Acesa
Entidades apresentam diagnóstico de violências sofridas por mulheres rurais no Maranhão
Cotidiano

Pesquisa ouviu 231 mulheres com idade acima de 13 anos em diversas comunidades de 14 municípios do estado

A violência sofrida pela mulher camponesa no Maranhão vai além do ambiente doméstico e alcança também o seu trabalho, o modo de vida tradicional e a luta pela preservação ambiental e acesso aos recursos naturais. É o que aponta o Diagnóstico da Violência sofrida por Mulheres Rurais no Maranhão, que será apresentado nesta terça-feira 15, pela Acesa (Associação Comunitária de Educação em Saúde e Agricultura) e pela Rama (Rede de Agroecologia do Maranhão), com apoio do o Fundo de Ações Urgentes da América Latina e Caribe.

A apresentação do documento será em encontro virtual que reunirá mulheres e organizações ligadas à agroecologia, além de instituições de defesa dos direitos humanos, órgãos governamentais e da sociedade civil. O encontro iniciará às 14h.

A elaboração do documento é uma das ações da campanha “Com violência doméstica não há agroecologia” desencadeada pela Acesa e Rama, juntamente com o GT de Mulheres e apoio do Fundo de Ações Urgentes da América Latina e Caribe.

O objetivo do diagnóstico foi identificar as diversas formas de violações sofridas pelas mulheres no campo para denunciar e discutir a necessidade de soluções urgentes de combate à qualquer forma de violência contra a mulher também no ambiente rural.

A pesquisa foi feita por amostragem e envolveu uma série de reuniões, debates e entrevistas. Ao todo, foram entrevistadas 231 mulheres com idade acima de 13 anos em diversas comunidades de 14 municípios maranhenses.

Elas são de comunidades da área de abrangência da Acesa, Associação Agroecológica Tijupá, Assema (Associação em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão), Miqcb (Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu), CMTR (Coletivo de Mulheres Trabalhadoras Rurais) e do MST (Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra), todas vinculadas à Rama.

Nas entrevistas, as pesquisadoras utilizaram um roteiro baseado nas cinco categorias de violência classificadas pela Lei Maria da Penha com os tipos de abuso contra a mulher: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. “Além das violências classificadas pela Lei Maria da Penha, a pesquisa trouxe também dados da violência que a mulher do campo sofre em razão de sua luta e resistência pelos territórios e os bens comuns”, observa a representante da Rama, Ariana Gomes.

A partir do diagnóstico, Rama e Acesa buscam, além de alertar para as graves formas de violações sofridas pelas maranhenses no campo, que sejam discutidas políticas públicas de proteção, ações imediatas e efetivas de combate às injustiças, bem como a abertura de espaços de diálogos com o órgão de segurança pública do Estado, Ministério Público, Defensoria Pública, Movimentos Sociais, defensoras e defensores dos direitos humanos entre outros.

A campanha “Com violência doméstica não há agroecologia” está em curso desde o dia 19 de novembro, envolvendo 30 dias de ativismo nas redes sociais. O objetivo é chamar a atenção para a situação de agressões sofridas pelas mulheres nos espaços de produção e também no ambiente doméstico, ampliado também para as violações sofridas no ambiente de trabalha, conforme aponta a pesquisa.

Só no primeiro semestre de 2020, foram registrados 2.400 casos de violência contra mulheres, a maior parte ocorrida no ambiente doméstico, praticada por companheiros e ex-companheiros, segundo dados do núcleo especializado da DPE (Defensoria Pública do Estado) do Maranhão e 54 casos de feminicídio desde o início do ano. No Brasil uma mulher é agredida fisicamente a cada dois minutos, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020.

Foto: Arquivo / Acesa