Pelo menos dois fatos descobertos pela Polícia Federal no bojo da Operação Pegadores, 5ª fase da Sermão aos Peixes, apontam para a eminência parda do secretário estadual de Comunicação e Assuntos Políticos, Márcio Jerry Barroso, no, até agora, maior esquema de desvio de dinheiro público já desbaratado no governo do PCdoB, de Flávio Dino.
O primeiro vínculo direto de Jerry, segundo interceptações da PF, aparece num diálogo entre os investigados Benedito Silva Carvalho, um dos chefões do Instituto Cidadania e Natureza (ICN), e Josefa Equitéria Gonçalves Muniz Farias, lotada na Assembleia Legislativa do Maranhão e funcionária fantasma no esquemão da saúde.
Em dado momento da conversa, quando Benedito revela preocupação sobre a presença de Quitéria, como é conhecida a servidora, em uma das folhas fantasmas, ela responde textualmente:
— Não, mas se tiver não tem problema não, nem se preocupe porque isso aí o Pacheco sabia, na época foi acordado com ele com o Jerry… tudo, entendeu? [Se refere a Marcos Pacheco e Marcio Jerry] — diz.
O segundo vínculo direto de Márcio Jerry com o esquemão da saúde se dá por meio de sua cunhada, Lenijane Rodrigues da Silva Lima.
De acordo ainda com a PF, Jane, como é conhecida a cunhada de Jerry, é quem controlava a famigerada lista dos mais de 400 fantasmas que furtaram dinheiro público, além de fazer parte dela.
“Os referidos diálogos, somados aos de índice 5970824 (fls. 146/147), 5976901 (fls. 41/42) e 6161442 (fls. 142/143), cujos trechos revelantes foram colacionados à representação, constituem indícios suficientes de que LENIJANE RODRIGUES DA SILVA, então assessora técnica da Subsecretaria de Estado da Saúde, chamada JANE nas conversas, controlava o envio das listas de pagamentos de pessoal que permitia a consumação dos pagamentos ilícitos investigados”, ressalta a PF na representação culminou com a deflagração da Operação Pegadores.
Salvo se Quitéria tenha mentido no diálogo com Benedito e Jane tenha sido sinecurada no governo e assumido o comando da relação dos fantasmas por mão de outra pessoa —o que deve ser esclarecido por ambas quando convocadas a depor na Superintendência da PF no Maranhão —, o braço direito do governo Flávio Dino já está na mira da força-tarefa da Sermão aos Peixes, podendo inclusive ser um dos alvos de uma investigação em andamento sobre lavagem de dinheiro e ocultação de bens.