Orlando Silva
Fala de Orlando Silva não afeta aliança entre PCdoB e PT em São Luís
Política

Em entrevista à Folha, pré-candidato a prefeito de SP disse que ‘o PT é parte do passado’. Para Márcio Jerry e petistas ouvidos pelo ATUAL7, contexto local é outro

Apesar da iminente ruptura na tradicional aliança entre PT e PCdoB na capital paulista, exposta pelo pré-candidato comunista à prefeitura, Orlando Silva, nessa quarta-feira 12, ao dizer em entrevista à Folha de S.Paulo que o partido do ex-presidente Lula “é parte do passado”, em São Luís, as conversas para a oficialização da aliança das legendas em torno da pré-candidatura de Rubens Pereira Júnior (PCdoB) não foram afetadas.

É o que garantem ao ATUAL7 petistas e o presidente do PCdoB no Maranhão, deputado federal Márcio Jerry.

Militante histórico do PT, o secretário de Direitos Humanos do Maranhão, Chico Gonçalves, defende que a fala de Orlando Silva não pode ser atribuída ao próprio PCdoB.

“Orlando Silva expressa um ponto de vista pessoal; não é o ponto de vista do PCdoB. Pra ocupar espaço, faz uma disputa tacanha e ingênua. Não é possível, pensar e articular alternativas democráticas para o país sem o PT e Lula. De nossa parte, continuamos valorizando a aliança estratégica com o PCdoB. O único passado que precisamos deixar pra trás é o autoritarismo e as picuinhas”, disse.

A mesma defesa é feita por Cricielle Muniz, embora pré-candidata do PT ao Palácio de La Ravardière. Além de duvidar da entrevista publicada pela Folha, para reforçar a aliança entre as legendas, ela recorda que Silva integrou os governos Lula e Dilma Rousseff, e que, atualmente, o PT comanda pastas do primeiro escalão do governo Flávio Dino (PCdoB).

“Se o Dep. Orlando falou realmente isto, acho lamentável e um equívoco, pois nós sabemos a importância do PT e do PC do B para a luta democrática no país. A nossa aliança não é com pessoas, é pelo Brasil e pelo povo brasileiro. O PC do B, integrou os governos do PT no nível federal e nós integramos o governo aqui Estado”, declarou.

Para Márcio Jerry, que é coordenador da pré-campanha de Rubens Júnior, a fala do correligionário deve ser analisada apenas no contexto da atuação situação eleitoral da capital paulista.

“Deputado Orlando Silva falou num dado contexto, avaliando situação da cidade de São Paulo; Eu acho que o PT de fato é parte do passado, e isso é bom; mas é também parte importante do presente e sem dúvida alguma parte do futuro; PCdoB e PT tem relação antiga, de décadas, com divergências e convergências, mas quase sempre em alianças”, defendeu.

A garantia de que a fala de Orlando Silva não afetou o diálogo entre PT e PCdoB em São Luís também pode ser confirmada pelo fato de que, também ontem, o vereador petista Honorato Fernandes participou de uma reunião entre Rubens Pereira Júnior e lideranças partidárias sobre as eleições 2020 na capital, como mostra a imagem em destaque. Fernandes, inclusive, além de fazer parte da base de apoio ao comunista, está entre os cotados para ser o vice de Rubens Júnior.

Flávio Dino lança programa que turbinou caixa e políticos do PCdoB em R$ 880,6 milhões
Política

Criado em 2004, esquema comunista no programa Segundo Tempo operou até na verba do fornecimento de lanche para crianças carentes

O governador Flávio Dino lançou, no final da tarde dessa quarta-feira 21, na Sala de Reunião do Palácio dos Leões, o Segundo Tempo, programa do governo federal destinado a promover o esporte em comunidades carentes após o turno escolar e nas férias, mas que acabou sendo transformado num dos maiores esquemas de corrupção do pais, com cobrança de propina, contratação de empresas fantasmas para fornecimento de lanche para crianças e desvio de dinheiro público para os cofres do seu partido, o PCdoB.

Parido pelas hostes comunistas em 2004, quando o hoje deputado federal Orlando Silva - aquele que confessou em rede nacional que Dino já disputou eleição sob a tutela de José Sarney e na foto em destaque toma sorvete com o governador - ainda era secretário-executivo do Ministério dos Esportes. Ao assumir o controle da pasta, Silva amolou o foice e pregou com o martelo comunista que o partido, para integrar a base de sustentação do governo Dilma Rousseff, do PT, não abriria mão do ministério, cobiçado pelo PMDB. Cedida a chantagem, foi como botar uma raposa pra vigiar um galinheiro.

Além de gerar dividendos eleitorais, o programa virou arma política e passou a ser utilizado em larga escala como instrumento financeiro do Partido Comunista do Brasil, por meio de contemplações milionárias a entidades ligadas direta ou indiretamente a legenda.

De acordo com levantamento feito pela ONG Contas Abertas, só em 2004 e 2005 os convênios para o Segundo Tempo foram acima da casa dos R$ 100 milhões. Em 2004, foram R$ 44,4 milhões; em 2005, R$ 64,6 milhões. Já em 2006, ano em que Orlando Silva assumiu o Ministério dos Esportes, o Segundo Tempo recebeu R$ 109,9 milhões; em 2007, R$ 102,5 milhões; 2008, R$ 143,6 milhões; 2009, R$ 112,7 milhões; 2010, R$ 184,9 milhões; e 2011, até 31 de outubro, R$ 118 milhões.

Propinagens e pixulecos

Atordoada com a repercussão negativa em massa do escândalo de corrupção em reportagens da grande mídia nacional - como G1, Veja, Estadão, Folha de S.PauloJornal do Brasil, Correio Braziliense, R7Fantástico, Época, Gazeta do Povo, O GloboUol, Último Segundo, Terra, Poder Online, Zero Hora e Brasil 247 -, a presidente Dilma resolveu suspender os convênios com todas as entidades, secando a mão comunista que afanava os recursos públicos por meio do esquema fraudulento, fato que chegou a ser noticiado até pela rede britânica BBC.

Semelhante ao que caminha para ocorrer no Maranhão, onde um esquema de propinagem no governo também foi denunciado, em 2012, quase um ano após toda a máfia do PCdoB no programa Segundo Tempo ter sido supostamente desmontada, o ex-ministro dos Esportes Orlando Silva acabou sendo inocentado e o processo contra ele foi arquivado pela Comissão de Ética da Câmara dos Deputados "por absoluta falta de provas".

A justiça tarda, mas...

Como sempre há uma luz no fim do túnel, porém, em junho deste ano, a Justiça de São Paulo acatou as conclusões do Ministério Público estadual e investigações da Polícia Federal que apontaram para vários tipos de fraudes na execução do  Segundo Tempo. Por lá, o esquema do PCdoB atuou por meio de licitações para a compra de material esportivo e lanches para as crianças.

As licitações, segundo a denúncia do MP-SP acolhidas pela Justiça, eram direcionadas para empresas de fachada. Em decorrência, as compras não eram entregues nas quantidades pagas, e a diferença em dinheiro era desviada. Outra fraude ocorreu por meio monitores e matriculados fantasmas no Segundo Tempo. Corrigidas, as devoluções do dinheiro desviado só em São Paulo chegam a R$ 13,5 milhões.

Diante do histórico nebuloso, vale aguardar - e investigar - se no Maranhão, caso o esquema vermelho atue por aqui, se Flávio Dino também vai ser obrigado pela Justiça a devolver alguma coisa, além de ser preso.