José Sarney intensifica lobby contra governo Dilma
Política

José Sarney intensifica lobby contra governo Dilma

Apesar do PMDB também ter caciques investigados na Lava Jato, avaliação interna é que a Justiça Federal não tem elementos suficientes para criminalizar grandes expoentes do partido

O ex-senador e ex-presidente da República, José Sarney (PMDB-AP), tem intensificado nas últimas semanas a defesa pelo desembarque do PMDB do governo Dilma Rousseff. Na semana passada, Sarney foi um dos caciques do partido que defendeu a imediata saída do PMDB do partido.

Apesar de não defender esse posicionamento de forma oficial, Sarney tem alertado aliados, desde setembro do ano passado, sobre a crise política. Ainda em setembro, ele aconselhou a bancada do PMDB na Câmara de que “em caso de agravamento da crise política, melhor deixar o governo”. Na terça-feira 22, durante uma reunião ocorrida no Palácio do Jaburu com caciques do PMDB, inclusive o vice-presidente Michel Temer, Sarney ratificou esse pensamento.

Além disso, Sarney também tem dito a aliados, em seu escritório localizado em Brasília, evitar uma defesa enfática da presidente Dilma para não contaminar diretamente o PMDB. “O presidente Sarney sempre viu além do tempo. E esse tipo de ensinamento é essencial para nós e para o rumo do partido”, declarou um integrante do PMDB com bom trânsito em Brasília ao Atual7, ao confirmar os encontros.

Pressão

Os deputados do PMDB têm pressionado a cúpula do partido a desembarcar o quanto antes do governo. Nem mesmo a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando da Casa Civil de Dilma tem sido suficiente para evitar essa debandada. A interlocutores, Sarney, conforme o Atual7 apurou, comentou que “o Lula de hoje, não é o mesmo de 2002”, indicando que a posição do PMDB tende a ser irreversível.

A avaliação interna do PMDB é que o partido não pode ir contra “a voz das ruas” para defender uma gestão que tem acumulado problemas com a Justiça Federal. Apesar do partido também ter caciques sendo investigados pela Lava Jato, a avaliação interna dos peemedebistas, inclusive o ex-presidente Sarney, é que a Justiça Federal não tem elementos suficientes para criminalizar grandes expoentes do partido, como o senador Edison Lobão (MA), ex-ministro de Minas e Energia e o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).

Nas investigações da Lava Jato, por exemplo, delatores apontam indícios de que Lobão e Renan receberam propina por obras executadas pela OAS e pela UTC em favor da Petrobras. No caso de Lobão, a PGR (Procuradoria Geral da República) apura até mesmo indícios de que o político tenha recebido repasses frutos de desvios da Refinaria de Bacabeira, cujas obras foram suspensas no Maranhão.



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