Reportagem especial produzida pelo Metrópoles, portal de notícias do Distrito Federal (DF), percorreu três estados (Maranhão, Acre e Sergipe) que tiveram a pior nota no Enem em 2013, 2014 e 2015 para entender a que ponto de abandono precisa chegar uma escola para ser taxada como “a pior do Brasil”.
No Maranhão, a unidade de ensino médio visitada foi o colégio Aluísio Azevedo, que funciona na zona rural do município de Jatobá. A unidade – anexo de Cachimbo, instituição matriz que fica na região urbana do município – teve a menor média nas provas objetivas do Enem em 2014. Segundo um funcionário da regional, “essa escola é como filho que pai colocou no mundo, mas não cria”.
A visita ao Aluísio Azevedo, diz o Metrópoles, aconteceu há exatamente uma semana, dia 7 de novembro. A gestora da região, Geralda Alves, concordou em receber a equipe e mostrar o espaço, mas, no dia do encontro, sem avisar, chamou um ônibus e levou todos os alunos da escola para a sede, mais bem cuidada e apresentável aos olhos da imprensa.
Os estudantes, porém, questionaram essa atitude, tomaram posse da chave da filial do Aluísio Azevedo e convidaram a reportagem para pegar o ônibus de volta a Cachimbos. Na unidade, mostraram o que o governo estadual – responsável pelo ensino médio – gostaria de esconder: a situação só piorou desde 2014 e está longe de ser uma “Escola Digna”.
“Antes, o colégio ficava em um prédio um pouco melhor. O lugar onde está hoje é emprestado pelo município e tem menos condições ainda que o anterior de abrigar as turmas. Já sugeri que arrumassem um ônibus para levar os meninos para a sede, mas os gestores da região dizem que não é possível”, admitiu à reportagem o diretor da unidade, Reijunior Soares.
Os alunos do anexo de Cachimbos são agricultores, em maioria. Depois de trabalhar o dia inteiro, eles vão ao colégio à noite para tentar aprender, mas lá não encontram sequer iluminação adequada. Há duas lâmpadas fracas em cada sala e sempre há disputa para sentar debaixo do único ventilador do local, onde a temperatura ultrapassa os 40°C com facilidade.
Não há internet, computador e nem carta chega ao bairro. A limpeza também é um problema: não existe funcionário para desempenhar a função, que fica por conta de uma voluntária da comunidade. Banheiros ficam dias sem ver água. Sem biblioteca, os poucos livros didáticos ficam jogados no chão, em um corredor. Como não há salas suficientes, parte das aulas é dada no pátio.
“A gente se sente humilhado numa situação como essa. Trabalho por boa vontade, com fé na mudança, mas tenho até que reaproveitar giz e apagar o quadro com papel higiênico”, diz Feliciana Lima, professora do anexo.
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