Jhonatan Almada
‘Análise foi técnica não política’, diz reitor do IEMA sobre críticas à escola pública de São Luís
Política

Jhonatan Almada disse ao ATUAL7 que não se referiu à prefeitura e nem a Edivaldo Holanda Júnior. Pedetista foi eleito e reeleito sob apadrinhamento de Flávio Dino

O reitor do IEMA (Instituto Estadual de Educação Tecnológica), Jhonatan Almada, disse ao ATUAL7 que foi mal entendido quanto as críticas feitas à escola pública municipal de São Luís. A capital é administrada desde 2013 pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), eleito e reeleito sob apadrinhamento de Flávio Dino (PCdoB).

“A análise foi técnica não política, os problemas não são culpa de um prefeito ou governo, mas de desenho da política educacional, não ataco pessoas, apenas expus minha opinião. Fui mal entendido”, garantiu.

Em artigo intitulado “A escola que não ensina”, publicado no Jornal Pequeno dessa sexta-feira 29, Almada arremata, com base em dados do Censo Escolar de 2018, que “a escola pública municipal de São Luís é uma tragédia”. “Sem livros, sem esportes, sem ciência, sem tecnologia e sem inclusão. É essa escola que serve às 3,8 mil crianças matriculadas na creche, 9,3 mil da pré-escola e as mais de 65 mil no ensino fundamental”, escreveu no artigo.

Apesar de, no próprio artigo, já esclarecer que não se deve culpar “os professores, os gestores” e nem os “técnicos” da SEMED (Secretaria Municipal de Educação) pelos problemas, o reitor do IEMA foi duramente espinafrado pelo deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), eminência parda do governo comunista. “Não há soluções simplistas nem mágicas para se resolver todos os problemas em nosso sistema educacional. Em São Luís e no Maranhão há muitos e importantes avanços que análises mancas, descontextualizadas e exibicionistas não enxergam”, repreendeu, em postagem no Twitter.

Também rebateu o artigo o secretário estadual da Educação, Felipe Camarão, mas sem grosserias e parabenizando a parceria feita entre Flávio Dino e Edivaldo Holanda Júnior na área da educação. “Os problemas da educação do nosso estado são estruturais e vem de décadas. Precisamos de esforços conjuntos, contínuos e de governos sucessivos, independentemente de ideologias políticas, para superar as dificuldades que encontramos. (...) Certamente os resultados virão!”, publico na rede social.

Questionado pelo ATUAL7 sobre o censura que vem sendo exposto, o reitor do IEMA alegou que não se referiu a prefeitura e nem ao prefeito Edivaldo Júnior no artigo. “Os problemas que me referi são complexos e não podem ser atribuídos a alguém especificamente, veja no artigo, não falei Prefeitura ou prefeito, pois isso não cabe, além de ser deselegante fulanizar”, disse.

Sobre como Flávio Dino recebeu a análise sobre a escola pública atualmente gerida pelo afilhado, Jhonatan Almada demostrou tranquilidade, garantido que o governador não deve ter se importado. “Penso que o governador não tem nada a ver com o artigo e ele tem assuntos relevantes demais para se ocupar com isso”, respondeu.

Também questionado, Almada rebateu a informação que vem sendo disseminada pelo entorno do Palácio dos Leões por alguns envolvidos com a eleição para o Executivo da capital em 2020, de que o artigo teria sido uma estratégia envolvendo o deputado federal Bira do Pindaré (PSB-MA), pré-candidato a prefeito de São Luís e responsável pela indicação do reitor para o IEMA. “O deputado Bira está na conferência nacional do PSB e nunca tratou comigo sobre meus artigos de opinião. Nunca vi Bira atacando alguém, nem nunca me pediu algo parecido com isso”, garantiu.

Governo presta informação falsa sobre convênio com evento de Paulo Ramos
Política

SECTI informou que não assinou qualquer convênio com o CONPEDI. Site da entidade e da PPGDIR desmentem informação

O governo Flávio Dino prestou uma informação falsa sobre um convênio assinado entre a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) e a diretoria do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (CONPEDI), para a realização do XXVI Congresso da instituição, em São Luís.

¦ Baixe a resposta da SECTI com informação falsa sobre convênio com o CONPEDI ¦

O evento está previsto para acontecer entre os dias 15 a 18 de novembro de 2017, e tem como um dos organizadores o coordenador do Mestrado em Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Paulo Roberto Barbosa Ramos, titular da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Tributária e Econômica de São Luís. Paulo Ramos é o autor da denuncia que tornou réus na Justiça a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) e mais dez investigados – entre eles ex-secretários de Estado – por um suposto rombo superior a 410 milhões de reais nos cofres públicos por meio de esquema fraudulento de concessão de isenções fiscais pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) a empresas. Ele foi denunciado ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por suposta violação à ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, por ter afirmado que combinou estratégias do processo com Cristiana Ferraz, a juíza do caso.

No dia 9 de novembro último, o ATUAL7 solicitou, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), cópia do convênio assinado entre a SECTI e o CONPEDI para a realização do congresso. Ao responder o pedido, o governo informou que não houve a assinatura de qualquer convênio, e que a previsão para que o ato aconteça é janeiro de 2017. “Em resposta a sua solicitação referente ao Termo de Cooperação Técnica com a CONPEDI, gostaríamos de informar que o convênio não foi assinado e há uma expectativa para ser assinado em 2017-1”, diz a SECTI .

Contudo, segundo publicação da página do próprio CONPEDI e do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGDIR) da UFMA, o convênio foi assinado entre as partes no dia 14 de outubro deste ano, nas dependências da própria universidade.

noticia-convenio-secti-conpedi-ppgdir-ufma-2
noticia-convenio-secti-conpedi-ppgdir-ufma

As publicações informam, ainda, que estiveram presentes no ato de assinatura do convênio o presidente e o secretário-Executivo da instituição, respectivamente, Raymundo Juliano Feitosa e Orides Mezzaroba; o promotor Paulo Ramos; o vice-reitor da UFMA, Fernando Carvalho; e o titular da SECTI, Jhonatan Almada. Como mostra a imagem em destaque, até foto de Almada assinando o Termo de Cooperação Técnica, que viabiliza a liberação de recursos para a realização do congresso, foi feita no ato.

“No dia 14 de outubro do corrente ano, foi assinado Termo de Cooperação Técnica entre o Governo do Estado do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, e o CONPEDI. O referido termo viabiliza a liberação de recursos para a realização do XXVIII Congresso do CONPEDI, o qual ocorrerá na cidade de São Luís-MA em dezembro de 2017”, diz trecho da publicação no site da PPGDIR.

Improbidade

Pela Lei de Acesso à Informação, servidores públicos que não prestarem as informações solicitadas, prestar informações falsas ou não apresentarem justificativa legal poderão sofrer sanções administrativas e até ser processados por improbidade administrativa. A denúncia, de acordo com o texto da LAI, deve ser formulada ao Ministério Público do Maranhão e ao Poder Legislativo estadual.

Embora já tenha recorrido da resposta prestada com falsa informação pela SECTI, o ATUAL7 representará o secretário Jhonatan Almada na Assembleia Legislativa do Maranhão. O caso também será denunciado à Promotoria Geral de Justiça (PGJ) e, ainda, à Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa do MP-MA.