Apruma
Apruma afirma que greve na UFMA continua e contesta decisão do SindUFMA
Maranhão

Associação dos Professores realizou assembleia e decidiu manter a paralisação; SindUFMA afirma que greve já foi encerrada

Em assembleia geral realizada na tarde dessa quarta-feira 30, a Associação dos Professores da Universidade Federal do Maranhão (Apruma) afirmou que a greve da instituição, iniciada no mês de junho último, continua pelo menos até a semana que vem. A Apruma contesta a decisão que foi tomada pelo Sindicato dos Professores das Universidades Federais do Maranhão (SindUFMA) durante assembleia realizada um dia antes, em que ficou decidido pela suspensão da paralisação e o retorno para as salas de aula. A UFMA, por sua vez, informa que as aulas serão retomadas este mês e que o calendário acadêmico já está sendo reformulado.

De acordo com o presidente da Apruma, professor Antônio Gonçalves, o SindUFMA não possui legitimidade necessária para decidir sobre o fim da paralisação da Universidade Federal do Maranhão. Gonçalves afirmou que na próxima segunda-feira 5 a Apruma se reunirá no Ministério da Educação (MEC) para tratar sobre as reivindicações da categoria e, na quarta-feira 7, os professores se reunirão novamente em assembleia para decidir se continuam ou não com a greve.

UFMA

Também ontem, a UFMA divulgou uma nota em seu site informando que as aulas da instituição retornarão este mês, por o SindUFMA e a Apruma terem decidido pelo fim da  fim da paralisação que já durava mais de 100 dias tanto no campus da UFMA do Bacanga quanto do interior do estado. Contudo, a Apruma ainda não havia decidido suspender a greve.

De acordo com a nota, a administração superior da UFMA já trabalha para o retorno das aulas, com elaboração de duas propostas de calendário acadêmico para serem votadas no Conselho Universitário. Segundo a pró-reitora de Ensino, Isabel Ibarra, o prazo para a conclusão do primeiro semestre 2015, interrompido com a greve, é de até 45 dias.

Saiba o que realmente diz o Regulamento Disciplinar do Corpo Discente da UFMA
Maranhão

Página apócrifa mantida por funcionário da Ascom da universidade falseou trechos do documento que se referem a deveres e proibições

A aprovação pelo Conselho Universitário (Consun) do Regulamento Disciplinar do Corpo Discente da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), resolução que determina direitos e deveres dos alunos, tem gerado debates e muita discussão no campus e nas redes sociais.

Trecho do Regulamento Disciplinar do Corpo Discente que regula a conduta dos alunos dentro da UFMA
Divulgação Normas aos alunos Trecho do Regulamento Disciplinar do Corpo Discente que regula a conduta dos alunos dentro da UFMA

Capitaneados por dois professores desmiolados ligados à Apruma e uma página apócrifa no Facebook administrada por um funcionário da Ascom da UFMA e estudante de Rádio e TV, identificado pelo Atual7 como Fernando Costa, um punhado de alunos alienados - a maioria dos cursos teatro e artes visuais - chegou a realizar, na sexta-feira (3), um protesto no Campus do Bacanga, contra o que acreditam ser a implantação de "ditadura" contra o direito de "liberdade de expressão" dos estudantes, além de “agressão à Constituição Federal do país”.

Dentre os pontos mais questionados pelos manifestantes, que acreditam que a UFMA não é uma instituição de ensino, mas a Casa da Mãe Joana, estão obrigações como "não portar ou fazer uso de bebida alcoólica no campus", "não fumar nas dependências da instituição", “não provocar ou participar de atos de indisciplina ou outras manifestações” e “portar-se de acordo com o princípio da ética e da moral”.

Para acabar com a dúvida de quem não teve acesso ao Regulamento Disciplinar, o Atual7 disponibiliza o documento na íntegra, e destaca o que realmente diz nos pontos polêmicos. (baixe o regimento discente)

Bebidas

Uma das proibições é a que trata do uso de bebida alcoólica dentro da UFMA. Longe da forma diminuída e falseada pelos professores e pela página apócrifa, o inciso VIII do artigo 5.º, das Proibições e Responsabilidades, diz que é proibido, dentro do campus, "portar ou fazer uso de bebidas alcoólicas, bem como de qualquer substância tóxica, entorpecentes que altere transitoriamente a personalidade, bem como armas e materiais inflamáveis, explosivos de qualquer natureza ou qualquer elemento que represente perigo para si ou para a comunidade acadêmica".

Sem muitas explicações, a universidade não é o Bambu Bar, e o rasgar de vestes dos professores Ariel e Sirliane Paiva tem lá suas razões: a Apruma é patrocinadora de calouradas do Diretório Central dos Estudantes (DCE), isto é, dá dinheiro para festas com bebidas alcoólicas.

Cigarros

Já o trecho em que fala sobre "não fumar nas dependências da instituição", o texto real é auto explicativo, e não deixa qualquer margem de erro ou dúvida sobre onde se pode e onde não se pode fumar dentro da UFMA. Também longe da forma diminuída e falseada, o inciso XI do artigo 5.º, das Proibições e Responsabilidades, diz que é proibido "fumar nas dependências da instituição na forma da legislação vigente", ou seja, em locais fechados, conforme lei antifumo sancionada pela presidente Dilma Rousseff, em dezembro de 2011, após ter sido aprovada no Congresso Nacional, e regulamentada em maio de 2014.

Manifestações

Sobre a parte em que os manifestantes venderam como "“não provocar ou participar de atos de indisciplina ou outras manifestações”, o documento diz, no inciso II do artigo 5.º, das Proibições e Responsabilidades, que é proibido "provocar ou participar de atos de indisciplina ou outras manifestações que perturbem a ordem", ou seja, a que atrapalhe quem não tem nada a ver com as manifestações ou delas não quer participar.

O exemplo maior desse tipo de manifestação ocorre quando, durante protestos, manifestantes impedem a entrada ou saída de alunos no campus, tirando o direito de ir e vir de outrem.

Moral, ética e vestimentas

Considerado o ponto mais polêmico, sobre o trecho em que os manifestantes da última sexta-feira apresentaram apenas como “portar-se de acordo com o princípio da ética e da moral”, o texto do inciso XIV do artigo 3.º, dos Direitos e Deveres, diz que são deveres dos integrantes do corpo discente “portar-se sempre de acordo com os princípios da ética e da moral”.

Em simples explicação, moral e ética são normas de conduta e de valores, que se aplicam de acordo com a sociedade e o ambiente onde se está inserido, garantindo, outrossim, o bem-estar social. Porém, como os estudantes que usaram roupas de banho para protestar no Campus do Bacanga entendem moral e ética apenas como vestir-se como alunos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, não adianta muito discutir sobre esse ponto, pois para se entender tradição, educação, hábito e inteligência, como disse Sócrates, se exige maior grau de cultura.

A bem da verdade, o inciso VIII do artigo 3.º, dos Direitos e Deveres, fala que é dever dos alunos "comparecer à Instituição e nela permanecer condignamente trajado", isto é, de forma condigna, proporcional ao mérito, valor, ao local onde estão, ou seja, a UFMA, uma instituição de tradição e de respeito, e não que se é obrigado a trajar-se com burca ou com roupas que não 'ofendam' outras pessoas.