ocupação, por exemplo quando há uma queda do nível de emprego, não há muita alteração na força de trabalho, uma vez que aqueles que perdem os empregos tornam-se desempregados (a procura de emprego) e, como a força de trabalho é o somatório das duas situações, uma queda em uma (no emprego) é compensada pelo aumento na outra (aumento do desemprego). Essa relação, perfeitamente natural, tem sido assim no Brasil e no mundo, favorecendo com que a força de trabalho não sofra grandes alterações. E isso é particularmente importante porque a força de trabalho é um dos grandes responsáveis pelo nível da atividade econômica.
No Maranhão, contudo, isso não acontece. Quando analisamos a variação do nível de ocupação (nível do emprego), percebemos que há uma estreita correlação com o nível da própria força de trabalho. Em outras palavras, a queda do nível de emprego no Maranhão é acompanhada, estreitamente, pela queda no nível da força de trabalho. Como visto acima, esse fenômeno não deveria ocorrer, em tese, por que, em geral à perda da ocupação, corresponderia ao aumento da desocupação, o que tornaria a força de trabalho (ocupados + desocupados) sem grandes alterações, exatamente como acontece no Brasil.
Isso sugere que, no Maranhão, os trabalhadores ao perderem emprego não migram, necessariamente, para o desemprego ou desocupação, mas para inatividade (ou seja, deixam de procurar emprego)! Assim, ao contrário do que acontece no Brasil, a queda do nível de emprego promove o aumento da inatividade no Maranhão, já que há uma queda da força de trabalho, reduzindo o crescimento potencial da força de trabalho.
Muito provavelmente, esse fenômeno é decorrente da estrtura de longo prazo do desemprego no Maranhão. No final de 2012, certa de 25% dos trabalhadores desocupados estavam à procura de emprego há mais de 2 anos. A partir de 2017 essa proporção vem aumentando sensivelmente, chegando ao final de 2019 a 38%!! Como boa parte dos desempregados permanecem durante muito tempo sob essa condição, muito provavelmente, essa estrutura desestimula a procura de emprego por parte daqueles que vão gradativamente perdendo postos formais de ocupação. Além disso, a maioria dos empregos gerados no período concentrou-se em empregos com baixa remuneração, demonstrando assim, um processo de desestruturação do mercado de trabalho maranhense nos últimos anos. Denotando, dessa forma, que os trabalhadores do Maranhão têm encontrado um mercado de trabalho cada vez mais difícil e não inclusivo, onde as oportunidades de emprego têm se tornado mais escassas e o mercado ainda mais precarizado, desencorajando a procura por emprego e reduzindo o nível de atividade econômica no nosso Estado.
Por essas e outras razões, no Maranhão, quem perde o emprego não se torna, necessariamente, um desempregado. Isso é extremamente curioso, para dizer o mínimo, já que nem as relações mais óbvias são tão óbvias por aqui.
*Doutor em Desenvolvimento, Professor do Departamento de Economia da UFMA
** Graduandos do Curso de Ciências Econômicas-UFMA
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