Assembleia do MA comemora 180 anos sem explicar superfaturamento de R$ 91 milhões
Política

Assembleia do MA comemora 180 anos sem explicar superfaturamento de R$ 91 milhões

Orçada em R$ 9 milhões, construção de nova sede consumiu mais de R$ 100 milhões dos cofres públicos e desmatou uma área de reserva ambiental

Sem explicar até hoje o superfaturamento em mais de R$ 91 milhões na obra de construção de sua nova sede, na Avenida Jerônimo de Albuquerque, no bairro do Cohafuma, em São Luís, a Assembleia Legislativa do Maranhão comemora, nesta quarta-feira (4), em sessão solene que contará com a presença do governador Flávio Dino (PCdoB) e diversas autoridades locais, os 180 anos de sua instalação no estado.

Fixada inicialmente em um prédio do século 19 localizado na Rua do Egito, no Centro da capital, a sede da assembleia mudou de endereço após a alegação de que o antigo prédio - e os anexos instalados em casarões - não oferecia estacionamento e infraestrutura adequados para o pleno funcionamento do Legislativo estadual. A mudança de endereço contou com a ajuda dos ex-governadores José Reinaldo Tavares (PSB) e Roseana Sarney (PMDB), que doaram o terreno de 8,9 hectares de área pertencentes a uma reserva ambiental, o sítio ecológico do Rangedor.

Na época, o ex-deputado e atual chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares, chegou a criticar o desmatamento de uma grande área verde para a construção do prédio e divulgou que relevaria o destino do superfaturamento da obra, orçada inicialmente em apenas R$ 9 milhões. Ao assumir a presidência da Casa, porém, a promessa foi transformada em silêncio e esquecimento.

Até mesmo uma comissão montada por Tavares, que avaliaria um novo derrame de mais R$ 20 milhões na conta da empreiteira responsável pela obra, a Petra Construções, pertencente ao empresário Lourival Parente, foi abandonada semanas depois pelo subordinado do governador do estado - e mais de R$ 100 mil caiu na conta dos 42 parlamentares como "sobra de salário".

Fora o crime ambiental, considerado um dos maiores da história do Maranhão, todo o assalto aos cofres públicos contou com os olhos e ouvidos - ou mesmo bolsos - de mercador do Ministério Público Estadual, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), e de pelo menos quatro deputados que ainda permanecem no parlamento estadual - Edivaldo Holanda (PTC), Paulo Neto (PSDC), César Pires (DEM) e Max Barros (PMDB); e três que agora estão em Brasília - Eliziane Gama (PPS), Rubens Pereira Júnior (PCdoB) e Victor Mendes (PV).

Complexo de Comunicação

Além dos mais de R$ 91 milhões superfaturados na obra da sede, a construção do Complexo de Comunicação da Assembleia maranhense também foi usada para furtar dinheiro público.

Orçada inicialmente em R$ 4 milhões, a obra acabou custando aos cofres do parlamento estadual, em quase uma dezena de aditivos, perto de R$ 20 milhões.



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