Brasilhosp
Empresa de operador tem R$ 37 milhões em contratos com prefeituras
Política

Antes de propriedade, a BrasilHosp agora é apenas controlada por Luiz Marques Barbosa Júnior, um dos cabeças da quadrilha presa na Operação Pegadores

A Brasil Produtos Médicos e Hospitalares (BrasilHosp), que embora não seja mais de propriedade ainda é controlada por Luiz Marques Barbosa Júnior, pilhado na Operação Pegadores como um dos cabeças e operador da organização criminosa que assaltou mais de R$ 18 milhões dos cofres da rede pública estadual de saúde nos primeiros meses do governo Flávio Dino, firmou pelo menos 32 contratos com diversas prefeituras pelo Maranhão.

É o que aponta levantamento feito pelo ATUAL7 junto ao Sistema de Acompanhamento de Contratações Públicas (Sacop), do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Somente com a Prefeitura Municipal de Raposa, agora na administração de Thalyta Medeiros de Oliveira, a Talita Laci (PCdoB), foram 11 contratos, ao valor total de R$ 312.664,31.

Com a Prefeitura Municipal de Cândido Mendes, foram nove contratos com a gestão de José Ribamar Leite de Araújo, o Mazinho Leite (PP). Sete neste ano e dois no ano passado. Total: R$ 4.126.910,26.

Já com a Prefeitura Municipal de Alto Alegre do Maranhão, a BrasilHosp fechou dois contratos, um em 2016 e outro em 2017, totalizando R$ 3.463.130,07. O município é comandado pelo prefeito Emmanuel da Cunha Santos Aroso Neto, o Maninho de Alto Alegre (PDT).

As prefeituras de São Mateus do Maranhão e Presidente Juscelino também fecharam dois contratos com a BrasilHosp, cada. Com Hamilton Nogueira Aragão, o Miltinho (PSB), foi um em 2016 e outro em 2017, no total de R$ 822.527,47. Já no outro município, a celebração se deu apenas no ano passado, durante a gestão de Afonso Celso Alves Teixeira (PMN), tendo sido o maior dispêndio de todos: R$ 26.445.402,61.

Em alguns municípios, como Axixá, Cantanhede e Gonçalves Dias, a empresa operada por Luiz Júnior fechou pelo menos um contrato. O administrado pela prefeita Sônia Campos (PDT), foi fechado em R$ 320.294,72. O comandado por Marco Antônio Rodrigues de Sousa, o Ruivo (PSD), em R$ 1.064.299,76. Com Vilson Andrade Barbosa (PCdoB) o valor ficou em R$ 495.105,60. Os contratos de Axixá e Cantanhede foram fechados em 2017 e o de Gonçalves Dias em 2016.

Até mesmo com a prefeitura da capital a BrasilHosp fechou contratos. Foram três, mas de apenas R$ 133.377,44. Todos foram celebrados em 2015, no primeiro mandato de Edivaldo Holanda Júnior (PDT) na Prefeitura Municipal de São Luís.

Outro lado

O ATUAL7 procurou todas as prefeituras municipais, desde a semana passada, por meio dos e-mails e formulários de contato informados em seus sites oficiais, e solicitou um posicionamento a respeito dos contratos firmados com a BrasilHosp.

Até o momento da publicação desta matéria, porém, nenhuma delas retornou.

Pegadores: operador de Orcrim atuava também como agiota
Política

Investigadores encontraram quase 100 cheques das empresas BrasilHosp e V. P. Santos num cofre do médico Mariano de Castro Silva

A força-tarefa da Sermão aos Peixes deve abrir uma linha de investigação para apurar a atuação do médico Mariano de Castro Silva, operador da organização criminosa que assaltou mais de R$ 18 milhões da saúde no governo Flávio Dino, na Máfia da Agiotagem.

Durante a deflagração da Operação Pegadores, há cerca de suas semanas, agentes da Polícia Federal encontraram quase uma centena de folhas de cheques num cofre na residência de Mariano, em Teresina (PI), revelando que o operador da Orcrim mantinha também uma linha de crédito paralela com empresas que prestam serviços para a saúde pública estadual e do município de Coroatá, ambos onde ele era lotado, além do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) do Maranhão.

Uma dessas empresas é a Brasil Produtos Médico e Hospitalares (BrasilHosp), controlada pelo ex-superintendente de Acompanhamento da Rede de Serviço da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Luiz Marques Júnior. De posse de Mariano, foram encontradas nada menos que 30 folhas de cheques emitidos pela BrasilHosp, cada um no valor de R$ 10,5 mil.

A outra é a Márcio V. P. Santos – ME, que tem como proprietário Márcio Vinícius Portugal Santos, filho do atual secretário de Saúde de Coroatá, Vinicius Araújo. Da V. P. Santos, foram encontrados 59 folhas de cheques, cada um no valor de R$ 20 mil.

Aos todo, as 89 folhas de cheques das duas empresas somam quase R$ 1,5 milhão, e se estendem até março de 2021.

Nos bastidores, já se comentava sobre a atuação de Mariano no esquema de agiotagem desde quando ele ainda era lotado na saúde municipal de Caxias, quando os cofres da cidade ainda eram controlados pelo presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado Humberto Coutinho (PDT) — que se encontra fora do cargo em tratamento de saúde.

Há rumores, inclusive, de que, além de operar com empresas que ainda prestam serviços para o Governo do Estado e para alguns municípios maranhenses, Mariano Silva teria emprestado dinheiro também para alguns deputados da atual legislatura, e até mesmo efetuado alguns pagamentos para esses parlamentares.

Pegadores: Justiça decreta prisão preventiva de Luiz Junior e Mariano Silva
Política

Investigados desviaram dinheiro da saúde até dois dias antes da operação da PF. Lavagem de dinheiro estava sendo por meio da MT Gás e Brasilhosp

O juiz Márcio Sá Araújo, da 12ª Vara Federal, respondendo pela 1ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Maranhão, decretou, nesse sábado 25, a prisão preventiva dos investigados Luiz Marques Barbosa Júnior e Mariano de Castro Silva, presos pela Polícia Federal na 5ª fase da Sermão aos Peixes, deflagrada no último dia 16, denominada Operação Pegadores.

Ele atendeu a pedido feito pela PF, diante da nova descoberta de que Luiz Júnior e Mariano Silva também operaram no desvio de recursos da rede pública estadual de saúde por meio da MT Gás Ltda - EPP, onde são sócios.

Segundo documentos encontrados pelos federais, a MT Gás recebeu dinheiro afanado da saúde, até dois dias antes da deflagração da operação, por intermédios da Quality Serviços Médicos Ltda e do Instituto de Serviços Médicos e Consultoria Ltda (ISMC).

Ambas são apontadas pela força-tarefa como empresas de fachada e controladas pelo próprio Mariano para lavagem de dinheiro.

Uma outra empresa, a Brasilhosp - Brasil Produtos Médicos e Hospitalares, de Luiz Júnior, também operava no esquema. De acordo com os federais, a participação Brasilhosp se dava por meio do clico de lavagem do dinheiro público desviado dos cofres da saúde por meio dos pagamentos feitos à MT Gás.

Superintendente de Saúde do MA transfere empresa para a sogra e a mãe para evitar execução
Política

Luis Barbosa Júnior foi condenado pelo TCE-MA a devolver mais de 7 milhões desviados dos cofres públicos

Documentos obtidos com exclusividade pelo Atual7 mostram que o ex-secretário de Saúde do município de Coroatá, Luís Marques Barbosa Júnior, emplacado no governo estadual como superintendente de Redes da Saúde Estadual pela subsecretária de Saúde do Maranhão, Rosângela Curado, transferiu a propriedade de uma empresa de produtos médicos e hospitalares para a sogra e a própria mãe, dias antes de ser condenado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Maranhão a devolver mais de R$ 7 milhões aos cofres públicos, além do pagamento de multa, de valor de pouco mais de R$ 700 mil, com os acréscimos legais incidentes, em razão das irregularidades apontadas no Acórdão PL-TCE n.º 874/2013.

A estratégia, segundo juristas ouvidos pela reportagem, é configurada, em tese, como crime de fraude contra credor, e está previsto no artigo 171, II de nosso Código Civil. Por irônica coincidência, esse é o mesmo número do artigo, no Código Penal, que trata de estelionato, que acontece quando alguém ilude outra pessoa para conseguir se apropriar de um bem seu.

De CNJP n.º 15.377.501/0001-69, a Brasilhosp sofreu alteração contratual no dia 5 de dezembro de 2012, quando Luis Barbosa Júnior e sua esposa, Vanessa Valeria Lago Brasil Barbosa, foram retirados da sociedade, e sua sogra, Silvia Maria Lago Brasil, e a sua mãe, Marlene Faria Barbosa, foram admitidas como as novas sócias da empresa. Elas seriam apenas laranjas.

Além de transferir a sociedade da Brasilhosp para a sogra e a mãe em tentativa de evitar a execução da cobrança judicial imposta pelo TCE-MA pelas maracutaias com dinheiro público, há suspeitas de que a transferência da empresa para as familiares também beneficiariam Luis Barbosa Júnior na celebração de contratos com a SES.

Abaixo, a alteração contratual da sociedade empresária da Brasilhosp:

Documento mostra que superintende de Redes da Saúde transferiu seus poderes na Brasilhosp para a sogra e a mãe, próximo à condenação imposta pela TCE-MA
Atual7 171 Documento mostra que superintende de Redes da Saúde transferiu seus poderes na Brasilhosp para a sogra e a mãe, próximo à condenação imposta pela TCE-MA
Documento mostra que superintende de Redes da Saúde transferiu seus poderes na Brasilhosp para a sogra e a mãe, próximo à condenação imposta pela TCE-MA
Atual7 171 Documento mostra que superintende de Redes da Saúde transferiu seus poderes na Brasilhosp para a sogra e a mãe, próximo à condenação imposta pela TCE-MA