Murais da Memória
Mural em homenagem a mestre Leonardo, do Boi da Liberdade, será concluído nesta quinta-feira
Cotidiano

Um documentário também será produzido durante a confecção dos murais, que iniciou em abril e vai até agosto

O artista Gil Leros finaliza na tarde desta quinta-feira (22) o grande mural em homenagem ao mestre Leonardo, um dos fundadores do Tambor de Crioula e do Boi da Liberdade, em São Luís.

A obra é parte das ações do projeto “Amo, Poeta e Cantador: Murais da Memória pelo Maranhão” que em 2021 vai homenagear dez personalidades do Bumba meu Boi do Maranhão.

O mural que está sendo finalizado no Centro de Saúde da Liberdade, em homenagem ao mestre Leonardo, começou a ser construído no início desta semana. Outros três murais serão construídos em São Luís e outros seis em Axixá, Cururupu, Barreirinhas, Guimarães, Viana e São José de Ribamar.

Documentário

Um documentário também será produzido durante a confecção dos murais, que iniciou neste mês de abril e vai até o mês de agosto. Além de falar sobre o projeto e a merecida homenagem que o mesmo está fazendo a amos, poetas e cantadores, o documentário vai contar um pouco da história, tradição, trajetória, sotaques e sobre algumas das grandes personalidades do Bumba meu Boi do Maranhão.

O projeto “Amo, Poeta e Cantador” é uma realização do Bumba meu Boi da Floresta, com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Benfeitoria, e do SITAWI.

Mestre Leonardo

Leonardo Martins dos Santos, mestre Leonardo, comandou o Boi e o Tambor da Liberdade por mais de 40 anos. Nasceu em Guimarães, em 06 de novembro de 1921, e morreu em São Luís, no dia 24 de julho de 2004, aos 82 anos. Começou a dançar Boi e Tambor aos 08 anos de idade, mudando-se para o bairro da Liberdade, em São Luís, aos 19 anos.

Antes de fundar seu próprio grupo, brincou no Boi de Mizico (Hemetério Raimundo Cardoso), na Vila Passos, do sotaque de zabumba. Então, em 1956, Leonardo, ao lado de João Abreu, Popó, Romário, Virício e Sebastião Barbeiro, funda o Boi da Liberdade.

O artista Gil Leros

Gilmartim Meneses da Silva, mais conhecido no meio artístico como Gil Leros, nasceu em Tucuruí (1985), no Pará, e mudou-se para São Luís aos 13 anos. No fim dos anos 90, teve contato com a cultura Hip Hop local, passando à prática do graffiti nos muros da cidade, dando início ao aprimoramento das suas técnicas de pintura e comunicação visual, por meio de atividades voltadas à arte de rua.

Na juventude, estudou Arquitetura e Urbanismo, o que agregou uma nova visão de urbanismo, e enveredou seus trabalhos também para as intervenções urbanas e o uso da arte na valorização dos volumes arquitetônicos e na requalificação urbana. Ao longo do tempo, estendeu suas habilidades artísticas a outras áreas, sempre envolvendo sua identidade plástica a vertentes como arquitetura, música, fotografia e movimentos culturais da cidade.

O artista possui projetos em andamento, como o “Mural Natural”, “Amo, Poeta e Cantador”, e “Mete o amor, forte!”, com técnica e produção artística singulares, o que o leva a ser um singular personagem no que diz respeito à estética e à representação de sua cidade. Carrega consigo uma identidade urbana inconfundível e repleta de possibilidades, unindo a trajetória pessoal, o saber fazer do graffiti e as manifestações culturais do Maranhão.

‘Murais da Memória’ fará homenagem a poetas, amos e cantadores de bumba meu boi em seis cidades do Maranhão
Cotidiano

As obras são assinadas pelo artista Gil Leros

A manifestação cultural do Bumba meu Boi do Maranhão terá ainda mais representatividade a partir do mês de março. O tradicional Boi da Floresta, de Apolônio Melônio, produzirá, com o apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), ‘Murais da Memória’ em seis cidades do Estado, para homenagear cantadores, amos e poetas maranhenses, que detêm o saber sobre a festa, ilustrando os seus rostos em lugares públicos.

O projeto “Amo, Poeta e Cantador: Murais da Memória pelo Maranhão” realizou, entre os meses de outubro e dezembro do ano passado, uma campanha no modelo Machfunding para angariar recursos para a realização do projeto. Nele, as doações feitas pelos apoiadores foram triplicadas numa parceria entre a Benfeitoria, o BNDES, e o SITAWI Finanças do Bem, havendo a adesão de dezenas de pessoas físicas e jurídicas em todo o Brasil. Pessoas que agora fazem parte desse sonho.

‘Murais da Memória’ já tem o seu curso definido, com parada obrigatória nas cidades de Axixá, Cururupu, Barreirinhas, Guimarães, Viana, São José de Ribamar e São Luís. A confecção dos murais, com a produção também de um documentário sobre o projeto, está prevista para acontecer entre os meses de abril a agosto de 2021. Serão 10 murais, sendo quatro deles na capital maranhense. Entre as personalidades que serão homenageadas pelo projeto, estão Nadir Apolônio, do Boi da Floresta; Francisco Naiva, do Boi de Axixá; Calça Curta, do Boi da Maioba; Marcelino, do Boi de Guimarães, e Leonardo, do Boi da Liberdade.

A obra é assinada pelo artista Gil Leros, que conta com uma equipe de produção dedicada, que trabalha incansavelmente para a concretização desse sonho. “O contato com uma obra fotográfica em 2015, fez nascer em mim o desejo de construir murais da memória pelo Maranhão. Na realidade, o sonho é bem maior, e espero um dia concretizar; que é confeccionar murais em cada estado brasileiro”, declara o artista.

Gil Leros diz que o seu maior anseio, e de toda equipe organizadora do projeto “Amo, Poeta e Cantador”, é promover o reconhecimento às personalidades que fazem do Bumba meu Boi uma das maiores expressões culturais do Estado, atraindo turistas de todo o Brasil e de outras nacionalidades. “Acreditamos, ainda, que o uso da arte urbana do graffiti possa atrair o olhar da juventude maranhense, que, em sua grande maioria, não mantém muito contato com essa manifestação cultural, que é nossa, e precisa ser preservada”, completa.

História documentada

Os grupos de Bumba Bois são divididos em sotaques, que fazem referência aos estilos, formas e expressões diferenciadas. Entre os sotaques, estão: Matraca (ou Ilha), Zabumba (ou Guimarães), Orquestra, Costa-de-Mão (ou Cururupu), e sotaque da Baixada (ou Pindaré). Cada sotaque tem características próprias, que se manifestam nas roupas, na escolha dos instrumentos, no tipo de cadência da música, e nas coreografias.

“Amo, Poeta e Cantador” é um projeto que pretende, além de homenagear, documentar a história de poetas, amos e cantadores de Bumba Meu Boi do Maranhão. As figuras dos amos, poetas e cantadores têm como função liderar e embalar a brincadeira com suas toadas, sendo pessoas simples, que dedicam suas vidas à cultura popular do Maranhão; e por isso merecem atenção e reconhecimento pelos seus feitos em vida.

A realização do projeto permitirá o contato constante da população com a obra artística a céu aberto que, por meio do graffiti, fará memória ao Bumba meu Boi para além do ciclo junino, bem como democratizará o acesso ao processo da obra e às histórias dos personagens que compõem o patrimônio, a partir do registro de todo esse processo em um documentário, que será disponibilizado nas plataformas digitais de audiovisual.

Bumba Boi da Floresta

Como patrimônio cultural, a manifestação do Bumba meu Boi do Maranhão insere-se na realidade do Estado de maneira a constituir fortemente a identidade coletiva da população, sendo constante sua presença nas festas juninas. Assim, no intuito de promover ainda mais sua importância, o projeto “Amo, Poeta e Cantador” vai homenagear alguns dos seus principais representantes em cidades maranhenses.

O Boi da Floresta, além de proponente, é um dos homenageados do projeto. Fundado em 12 de março de 1972, o Boi da Floresta nasceu por ideia de Apolônio Melônio, um dos brincantes do Maranhão mais antigos e respeitados pela sua experiência e vivência na fundação de vários grupos de boi, desde quando começou, ainda moço, em 1926.
Este boi representa o ritmo dos bois da região da Baixada Maranhense, chamado sotaque de Pindaré ou da Baixada – região onde o seu fundador nasceu, mais precisamente na cidade de São João Batista. Traz como estilo e vestimenta, os chapéus bordados, enfeitados de pena de ema, o personagem do cazumba, e um ritmo mais cadenciado e lento.
O grupo tem 150 componentes – mulheres, homens, crianças, jovens e adolescentes – divididos em atores, dançarinos e cantadores. O Bumba meu Boi da Floresta tem ainda um trabalho de formação com crianças e adolescentes, desenvolvendo atividades de bordado, confecção de careta cazumba, chapéus e instrumentos de percussão.

O artista Gil Leros

Gilmartim Meneses da Silva, mais conhecido no meio artístico como Gil Leros, nasceu em Tucuruí (1985), no Pará, e mudou-se para São Luís aos 13 anos. No fim dos anos 90, teve contato com a cultura Hip Hop local, passando à prática do graffiti nos muros da cidade, dando início ao aprimoramento das suas técnicas de pintura e comunicação visual, por meio de atividades voltadas à arte de rua.

Na juventude, estudou Arquitetura e Urbanismo, o que agregou uma nova visão de urbanismo, e enveredou seus trabalhos também para as intervenções urbanas e o uso da arte na valorização dos volumes arquitetônicos e na requalificação urbana. Ao longo do tempo, estendeu suas habilidades artísticas a outras áreas, sempre envolvendo sua identidade plástica a vertentes como arquitetura, música, fotografia e movimentos culturais da cidade.

O artista possui projetos em andamento, como o “Mural Natural”, “Amo, Poeta e Cantador”, e “Mete o amor, forte!”, com técnica e produção artística singulares, o que o leva a ser um singular personagem no que diz respeito à estética e à representação de sua cidade. Carrega consigo uma identidade urbana inconfundível e repleta de possibilidades, unindo a trajetória pessoal, o saber fazer do graffiti e as manifestações culturais do Maranhão.