Apesar do governador Flávio Dino insistir em dizer que todo mundo no Maranhão que não reza sua cartilha é mentiroso, e que somente ele diz a verdade, o padre Claudio Bombieri, que há 32 anos trabalha com índios no Maranhão, usou o seu blog pessoal para confirmar o desequilíbrio emocional do governador Flávio Dino, do PCdoB, durante reunião do Comitê de Combate à Tortura, nas dependências do Palácio dos Leões.
O assunto foi revelado pelo Atual7 na manhã desta sábado (27).
De acordo com o o clérigo, a reunião com a Pastoral Carcerária do Maranhão e outras entidades ligadas aos Direitos Humanos ocorria em sua normalidade, até o comunista ser confrontado pelo padre Roberto Perez Cordova, que não concordou sobre o governo escamotear os números reais do Sistema Penitenciário do Maranhão.
Conforme atestou a Carta Aberta da própria Pastoral Carcerária, "o governador não aguentou as afirmações do coordenador e investiu contra ele. Sem controle emocional declarou que o coordenador da pastoral carcerária não conhecia a história do Estado, que o que afirmava era uma manifestação política sem senso crítico, que ele estava insinuando que no governo dele não tinha havido mudanças, e outras pérolas que deixaram os presentes boquiabertos".
Em um dos trechos, Bombieri revela que "nem babões e nem críticos tiveram a ousadia de acrescentar algo".
Abaixo, a íntegra do texto de Claudio Bombieri, com gripo do próprio padre:
Deu a louca no Governador do Maranhão?
Terminou agora, de tarde, uma reunião entre o governador da Maranhão Flávio Dino, secretários e funcionários do Palácio e várias entidades ligadas aos Direitos Humanos tentando unificar esforços jurídicos e políticos para combater a tortura no Estado. O governador se demonstrou aberto e sensível para tanto, inclusive propondo projetos de leis que punam de forma rigorosa os agentes que praticam a tortura e a repressão. Tudo parecia proceder de forma serena quando o governador quis se exibir ensaiando auto-elogios à sua própria administração. Começou dizendo que nas penitenciárias e delegacias do Estado não é mais como antes. Mudou tudo e para melhor, claro. Não há mais mortos e nem torturados nas nossas cadeias maranhenses. Agora, segundo ele, existem defensores públicos para os presos e também professores. Algo que faz inveja aos alunos dos melhores colégios particulares da capital. Foi diante disso que o coordenador da pastoral carcerária do Maranhão, que lá estava, não se agüentou e com contundência afirmou o contrário. Disse em alto e bom som que nada daquilo era verdade. Que ele visitava sistematicamente as prisões do estado e os maus tratos e a repressão continuavam do mesmo jeito que antes. O governador não agüentou as afirmações do coordenador e investiu contra ele. Sem controle emocional declarou que o coordenador da pastoral carcerária não conhecia a história do Estado, que o que afirmava era uma manifestação política sem senso crítico, que ele estava insinuando que no governo dele não tinha havido mudanças, e outras pérolas que deixaram os presentes boquiabertos. Nem babões e nem críticos tiveram a ousadia de acrescentar algo. Um silêncio constrangedor se apossou do ambiente. Só uma representante de uma entidade da sociedade civil se permitiu dizer, timidamente, que também no governo atual aconteceram mortes nas prisões, e também fugas. O clima se tornou mais pesado. É mesmo verdade que quando uma pessoa que tem um alto conceito de sua própria imagem, um simples arranhão pode colocá-lo numa situação de perder o tino. De um governador que se considera inteligente se esperava que oferecesse, no mínimo, dados concretos para provar que o que o coordenador estava dizendo não era verdade. Preferiu reagir como todos os ‘pequenos ditadores’ quando algum súdito se atreve a lhe dizer que não é afirmando sempre a mesma mentira que ela tornar-se-á verdade, mas encarando com realismo o que ainda falta para que o ‘reinado’ seja para todos!