Emílio Borges Rezende
Sermão aos Peixes: Bonfim manda restituir bens de Ravik Barros
Cotidiano

Advogado é suspeito de ajudar o empresário Emílio Rezende a dilapidar seu patrimônio

O juiz responsável pela Sermão aos Peixes em primeira instância, Luiz Régis Bonfim Filho, da Seção Judiciária do Maranhão no TRF (Tribunal Regional Federal ) da 1ª Região, mandou a Polícia Federal devolver os bens do advogado Ravik de Barros Bello Ribeiro, alvo de busca e apreensão na Operação Abscôndito II, deflagrada em outubro do ano passado, simultaneamente à Operação Peixe de Tobias. A decisão, mantida sob segredo de Justiça, é de setembro último.

Ravik Barros entrou na mira da maior operação de combate à corrupção e desvio de recursos públicos federais destinados a saúde no Maranhão, tanto sob a gestão de Roseana Sarney (MDB) quanto de Flávio Dino (PCdoB), após suspeitas de obstrução de Justiça.

Natural de São Luís (MA), ele é filho do desembargador federal Cândido Ribeiro e sobrinho do também desembargador Ney Bello, ambos do TRF-1, ao qual a Justiça Federal do Maranhão está submetida. Ex-sócio do advogado e desembargador aposentado do TRF-1, Fernando Tourinho Neto, no escritório Bello Ribeiro e Tourinho Neto Advocacia, que funciona em Brasília (DF), atualmente, atua no escritório Bello Ribeiro Advogados Associados, onde é sócio-fundador, também com sede do Distrito Federal.

Segundo os investigadores, Ravik Barros é suspeito de haver ajudado seu cliente, o empresário Emílio Borges Rezende, preso provisoriamente por três vezes no âmbito da Sermão aos Peixes, a dilapidar o patrimônio e desrespeitar uma decisão judicial ao transferir os imóveis para o próprio defensor. Rezende é apontado nas investigações como um dos donos e diretor da Organização Social (OS) Bem Viver – Associação Tocantina para o Desenvolvimento da Saúde e o Instituto de Desenvolvimento; da RD Tecnologia Comércio e Serviços Ltda; e da Cobra (Centro de Oncologia Brasileiro).

Na decisão que, à época, autorizou a busca e apreensão, Régis Bonfim também determinou o sequestro e indisponibilidade de 10 imóveis que Ravik teria recebido de Emílio Rezende, sob alegação de pagamento de honorários – mesmo após, diz a PF, a realização de pagamentos anteriores pelos serviços advocatícios.

A negociação suspeita, de acordo com laudo pericial da Polícia Federal, supera o valor de R$ 4 milhões, se considerados os valores de mercado dos bens.

Dono da Bem Viver, Emílio Rezende se entrega à policia em Imperatriz
Política

OS é apontada pela Polícia Federal como integrante do suposto esquema criminoso que teria desviado mais de R$ 1,2 bilhão dos cofres da SES

Emílio Borges Rezende, um dos donos e diretor da Organização Social (OS) Bem Viver – Associação Tocantina para o Desenvolvimento da Saúde e o Instituto de Desenvolvimento, se entregou à polícia, na manhã desta terça-feira 24, em Imperatriz. Acusado de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro, ele era considerado foragido da Justiça desde o início da semana passada. A informação é do Blog do Holden Arruda.

Emílio é um dos arrolados no inquérito da Polícia Federal que, durante a Operação Sermão aos Peixes, investigou a suposta organização criminosa que teria desviado, segundo a PF, mais de 1,2 bilhão de reais do Fundo Nacional de Saúde por meio do modelo de terceirização da gestão da rede de saúde pública no Maranhão. O esquema, criado no governo José Reinaldo Tavares, foi mantido pelos dois governos posteriores, de Jackson Lago (PDT) e Roseana Sarney (PMDB), e também abocanhou dinheiro público no governo atual, do comunista Flávio Dino.

A Bem Viver, inclusive, foi quem empregou uma amiga do secretário de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry Barroso, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Imperatriz, com um super salário. O caso foi revelado pelo Atual7.

Informações, ainda preliminares, apontam que Emílio Rezende teria conseguido um habeas corpus, razão pela qual se apresentou à polícia. Ele teria comparecido ao 3º Batalhão de Polícia de Imperatriz acompanhado por um advogado de Minas Gerais, de nome ainda não identificado.

Além da Bem Viver, também faz parte da suposta Orcrim a Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Instituto Cidadania e Natureza (ICN) e o Instituto de Apoio à Cidadania (Idac). Por conta da permanência desses institutos no governo Flávio Dino, apesar da Sermão aos Peixes ter focado apenas nos anos de 2010 a 2013, o atual titular da SES, o médico Marcos Pacheco, também foi investigado pela Polícia Federal e descoberto em diálogos que apontam para suposta participação na quadrilha. Um novo inquérito deve ser aberto e uma nova operação deve ser deflagrada pela PF.