Lagoa da Jansen
Adriano Sarney esquece Lagoa da Jasen e denuncia poluição de rios e praias na capital
Política

Parlamentar é filho do deputado federal Zequinha Sarney, que operou quase U$ 80 milhões em 2001 para a despoluição da lagoa

O deputado estadual Adriano Sarney, do PV, aparentou ter entrado num surto psicológico na sessão legislativa dessa quinta-feira 13, quando ousou usar a tribuna para denunciar a poluição dos rios e praias na região da Grande Ilha de São Luís e, especificamente, comentar sobre a fotografia de uma mancha escura detectada na Praia do Calhau, que viraliza nas redes sociais há cerca de dois dias.

Com gestos e semblante de alguém revoltado e chocado com a poluição do meio ambiente e o descaso do poder público, Adriano afirmou que a mancha evidenciou um problema que há muito estaria acontecendo na Ilha de São Luís, e que, diante do gravidade do problema, não se poderia tapar o sol com a peneira.

Filho do deputado federal José Sarney Filho, o Zequinha (PV-MA), o integrante verde da bancada da Oposição no Legislativo maranhense, porém, tapou - ou se fez mesmo de tapado.

Há 14 anos, durante o segundo governo de sua tia, Roseana Sarney (PMDB), um dos maiores e mais bonito cartões-postais de São Luís, a Lagoa da Jansen, foi usada pelo pai de Adriano Sarney para, em conluio com a peemedebista e a empreiteira baiana Coesa, promover a dilapidação dos cofres públicos em quase 80 milhões de dólares, por meio de uma transação que envolveu o Ministério do Meio Ambiente, cujo titular era o próprio Zequinha.

O dinheiro, que deveria ter servido para o saneamento e a despoluição no fedorento cartão-postal ludovicense, chegou a ter seu destino investigado pelo Tribunal de Conta da União (TCU), que sumiu com o processo e até hoje não o julgou.

Por coincidência, na mesma época, conforme denunciou mais tarde a ONG Wikileaks, Roseana e seu esposo Jorge Murad, o Jorginho, abriram a conta bancária da off-shore Coronado no banco suíço Julius Bär, filial das Ilhas Cayman, e movimentaram cerca de 150 milhões de dólares.

Embora fosse ainda apenas um filhote da oligarquia na época, hoje representante do Parlamento estadual, o neto do coronel mais longevo do país, desde o início da Legislatura, não subiu a tribuna para reclamar do mau cheiro que exala do local até hoje, nem da falta de estações de tratamento para evitar que o esgoto dos prédios de luxo que cercam o local seja despejado in natura na Lagoa, e muito menos usou a força do mandato para pedir explicações ao TCU sobre o paradeiro do processo que investiga onde o seu pai aplicou o dinheiro público.