Yuri Almeida

Não é a toa que o secretário de Articulação Política e Assuntos Federativos, Márcio Jerry Barroso, detém o cargo extraoficial de primeiro-damo, eminência parda ou mesmo governador de fato do Maranhão.

Além de uma amiga, a esposa, o ex-marido da esposa, os irmãos e também um primo, Jerry vem formando o maior cabide de empregos já visto no poder público estadual, emplacando no governo do PCdoB até mesmo as cunhadas, todas em cargos de alto escalão.

Uma delas é Clícia Romênia Galvão Teixeira Barroso. Ela é casada com João Francisco Gomes Barroso Filho, e foi emplacada no pomposo cargo de diretora administrativa do Hospital de Alta Complexidade do Maranhão “Dr. Carlos Macieira”.

Para evitar ser relacionada ao cunhado, Romênia Galvão, como gosta de ser chamada a esposa de João Filho, teve o sobrenome Barroso omitido no ato de nomeação, manobra retificada posteriormente. Muito posteriormente.

A outra cunhada do secretário de Articulação Política do governo Flávio Dino é Lenijane Rodrigues da Silva Lima, mais conhecida apenas como Jane. Casada com o irmão caçula de Jerry, Silas André Saraiva Gomes Barroso, ela foi empregada como Assessor Técnico da Subsecretaria da SES. André Barroso, como em todo e velho governo formado por raposas, não ficou de fora também foi empregado pelo irmão, no cargo de assessor especial III na Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra).

Apesar da demora, quem também foi privilegiada com uma gorda sinecura foi Katiane Chaves, esposa de João Haroldo Saraiva Barroso, irmão do secretário de Articulação Política do governo.

Katiane foi empregada pelo cunhado como coordenadora administrativa da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Timon. A boquinha foi dada via Instituto Corpore, terceirizado que opera nos serviços de saúde de baixa, média e alta complexidade em três Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e cinco hospitais estaduais do Maranhão, por meio de um termo de parceria com a Secretaria do Estado de Saúde.

Brecha para empregar parentes

Apesar da imoralidade ser a mesma praticada pelos governos de Roseana Sarney, antecessora de Flávio Dino, todos os empregos para as cunhadas, irmãos e esposa encontram amparo legal por meio de uma brecha na Súmula Vinculante n.º 13 do Supremo Tribunal Federal (STF), que trata da farra de nepotismo na esfera pública.

Para serem consideradas ilícitas, as sinecuras teriam de ser feitas na pasta comanda pelo próprio Márcio Jerry ou da esposa Joslene Rodrigues. Como as boquinhas foram espalhadas todas em pastas diferentes, e sob comando de não parentes de Jerry, mesmo popularmente sendo apontadas como nepotismo descarado, acaba não se enquadrando na Súmula do STF. Uma verdadeira manobra de rato de dinheiro público.