José Sarney
Após acerto com Carlos Brandão, José Sarney emplaca neto na MOB
Política

Ex-deputado de oposição, Adriano vai controlar o destino de R$ 47,4 milhões em 2023. Antes de virar aliado, ele foi investigado e apontado como suspeito de enriquecimento ilícito pela STC

O ex-senador José Sarney (MDB) emplacou o neto Adriano Sarney (PV) no comando da MOB, a Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos.

O anúncio foi feito nas redes sociais nesta terça-feira (28) pelo governador Carlos Brandão (PSB), e representa a volta ao Executivo estadual de um membro familiar da oligarquia, que dominou do estado por cerca de 50 anos e deixou herança maldita em todos os índices sociais.

Ex-deputado estadual, Adriano Sarney é filho do ex-ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho.

No comando da MOB, vai controlar o destino de R$ 47,4 milhões, valor do orçamento da autarquia vinculada à Casa Civil para 2023. Será de responsabilidade de Adriano melhorar a qualidade e prestação dos serviços de ferryboat, programa travessia, expresso do trabalhador e das linhas de ônibus que têm autorização de cessão da autarquia executiva, por exemplo.

Antes de virar brandonista, ele fazia oposição ferrenha a Carlos Brandão, à época vice-governador, e ao então chefe do Palácio dos Leões, Flávio Dino, hoje senador licenciado e ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Após a vitória histórica nas eleições de 2014, quando Dino e Brandão destronaram a oligarquia Sarney do poder, ambos passaram a usar a máquina estadual, por meio de auditorias da então recém-criada STC (Secretaria de Estado da Transparência e Controle), para tirar Adriano Sarney e Zequinha, como é conhecido o pai do agora presidente da MOB, da vida pública.

A acusação é de que eles teriam utilizado aeronaves alugadas pela Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão em transporte para eventos de campanha política no interior do estado. As investigações apontavam, à época em que ainda não eram aliados, ato de improbidade administrativa com indícios de enriquecimento ilícito.

O retorno da família Sarney ao centro do poder estadual teve início ainda durante a campanha eleitoral de 2022, quando Brandão buscou apoio da ex-governadora Roseana Sarney e demais integrantes do clã.

Além do apoio do MDB de Roseana, o chefe do Executivo estadual contou ainda com aliança com o PV de Adriano, em acordo nacional que resultou na formação da Federação Brasil da Esperança, juntamente com o PCdoB e o PT.

Na festa bancada pelo contribuinte maranhense de recondução do mandatário ao Palácio dos Leões, o ex-senador foi convidado de honra.

Também foi a José Sarney quem Carlos Brandão recorreu em Brasília (DF) para evitar ser visto como político baixo-clero quando esteve na Esplanada dos Ministérios sem a presença de Dino. Desde o resultado das urnas em outubro do ano passado, ambos ainda se tratam bem e educadamente de forma protocolar, mas nos bastidor, disputam poder.

Recentemente, o governador pediu ainda ajuda a Sarney na candidatura dos Lençóis Maranhenses ao título de Patrimônio Natural da Humanidade. A agenda foi criada em meio à nomeação de Daniel Itapary Brandão, sobrinho de Carlos Brandão, para o mandato vitalício de conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Maranhão, e evitou eventual questionamento de prática de nepotismo.

Brandão inicia novo mandato em busca de marca própria e com promessa de diálogo
Política

Governador do Maranhão conta com articulação de Flávio Dino, mas também estabeleceu pontes com José Sarney a fim de manter boa relação com o Palácio do Planalto sob Lula

Após sete anos e três meses como vice-governador e outros nove meses como gestor-tampão, Carlos Brandão (PSB) inicia novo mandato, agora como governador de fato do Estado do Maranhão, com o desafio de criar uma marca própria para sua passagem no comando do Palácio dos Leões.

Brandão tomou posse no domingo (1º) prometendo diálogo e construção de relações com prefeitos, deputados, vereadores, aliados e até com opositores, destoando do legado de seu antecessor, o senador Flávio Dino (PSB), ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Reeleito em primeiro turno com 51,29% dos votos válidos, aos 64 anos, o governador maranhense passa a controlar integralmente os cofres do estado brasileiro com a maior proporção de pessoas em situação de extrema pobreza, herança maldita deixada pela oligarquia Sarney e pelo próprio Dino –com quem está em desarmonia desde que decidiu atropelar acordos de campanha e interferir na eleição para a presidência da Assembleia Legislativa.

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes ao ano passado, quase 1,5 milhão de maranhenses luta diariamente para ter, pelo menos, o que comer. Ainda segundo o instituto, dos 25 municípios com menor PIB (Produto Interno Bruto) per capita do país em 2020, só um não estava no Maranhão.

Mesmo em crise com o ex-líder, para manter-se no jogo, Brandão conta com articulação de Dino para tocar investimentos, obras e programas de apelo social com recursos federais. Porém, mostrou habilidade para seguir caminho próprio, sem dependência do antecessor, e estabeleceu pontes com o ex-presidente José Sarney (MDB-MA) a fim de manter uma boa relação com o Palácio do Planalto sob Lula.

Para os próximos quatro anos, a sinalização é de que o mandatário irá priorizar projetos na área da educação, que voltará a ser comandada por Felipe Camarão, ex-secretário da pasta e hoje vice-governador pelo PT.

Dos R$ 25,7 bilhões do Orçamento de 2023, ao menos R$ 4,2 bilhões estão previstos para a Educação, dos quais cerca de R$ 1,6 bilhão será destinado à formação de profissionais e apoio e desenvolvimento do Ensino Fundamental.

Terão fortalecimento ainda, segundo garantiu o governador em discurso de posse, a geração de emprego e segurança alimentar.

Entre os desafios estão também a conclusão de obras de grande porte deixadas inacabadas por Flávio Dino, como os acessos à ponte sobre o Rio Pericumã, que liga os municípios de Central do Maranhão e Bequimão, e o Hospital da Ilha, em São Luís.

Por reeleição, Carlos Brandão se alia a Roseana Sarney
Política

Apoio foi oficializado na convenção do MDB. Partido controla a SINFRA, pasta que mais possui contratos com empreiteiras operadas por Eduardo DP e outros agiotas

Sem qualquer demonstração de constrangimento, o governador Carlos Brandão (PSB) recebeu nessa quinta-feira (21) o apoio explícito de Roseana Sarney na corrida pelo Palácio dos Leões. A união eleitoral e partidária, confirmada oficialmente durante a convenção estadual do MDB, tem como pano de fundo a tentativa de retorno e de permanência, respectivamente, da ex e do atual mandatário do Maranhão no poder.

“Nós estamos construindo uma grande aliança. Já são 11 partidos que estão ao nosso lado por entender que esse é o momento de que precisamos de um Maranhão avançando, com políticas públicas que cheguem realmente às pessoas”, disse Brandão ao lado de Roseana, fazendo em seguida referência ao período em que foi vice de Flávio Dino (PSB), agora pré-candidato ao Senado em sua chapa.

“O MDB tem Zé Sarney na nossa fileira”, lembrou a ex-governadora durante discurso comemorativo da aliança histórica, emendando que o partido, segundo ela, é a favor do emprego, da saúde, da educação e da infraestrutura. “Nós estamos aqui juntos por uma causa, e é a causa do Maranhão, única e exclusivamente”, jurou.

A ex-governadora liderava todas as pesquisas para o governo em 2022. Contudo, como também encabeçava a maior rejeição do eleitorado maranhense, para se livrar do que Dino em passado recente classificava como “síndrome de abstinência de dinheiro público, de privilégios”, decidiu disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados, para onde tem mais chance de vitória nas urnas, agora oficialmente dividindo palanque com Carlos Brandão.

Além do partido de Roseana, também apoia a reeleição de Brandão o PP do ministro da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro, Ciro Nogueira, e do presidente da Câmara, Arthur Lira, líder do bloco político conhecido como centrão, que tem como uma das principais características o fisiologismo e que controla o chamado orçamento secreto.

Antes mesmo da oficialização dessa quinta, na negociação em troca de apoio a Brandão, o MDB passou a mandar desde o início do novo governo na SINFRA (Secretaria de Estado da Infraestrutura), pasta que mais fechou contratos com empreiteiras, inclusive de fachada, controladas pelo novamente preso por fraudes, lavagem de dinheiro e desvios Eduardo DP ou operadas por outros agiotas. Já o PP, comandado no estado pelo deputado André Fufuca, virou dono do DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito) e a SAF (Secretaria de Estado da Agricultura Familiar).

Embora nas campanhas eleitorais de 2014 e 2018 tenha figurado apenas como vice, Brandão não se distancia de Flávio Dino, a quem chama repetidamente de líder, na forma contraditória de fazer política que faz o Maranhão ainda se deparar com uma realidade estigmatizante de extrema pobreza e corrupção.

No caso, por sobrevida politica, o ex-chefe do Executivo maranhense abandonou a polarização que o alçou ao poder, ajustou o discurso e hoje ele próprio é bajulador do ex-senador José Sarney (MDB) e também agora aliado do deputado estadual Adriano Sarney (PV), neto do patriarca e único membro do clã com mandato eletivo.

Antes de Brandão ficar fragilizado pelo avanço de seu principal adversário na disputa, o senador Weverton Rocha (PDT), e se ver obrigado a se unir publicamente à Roseana para tentar ser reeleito, seu atual líder e parceiro de chapa na vaga ao Senado recriminava a oligarquia Sarney. Foi como conseguiu criar esperança na população mais pobre do Brasil para sentar no Palácio dos Leões.

“Aposentadoria de Sarney pode acabar com regime de corrupção no Maranhão”, chegou a escrever Dino no UOL, quando ainda responsabilizava o clã pela miséria no estado, há oito anos.

Numa busca por espécie de imortalidade hereditária, Dino já havia tomado benção para Sarney para ser eleito à cadeira da Academia Maranhense de Letras deixada por seu pai, Sálvio Dino, vítima de Covid-19 em 2020.

Houve também um forte gesto que colaborou para a confirmação da aliança eleitoral: os cofres do Palácio dos Leões voltaram a ser escancarados para o chamado Grupo Mirante, conglomerado de comunicação pertencente a Roseana e ao irmão Fernando Sarney, filho mais velho do ex-senador e um dos articuladores do primeiro encontro de Flávio Dino com José Sarney após a mudança de discurso sobre a oligarquia, em meados de 2019.

Sarney & Dino: a volta dos que não foram
Artigo

Por Abdon Marinho*

CONHECIDO por suas análises políticas sempre apuradas, o poeta, cronista, escritor, cineasta e ex-deputado Joaquim Nagib Haickel escreveu uma com um título despretensioso: “Sobre 2022”. Lá fez diversos prognósticos sobre os possíveis cenários. Em um deles, justamente a que causou maior burburinho, assentou: “A montagem de um cenário ainda maior, algo mais monumental, que resultasse em uma ampla coalisão, que envolvesse também o grupo Sarney, o que sacramentaria de uma vez a eleição de todos, sem que muitas forças, políticas e financeiras fossem despendidas. Neste caso a vaga ao senado ser oferecida ao grupo Sarney, cabendo a Weverton aceitar indicar o suplente de senador e o vice-governador”.

Deixando falar o cineasta, completou: “Essa arquitetura seria digna de um Oscar de melhor direção de arte”.

Pois bem, muito embora concorde com a assertiva de que tal arquitetura mereceria ganhar a estatueta do Oscar de melhor direção de arte, certamente haverão de convir, que a união Sarney & Dino, ou vice-versa, passaria longe do Oscar de melhor roteiro original.

Quantas vezes, eu mesmo, que não sou ninguém, falei sobre isso? Quantas vezes não disse que o sonho de Dino é ser o candidato a vice-presidente na chapa de Lula e que isso passaria por uma articulação com o velho morubixaba maranhense? Quantas vezes não disse que Dino poderia se “coligar” a Sarney até por bem menos que uma candidatura a vice-presidente ou qualquer outra coisa, desde que pudesse manter seu espaço de poder?

E olhem que mesmo minhas primeiras análises sobre tais possibilidades, no texto “Sarney & Dino: o acordo que não ousa dizer o nome”, não eram originais, mas, apenas fruto do que já testemunhei na política maranhense.

Lembro que em agosto/setembro de 2003, no primeiro ano do governo Lula, uma “facção” petista “inventou” e tentou levar adiante a candidatura do então juiz Flávio Dino à prefeitura de São Luís. Até então o prazo de filiação e domicílio eleitoral eram de no mínimo um ano antes do pleito. Dino, por ser juiz não possuía formalmente filiação, precisaria sair da magistratura e filiar-se a um partido, no caso o PT.

Conforme noticiou na época o saudoso jornalista Walter Rodrigues, o juiz Dino e o deputado Washington Luiz, que salvo engano, assumira como suplente, chegaram a visitar a então senadora Roseana Sarney, onde lhe disseram que não se “oporiam” caso ela se filiasse ao Partido dos Trabalhadores - PT.

Em 2002, os Sarney, que romperam com os tucanos por conta da “Operação Lunus”, apoiaram a candidatura de Lula e, em 2003, estavam mandando e desmandado nos espaços políticos do governo federal no estado e, também, no Brasil.

O PT local, embora no poder central, era como “peru novo”, ou seja, “comia na mão de Sarney”, e, pelo menos, uma das várias facções, não viam “nada demais” em fazer de Roseana Sarney uma “companheira”, ainda mais se isso servisse para pavimentar o caminho de um “quadro raiz” do petismo, momentaneamente investido na condição de juiz, no comando da prefeitura da capital.

Acredito que a divulgação da matéria no Colunão de Walter Rodrigues, com tais informações, muito provavelmente, vindas de outras “facções” petistas, acabou “melando” aquela articulação e o então juiz acabou desistindo do seu intento de virar “político de mandato” naquela ocasião.

Na semana seguinte à matéria, ao encontro e ao suposto “convite” para Roseana “virar” petista, vieram os desmentidos, da parte dos articuladores dinistas.

Como a política é “dinâmica”, dois anos depois, já em 2006, o governador José Reinaldo “encantou-se” por Dino e o fez deputado federal, num esquema oposicionista ao grupo Sarney de quem ele fora “enamorado” há, apenas, dois anos.

Anos depois, em retribuição ao fato de Zé Reinaldo lhe ter feito “nascer” para a política com mandato e toda contribuição que deu até torná-lo governador, impediu de forma cruel que encerrasse a carreira política com senador, trabalhando, incansavelmente, para a eleição de Weverton Rocha e Eliziane Gama, em 2018, dois aliados de “primeira hora”.

Faço esse registro histórico apenas para dizer que a articulação Dino & Sarney para a eleição estadual de 2022, até poderia, como pontificou o cineasta Joaquim Nagib Haickel, ganhar o Oscar de direção de arte, mas, jamais o de roteiro original, repito, conforme revelado há quase vinte anos pelo jornalista Walter Rodrigues.

E, antes mesmo de WR exercer com o brilhantismo seu mister e revelar o que os protagonistas queriam manter oculto, se voltarmos a história um pouco mais, até o ano de 1984, na campanha pelas diretas já ou pela chapa Tancredo/Sarney, lá encontraremos o “líder estudantil” Flávio Dino dividindo “palanque” com o então senador Sarney, ex-presidente do PDS, partido de sustentação da ditadura, também afeito aquela pauta.

E, muito embora isso seja apenas uma pilhéria, se voltarmos um pouco mais no tempo, lá pelos anos setenta, encontraremos o infante Flávio Dino, em alguma visita do seu pai, Sálvio Dino ou do avô, Nicolau Dino, a Sarney, dizendo com seus botões ou em voz alta: — pai/vô, quando eu crescer quero ser como o “tio” Sarney.

Mas isso é piada. Não levem a sério, por favor.

Então, ao meu sentir, essa conjectura de Haickel a respeito de uma hipotética união dos grupos Dino & Sarney, nada mais é do que “a volta dos que não foram”.

Dino não desistiu do sonho de ser o candidato a vice-presidente na chapa com Lula e para isso, muito embora o Maranhão não represente muita coisa no cenário político/eleitoral brasileiro, precisa contar com a valiosa amizade de Sarney com Lula.

Não sendo, apenas isso, suficiente, trabalha, incansavelmente, noutras duas frentes: fustigar sempre que pode – e não falta motivos para isso –, o presidente Bolsonaro, principal adversário de Lula, até agora; e atacar o ex-juiz Sérgio Moro, que filiou-se a um partido político e, certamente, disputará as próximas eleições.

Embora, unindo-se ao bolsonarismo e ao petismo nos ataques a Moro, a investida contra o ex-companheiro de toga, tem um cálculo político próprio.

Dino, Ciro, e diversos outros, que gravitam em torno de uma terceira via política para o país, sabem que o ex-juiz Moro é o nome que ameaça os seus sonhos de chegarem algum dia à Presidência da República.

Ainda que Moro não ultrapasse Bolsonaro ou Lula para ir para o segundo turno das eleições de 2022 – quando ganharia (assim como qualquer outro) de qualquer um deles –, será o nome mais forte para as eleições de 2026, quando deverá disputar com muito mais chances contra essa turma.

Esse é o o motor dos ataques de Ciro e, principalmente, de Dino contra o ex-juiz Sérgio Moro.

Não temos notícias – exceto pelo fato do pai ter sido membro de um partido –, de qualquer atividade político partidária de Moro até a recente filiação, bem diferente, do que se sabe de Dino, que antes, durante e depois da magistratura, sempre teve um, digamos, “engajamento” político e ligação próxima com partidos, tanto que, conforme divulgado, amplamente, na mídia cogitaram e “trabalharam” por sua candidatura à prefeito da capital em 2004, quando ainda era juiz. Conforme revelam as noticias da época, isso não foi feito à sua revelia, ele sabia e até participou de reuniões neste sentido.

Lembro que quando saiu o suposto desmentido sobre as articulações com Roseana Sarney, assinado por Francisco Gonçalves, um dos líderes do movimento “pró-Dino prefeito” e atual secretário de alguma coisa no governo Flávio Dino, disseram até que “era mentira que Dino teria convidado Roseana para filiar-se ao PT”, entre outras coisas.

WR, em resposta, assentou que a matéria jamais dissera tal coisa, até porque Dino não possuiria legitimidade para convidar quem quer que fosse para ingressar em um partido político.

Lembro que, inspirado como só ele, WR “destrinchou” o desmentido e até deu “aula” de redação ao missivista.

Pois é, aí quando vejo o ataque de Dino a Moro imputando-lhe crime ou comportamento incompatível com a magistratura, o que me vem à lembrança é o dito popular “macaco olha o teu rabo” ou aquela velha lição do meu saudoso pai, analfabeto por parte de pai, mãe e parteira, que ensinava: “— ah, meu filho, quem disso usa, disso cuida”.


Abdon Marinho é advogado.

A imortalidade contestada
Artigo

Por Abdon Marinho*

CINÉFILO, trago na memória os filmes que mais me emocionaram ao longo dos anos. Entre estes destaco a trilogia “O Poderoso Chefão”, magistral obra Francis Ford Coppola. Logo no início do primeiro filme, lançado no Brasil em 1972, aparece o chefão Vito Corleone, na interpretação estupenda de Marlon Brando, recebendo o agradecimento e um “beija-mão” por um “favor” prestado a um agente funerário, que humildemente e com claro temor pergunta como poderá pagar pelo que foi feito.

Na minha lembrança é mais ou menos assim. Respondendo-lhe D. Corleone que no momento certo saberá como pagar pelo obséquio.

Guardem essa cena.

À ilha do Maranhão cheguei, de forma definitiva, em 1985, para iniciar o ensino médio no Liceu Maranhense, portanto, há quase quarenta anos. Não lembro, em todos estes anos de ter testemunhado, nem mesmo de “ouvir falar” de questionamentos sobre as escolhas dos imortais da Academia Maranhense de Letras - AML.

De tão discretos, os imortais, pouco se sabe deles ou o que fazem e muito menos das eleições que realizam para a escolha do sucessor do “morto-rotativo”. Talvez, aqui e ali, algum buchicho ou decepção com esta ou aquela escolha. Nada que ultrapassassem os umbrais da Casa, na Rua da Paz, quando muito, chegando ao Senadinho da Praça João Lisboa, logo à frente, assim mesmo, “correndo” apenas entre uma seletíssima plateia.

Nada que despertasse o interesse dos cidadãos que precisam acordar cedo para “ganharem” o sustento das suas famílias.

Era assim. Não é mais.

Depois do suposto episódio de cunho sexual homoerótico que teria tido como ator principal um parlamentar da Casa de Manoel Beckman foi a vez da atenção da patuleia ser tomada pela eleição na Casa de Antônio Lobo.

Tal celeuma, desta vez, deu-se porque ninguém menos que o governador do Estado, senhor Flávio Dino, “botou na cabeça” que era o nome ideal para sentar-se na cadeira que fora do seu pai, Sálvio Dino, ocupante da cadeira 32 na AML, falecido no ano de 2020, vítima da pandemia do novo coronavírus (COVID-19).

A polêmica teve lugar porque sendo o Maranhão uma pequena aldeia e São Luís o seu núcleo, não há quem não saiba da vida de todo mundo.

Por estas paragens, ninguém duvida da inteligência de sua excelência, tido por muitos, como muito inteligente, um dos melhores de sua geração.

Menino precoce que concluiu os estudos fundamental e médio no Colégio dos Irmãos Maristas, na Rua Grande, “de primeira” ingressou no concorrido curso de direito da Universidade Federal do Maranhão e, em seguida, foi aprovado, quase que simultaneamente, em dois concursos públicos especialíssimos: de professor da própria universidade federal em que estudara e de juiz federal da Primeira Região – este último, em primeiro lugar, como fazem sempre questão de enfatizar –, não passaria despercebido do escrutínio público.

Como professor universitário sempre teve suas aulas concorridas, como jurista, notadamente no Tribunal Regional Eleitoral - TRE/MA, onde os debates fervilhavam naquelas tardes às vésperas e logo depois das eleições, travava debates jurídicos substanciosos, ainda mais quando encontrava um bom procurador regional eleitoral – e tivemos muitos, e com eles aprendemos.

Assim, tal qual uma celebridade (ou sub), tendo a vida acompanhada – por seus méritos, diga-se –, causou “estranheza” e polêmica a postulação e escolha de sua excelência para a casa literária.

Muito embora o novo imortal tenha apresentado um acervo de livros e artigos escritos ao longo dos anos, não se tem conhecimento que nenhum deles tenha qualquer apelo literário.

São escritos técnicos, geralmente voltados para a área do direito, e alguns para a política.

Permanecem ocultos dos muitos fãs, que acompanham a vida do novo imortal, qualquer soneto, qualquer romance, qualquer crônica com apelo literário ou mesmo uma resenha escrita ou publicada dos clássicos que declarou ter lido por imposição do pai-acadêmico.

Faz sentido a inquietação dos críticos, pois sendo uma “academia de letras”, que teve na sua origem a inspiração de Gonçalves Dias, nosso poeta maior, e possuiu no seu quadro de fundadores intelectuais como Antônio Lobo, Alfredo de Assis Castro, Astolfo Marques, Barbosa de Godois, Corrêa de Araújo, Clodoaldo de Freitas, Domingos Quadro, Fran Paxeco, Godofredo Mendes Viana, Xavier de Carvalho, Ribeiro do Amaral e Vieira da Silva e depois tantos outros reconhecidos por inúmeras obras literárias, o ingresso de alguém que a despeito da reconhecida inteligência, não possua – publicamente –, uma única obra com estofo literário.

Resta aos críticos imaginarem que os romances, sonetos, crônicas literárias ou versos tortos, ao estilo “batatinha quando cresce ‘esparrama’ pelo chão” … ainda venham.

Estes críticos guardam o mesmo otimismo que tiveram os integrantes da academia do Nobel quando concederam o prêmio Nobel da Paz ao recém-eleito presidente americano Barack Obama. Na época os críticos disseram que o prêmio seria pelo que ele supostamente faria como presidente.

A vida, às vezes, nos coloca diante de sutis ironias. Querem uma? Na mesma semana, praticamente no mesmo dia, em que fez-se morto o jornalista e escritor Jonaval Medeiros Cunha Santos, o J.M. Cunha Santos, autos de “Meu Calendário em Pedaços” – seu primeiro livro; “O Esparadrapo de Março”, “A Madrugada dos Alcoólatras”, “Paquito, o Anjo Doido” e “Odisséia dos Pivetes”, Cunha Santos estava escrevendo mais um livro: “Terceiro Testamento” e de infinitos e memoráveis artigos literários, que nunca foi lembrado para qualquer cadeira na Casa de Antônio Lobo, Flávio Dino, com “escasso” acervo literário, tornou-se imortal.

O engraçado, após a imortalidade de sua excelência, foi a “chuva” de comentários que recebi.

Um amigo me ligou para dizer que o novo imortal era como os faróis da educação, que em boa hora um antigo governo semeou pelo estado, indaguei o motivo é ele sem conter o riso completou: — ora, Abdon, é alto, “redondo” e possui uma biblioteca bem “pequenina”. O “bem pequenina” foi para reforçar.

Um outro amigo escreveu, com fina ironia, na sua rede social que o próximo passo seria o senhor Bolsonaro candidatar-se a uma vaga na Academia Brasileira de Letras - ABL.

E choveram comentários, críticas, insinuações, quase nenhuma elogiosa.

Um amigo em flagrante pilhéria (mas com incomum generosidade) disse: — Ah, Abdon, o próximo imortal da AML será você, tenho certeza que os seus textos têm mais apelos literários do que os textos do novo imortal.

Já espantando qualquer sugestão neste sentido, deixo claro não sou candidato a nada. Talvez, a tomar um tigela de juçara com camarão seco, se receber um convite. Rsrsrs.

Voltando ao assunto sério, serviu para açular a polêmica e fomentar a “contestação” a imortalidade de sua excelência na AML, o “apadrinhamento” que ele buscou junto ao imortal – em todos os sentidos e digo isso apenas para não perder a piada –, José Sarney, o Dom José.

Tal qual na película de Coppola, o que mais teve foi quem se perguntasse, o que estaria por trás daquele “beija-mão”.

Até o Jornal Folha de São Paulo fez matéria sobre o “acordo” Dino-Sarney.

Por óbvio que D. José, no episódio do “beija-mão” não deve ter pedido nada ao governador, não é do seu feitio tratar de assuntos materiais de chofre, mas, certamente, como se deu com D. Corleone, anotou o favor prestado na conta dos “haveres”, que um dia, certamente, chegará. Talvez um apoio para alguém “seu” chegar a um dos tribunais ou virá presidente, talvez um acordo político que aumente o quinhão dos “seus” na partilha do poder a partir do ano que vem, tanto na esfera local quanto nacional, quem sabe uma ajuda do novo imortal na “escrituração” de uma nova biografia.

Seja o que for, um dia a conta chegará. E será paga por todos os maranhenses.

*Abdon Marinho é advogado.

Sarney diz a Lula que Weverton Rocha ‘não é de confiança’
Política

Ex-senador aconselhou petista a não fechar apoio ao pedetista para 2022. Segundo Sarney, pré-candidato ao Palácio dos Leões tem ‘levado na mesma semana para Barreinhas’ José Dirceu e Flávio Bolsonaro

O ex-senador José Sarney (MDB-MA) aconselhou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a não fechar apoio ao senador Weverton Rocha (PDT) na disputa pelo Palácio dos Leões em 2022.

“Apoie qualquer um, menos esse menino aí, esse Weverton. Não é de confiança”, disse Sarney a Lula, segundo interlocutores de participantes da conversa ocorrida em agosto, durante passagem do petista pelo Maranhão em busca do fortalecimento de alianças para disputa presidencial contra Jair Bolsonaro (sem partido).

Ainda de acordo com interlocutores, que falaram ao ATUAL7 em condição de anonimato, o conselho foi dado após o petista pedir orientação ao emedebista. A justificativa apresentada por Sarney é que Weverton, na busca “descontrolada” pelo comando do Poder Executivo estadual, tem “levado na mesma semana para Barreinhas” o ex-ministro José Dirceu (PT) e o filho 01 do presidente da República, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), em busca de aliança para a eleição do ano que vem.

“Qualquer um”, no caso, citados nominalmente por Lula ao perguntar a Sarney sobre quem apoiar no estado, tratam-se do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), sucessor e candidato de Flávio Dino (PSB) para o pleito, e o secretário de Educação Felipe Camarão, recém-filiado ao PT com objetivo específico de fortalecer Brandão, mas lançado na corrida pelo núcleo de conselheiros de Dino embora seja poste sem voto e sem histórico no partido e na esquerda.

Cidade base para explorar e conhecer o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, Barreirinhas é onde Weverton apareceu com uma luxuosa mansão, da noite para o dia, e tem reunido autoridades e agentes políticos para conversas sobre eleições e os Poderes.

Sarney lamenta defesa de Eduardo Bolsonaro por ‘um novo AI-5’
Política

Afirmação do filho do presidente da República foi feita em entrevista à jornalista Leda Nagle

O ex-presidente da República e ex-presidente do Senado José Sarney mostrou preocupação com as declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho de Jair Bolsonaro (PSL).

Em entrevista à jornalista Leda Nagle, divulgada nesta quinta-feira 31, o parlamentar defendeu que caso haja uma radicalização da esquerda brasileira, a resposta pode ser “via um novo AI-5”.

Para Sarney, que foi relator da Emenda Constitucional que extinguiu o AI-5 e convocou a Constituinte que estabeleceu o Regime Democrático como primeira cláusula pétrea no Brasil, é lamentável a postura do filho do presidente da República.

Abaixo, a nota emitida por José Sarney:

Em defesa da Democracia

Fui o Relator no Congresso Nacional da Emenda Constitucional que extinguiu o AI-5, enviada pelo Presidente Geisel.

Presidi a Transição Democrática, que convocou a Constituinte e fez a Constituição de 1988. Sua primeira cláusula pétrea é o regime democrático.

Lamento que um parlamentar, que começa seu mandato jurando a Constituição, sugira, em algum momento, tentar violá-la.

Devemos unir o País em qualquer desestabilização das instituições. E sei que expresso o sentimento do povo brasileiro, inclusive das nossas Forças Armadas, que asseguraram a Transição Democrática, que sempre proclamei que seria feita com elas, e não contra elas.

José Sarney
Ex-Presidente da República

Dino completa um ano de reeleito, mas agora sob discurso pró-Sarney
Política

Em busca de apoio para disputa presidencial de 2022, governador do Maranhão passou a defender ex-desafeto publicamente e parou de chamá-lo de coronel e oligarca

Há exatamente um ano, em 7 de outubro de 2018, o governador Flávio Dino (PCdoB) era reeleito pela população para mais quatro anos de comando do Palácio dos Leões. Na ocasião, ele derrotou ninguém menos que Roseana Sarney (MDB), que entrou no pleito como sua principal adversária, em razão do pesado sobrenome.

Passados 12 meses, porém, a mudança chegou e Dino não mantém mais o mesmo discurso. Pelo contrário, em todas as suas aparições nacionais como opositor do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o comunista passou a defender o líder do clã, o ex-presidente da República José Sarney (MDB).

Agora, em vez de coronel, ditador ou oligarca, o novo Flávio Dino passou a classificar Sarney como “liderança política importante”, com “larga experiência” e até mesmo como alguém que pode “proteger a Constituição e a democracia”.

A mudança tem razão oportunista: como mostrou o ATUAL7, postulante ao Palácio do Planalto contra Bolsonaro em 2022, Dino busca a benção do ex-desafeto para conseguir se consagrar como candidato de eventual frente centro-esquerda no próximo pleito presidencial.

Apesar do silêncio abrupto em relação ao meio século de domínio dos Sarney no estado —e da visível contrapartida do Sistema Mirante que, em resposta à nova aliança comercial alterou a linha editorial em relação ao governo estadual, diminuindo as reportagens de conteúdo negativo à gestão comunista—, segundo garante Flávio Dino em discurso desconexo, a aliança com o ex-presidente se dá apenas no plano nacional. No Maranhão, jura, ele permanece adversário de Sarney.

Flávio Dino quer apoio de Sarney para disputar Presidência contra Bolsonaro
Política

Em entrevista à revista IstoÉ, governador do Maranhão voltou a defender importância política do ex-adversário

Eleito e reeleito governador do Maranhão sob discurso da mudança e da libertação, o ex-juiz federal Flávio Dino (PCdoB) busca agora apoio do ex-presidente e ex-senador da República José Sarney (MDB-MA) – até outro dia apontado por ele como responsável por meio século de atraso do estado – para conseguir disputar a Presidência da República em 2022 contra Jair Bolsonaro (PSL).

Em entrevista publicada na edição mais recente da revista IstoÉ, o comunista voltou a tecer elogios a Sarney, novamente o defendeu como “uma liderança política importante”, não escondeu que partiu dele a aproximação com o emedebista e reafirmou que pretende manter novos diálogos com o ex-adversário – apenas no campo nacional, se desdobra para explicar.

“O ex-presidente José Sarney é nosso adversário regional, mas também uma liderança política importante no Brasil. Na medida em que prego a busca de ampla interlocução, inclusive, em direção ao centro político, ao pensamento liberal no Brasil, é claro que, por dever de coerência, eu teria de dar uma demonstração prática de que não é em razão de contradições efetivamente existentes que você deve sacrificar o principal. Sem que haja qualquer tipo de acordo regional, porque não houve, de fato, nem da parte dele, nem da minha parte, mantivemos e manteremos um bom diálogo a respeito dos temas nacionais. Esse é o caminho certo”, disse.

Apesar de ainda não ter o nome incluído em pesquisas de intenção de votos sobre o próximo pleito ao Palácio do Planalto, Dino tem se movimentado nos bastidores e publicamente para ser escolhido como o candidato da esquerda, com o apoio do ex-presidente Lula (PT), e do centro.

Em julho, em entrevista à agência Pública – em que atacou Bolsonaro, Sergio Moro e a Lava Jato –, o comunista já havia sustentado que não teria agindo com incoerência ao procurar Sarney, na residência do ex-presidente, em Brasília (DF), para tratar sobre política.

“O que me motivou e com certeza motivou a ele, e isso ficou claro na conversa, foi essa leitura do quadro nacional. E ao mesmo tempo, da minha parte, um reconhecimento de que as disputas políticas no Maranhão não acontecerão mais do mesmo modo”, destacou, enigmático.

Sobre a aliança esdrúxula, até o momento, entre os políticos maranhenses apenas o deputado estadual Wellington do Curso (PSDB) tem feito críticas e manifestado repúdio a dualidade de Flávio Dino.

“O que mudou? O que mudou para o governador Flávio Dino? Se antes José Sarney era o atraso, ele vai em busca do atraso? Tem algo errado, tem algum golpe se aproximando. Ele fala tanto de golpe, tem algum golpe se aproximando”, alertou o tucano.

Dino diz que Sarney pode ‘ajudar a proteger a Constituição e a democracia’
Política

Em entrevista, governador do Maranhão afirmou que o agora ex-adversário tem ‘larga experiência política’ e admitiu que pode voltar a visitá-lo

Antes quase que diariamente definido como oligarca, coronel, amante da ditadura, representante do atraso, corrupto e outros termos negativos, o ex-presidente José Sarney (MDB-MA) passou agora a ser considerado político de larga experiência e até mesmo protetor da Constituição e da democracia.

A mudança de opinião é do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), até outro dia desafeto ferrenho do emedebista, a quem culpava pelos péssimos índices sociais e tudo o mais de ruim que aconteceu e ainda acontece no Maranhão, inclusive em sua própria gestão.

Numa longa entrevista à Agência Pública – em que atacou o presidente Jair Bolsonaro (PSL); o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro; e a Operação Lava Jato –, em resposta a um dos questionamentos, o comunista voltou a deixar claro que não viu qualquer incoerência de sua parte em procurar Sarney, na residência do ex-presidente, em Brasília (DF), para tratar sobre política. Afirma que a aliança entre eles se dá apenas no campo nacional, sem qualquer interferência política no estado.

“Na verdade, a política do Maranhão passa por uma espécie de transição geracional na política. Não há nenhum propósito nem meu nem do ex-presidente Sarney de fazermos um pacto regional”, disse, completando: “O que me motivou e com certeza motivou a ele, e isso ficou claro na conversa, foi essa leitura do quadro nacional. E ao mesmo tempo, da minha parte, um reconhecimento de que as disputas políticas no Maranhão não acontecerão mais do mesmo modo”, destacou.

Ainda na entrevista, em vez dos termos até então sempre utilizados por ele para se referir a Sarney, Flávio Dino demonstrou respeito e zelo pela imagem pública do ex-presidente. O comunista ainda deixou aberto que outros encontros com o agora ex-adversário – apenas no campo nacional, segundo ele, repisa-se – poderão acontecer.

“A visita que fiz ao ex-presidente José Sarney, e farei outras se for necessário, foi no sentido de ouvir um político de outro campo ideológico que não é o meu, que tem uma larga experiência política desde os anos 50 do século 20, portanto são quase 70 anos de atuação política, e que nessa configuração da política nacional pode nos ajudar a proteger a Constituição e a democracia”, finalizou.

Sarney & Dino e o acordo que não ousa dizer o nome
Artigo

Abdon Marinho*

CONTINUA repercutindo – até mais do que devido –, a tertúlia do ex-presidente Sarney com o governador Flávio Dino.

Após alardear o “feito” em suas redes sociais, o governador, talvez, diante da “baixa audiência” do fato e das cobranças por coerência, já no final de semana que se seguiu tratou de dizer que não ocorreu qualquer acordo relacionado à política local.

Disse que só tratou da política nacional, do “risco” que corre a democracia brasileira e, no mais, trataram de assuntos relacionados à cultura, autores maranhenses e outras coisas triviais.

Benedito Buzar, respeitado intelectual do nosso estado e que priva da amizade do ex-presidente, em sua coluna semanal em “O Estado Maranhão”, datada de 07 de julho, disse ter confirmado, em linhas gerais, o teor da conversa entre o governador e o ex-presidente, sendo que este último ao iniciar a conversa teria deixado claro à visita que não trataria de qualquer assunto relacionado à política local, alegando para isso a idade avançada e o fato de ter passado tal “missão” aos filhos Roseana e José Sarney Filho e ao neto Adriano.

Da coluna de Buzar extrai-se, também, a informação que a conversa entre os líderes ocorreu em ambiente reservado, sem a presença de mais ninguém: nem do filho Zequinha Sarney, que o ajudou na recepção da visita, nem do deputado Orlando Silva, que acompanhava o governador.
O que, para a patuleia, será sempre a palavra de um contra o outro (em caso de discordância) ou a palavra de ambos no mesmo sentido (o que revelaria a comunhão de vontades).

Se assim o foi, sua excelência acabou por reeditar um clássico do cinema mundial: “Uma Linda Mulher”, no qual a atriz Júlia Roberts interpretou uma garota de programa que, a despeito de transar com o clientes, não os beijava.

Ou, também dos anos noventa, reeditou a famosa frase de Bill Clinton que indagado se já fumara maconha saiu-se com essa: — fumei mais não traguei.

Quem somos nós para questionar a palavra de sua excelência ou a informação prestada por Buzar, após ouvir Sarney?

Quem duvidou mesmo foi o neto do morubixaba, deputado Adriano, que, em discurso na assembleia legislativa, disse que teria ocorrido, sim, um “acordo” entre os dois políticos.

Mas se sua excelência e o escritor e político Sarney dizem que trataram de assuntos literários e não políticos. Pela verve da literatura, se algum “acordo” ocorreu naquela tertúlia solitária entre ambos, na tarde brasiliense, talvez o tenha sido nos moldes do dissera o autor irlandês Oscar Wilder (1854 - 1900), que do cárcere para onde foi mandado, escreveu sobre um “certo amor que não ousa dizer o nome”.

Festejado por muitos dos aliados do governador, porém, causando constrangimentos em alguns – chamados a dizerem sobre os “cinquenta anos de atraso” –, o suposto “acordo” tem esse quê de vergonha, de “amor que não ousa dizer o nome”. Mas, registre-se, menos por pudor e mais pelo pragmatismo do “perde-ganha” político.

O governador do Maranhão, que bem recentemente, deixou em aberto três opções para o seu futuro político em 2022, tem consciência da fragilidade do seu projeto político presidencial.

O estado que dirige não é modelo para nada, faz uma administração acanhada – não apenas pela falta de recursos, mas pela falta de aptidão administrativa –, com piora de todos os índices econômicos e sociais, sem uma obra de infraestrutura para chamar de sua, sem nada para mostrar ao Brasil além de dizer que se opõe ao governo Bolsonaro e ao ministro Sérgio Moro – sua segunda obsessão.

Não bastasse tudo isso, sabe da imensa dificuldade de se “vender” como um candidato de “esquerda” filiado a um partido “comunista”. Tudo entre aspas mesmo.

Assim, nada mais óbvio para o governador que “sonha” em ser o novo Sarney, copiar o Sarney com o próprio Sarney.

Ficou confuso? Eu tentarei explicar.

Quando Sarney tentou fazer de Roseana a presidente da República para suceder FHC uma das estratégias foi tentar unir o estado em torno do projeto acenando para a oposição: Jackson Lago seria apoiado para prefeito em 2000, na chapa com Tadeu Palácio, e depois seria o candidato a governador da “união” em 2002.

Este era o plano de Sarney – se combinado ou não com Jackson Lago, não sei –, que não deu certo por conta da chamada “Operação Lunus”, que levou ao naufrágio os planos presidenciais de Sarney, através da filha, e o conduziu aos braços do petismo, a ponto de virar o “melhor” amigo de Lula, como este mesmo fez questão de dizer mais de uma vez.

O que custaria a Dino repetir a estratégia, agora com o sinal trocado? Uma candidatura de “esquerda” e “comunista” precisaria de um “tempero” mais à direita do espectro político.

Quem melhor representaria isso que José Sarney, o último dos coronéis do Brasil?

Se trataram de algum acordo político ou não, por enquanto, não saberemos. Mas a intenção do senhor Dino, parece-me bastante clara: na hora dos candidatos “esquerdistas” mostrarem suas cartas para se viabilizarem, ele apresentaria o Sarney como seu principal trunfo, seu ás na manga, o melhor amigo do Lula.

E ainda faria isso “pacificando” toda a província do Maranhão. Todos unidos em torno de sua excelência rumo ao Planalto.

Devolveriam o estado aos Sarney depois dizer que eles foram a maior desgraça do estado, do atraso, e de todos os males? Não tenham dúvidas.

Não representaria qualquer dificuldade para ele ou para o seu partido.

Lembro que uma vez, lá pelos idos de 1986/87, fui convidado para uma reunião da juventude do Partido dos Trabalhadores - PT. Eu era do movimento estudantil, envolvido com a criação de grêmios, etc. Naquela reunião, ocorrida no sitio Pirapora, sua excelência, já na universidade, era um dos palestrantes/organizador e, já naquele momento, com todas as críticas que se fazia a Sarney por sua ligação com a ditadura e tudo mais, ele defendia que para chegar/conquistar o poder não tinha nada demais em fazer uma aliança com o então presidente. Aliás, para nos impressionar – até porque pela idade dele (14/15 anos) não sabemos ser possível –, disse que estivera com Sarney por conta das Diretas.

Quanto ao seu partido, o PCdoB, já em 1994, entendia não haver nada demais em se “juntar” ao Sarney. Naquele ano, quando tivemos, pela primeira vez a chance de derrotar o grupo Sarney na política estadual, PCdoB, já no primeiro turno, recebia apoio de Roseana para suas campanhas. No segundo turno, fechou de vez o apoio e só saiu do grupo quando este não os quis mais.

Logo, não há qualquer dificuldade em se costurar uma aliança “pragmática” em torno de interesses comuns, ainda que seja para negar tudo que se disse até aqui e passarem a dizer que o melhor para o Maranhão é o retorno de um Sarney ao comando do estado.
Quando sua excelência, recusou ou não quis o apoio dos Sarney para os seus projetos políticos?

Sobre isso existem dois episódios, que se confundem em um só.

O primeiro, em meados de 2007, o processo de cassação de Jackson Lago, caminhava acelerado e, por alguma razão de cunho pessoal, seu advogado originário não poderia comparecer a uma determinada audiência. Eis que alguém sugeriu o nome do então deputado federal, para fazer às vezes de advogado do governador. Com o prestígio do cargo de deputado e de ex-juiz, seria de grande valia.

Concluído o ato processual, acho que foram em palácio “prestar contas” ao cliente.

Um amigo me disse que ainda hoje lembra quando sua excelência bateu em suas costas e disse: — agora quero saber o que vocês vão fazer por mim, pois me “queimei” com o outro lado.

O segundo episódio é um pouco menos edificante e só acreditei porque quem me disse testemunhou com os próprios olhos.

Disse ele que no dia em que o TSE, em abril de 2009, sacramentou a cassação de Jackson Lago, o seu advogado, o deputado federal e ex-juiz, ao invés de ir “consolar” o cliente que acabara de ser derrotado, foi a casa de Sarney felicitar a vencedora pela vitória.

O amigo, testemunha ocular de tal fato, confidenciou-me: — Abdon, nunca tinha visto algo semelhante até então.

Tudo bem, talvez tenha sido só um gesto de solidariedade pelo apoio “informal” que recebera do grupo na eleição para prefeito da capital em 2008.

Mas me parece que tenha sido apenas o velho pragmatismo que tenha se feito presente mais uma vez, como o foi antes e depois, quem não lembra do episódio Waldir Maranhão?

Quem ainda se surpreende com tal pragmatismo, talvez devesse olhar para o ex-governador José Reinaldo Tavares.

Quem poderia imaginar que depois de tudo que fez pelo projeto político de sua excelência, o ex-governador seria simplesmente “rifado”, como foi, do seu sonho de ser senador da República?

Todos tinham por certo que seria o seu primeiro candidato, que não tivera mais força no governo por visões distintas de governo, mas seria o senador garantido. Não foi. Sua excelência preferiu como primeiro senador, o senhor Weverton Rocha e para segundo, a senhora Eliziane Gama. Apesar de José Reinaldo, ter dito que só sairia do grupo se não o quisessem, foi simplesmente ignorado e lançado ao ostracismo político apesar de tudo que fez – e do quando, ainda, poderia contribuir com o Maranhão e o Brasil.

É assim mesmo, na nova política não há espaço para amizades sinceras, respeito ou gratidão, mas, sim, para os “acordos” que não ousam dizer o nome.

*Abdon Marinho é advogado.

César Pires decide não opinar sobre aliança entre Flávio Dino e José Sarney
Política

Deputado divulgou, por meio de sua assessoria, que encontro entre o governador e o ex-presidente não modifica sua posição na Alema

O deputado César Pires optou por não emitir qualquer opinião pública sobre a aliança firmada entre o governador Flávio Dino (PCdoB) e o ex-presidente José Sarney (MDB) em recente reunião na casa do emedebista, em Brasília (DF), por articulação e iniciativa única do comunista.

Segundo divulgado pelo parlamentar, por meio de sua assessoria, a união entre os dois políticos maranhenses, até então desafetos, em nada modifica sua posição política na Assembleia Legislativa, de oposição ao atual chefe do Palácio dos Leões.

Para o parlamentar, cabe somente a eles trazerem a público ou não o assunto que trataram.

Sobre um encontro mantido com Sarney nesta semana, em São Luís, César Pires destacou apenas sobre a admiração que sente pelo ex-presidente que, segundo ele, mantém a postura de grandeza que marcou sua trajetória, sobretudo a sabedoria de perdoar, apesar de todas as agressões sofridas de seus adversários políticos.

Duarte Júnior sobre aliança entre Flávio Dino e José Sarney: ‘Fantástica’
Política

Deputado do PCdoB criticou Wellington do Curso por definir como incoerente ato do governador em procurar aproximação com o ex-presidente

O deputado estadual Duarte Júnior (PCdoB), eleito para a Assembleia Legislativa do Maranhão em 2018 sob o discurso de representante da nova política, definiu como “fantástica” a aliança fechada entre o governador Flávio Dino (PCdoB) e o ex-presidente da República José Sarney (MDB-MA).

Em entrevista na semana passada ao Cidade Operária da Depressão, um perfil do Instagram sobre memes e notícias relacionadas ao bairro de São Luís, o parlamentar defendeu a união entre os dois políticos maranhenses, até então desafetos, principalmente em razão do governador comunista, após rompimento da aliança do PCdoB com o clã e Roseana, passar a declarar que Sarney representava o câncer da política brasileira e principal responsável pelo atraso e miséria no Maranhão.

“Fiquei feliz em ter saído na Mirante [conglomerado de comunicação pertencente aos Sarney], para que as pessoas pudessem saber também que a união, a reunião do governador Flávio Dino, que tem uma ideologia política diferente do ex-presidente José Sarney, foi fantástica. É importante que as pessoas se unam, não pensando em si, mas em prol das pessoas”, declarou.

Ainda segundo Duarte Júnior, que também era crítico político de Sarney antes da reunião entre o emedebista e o governador do Maranhão, “quem está em casa não quer saber de briga de Sarney com comunismo, de direita e esquerda”.

Questionado pelo responsável pelo perfil Cidade Operação da Depressão sobre a incoerência do novo discurso em relação a José Sarney, o deputado do PCdoB voltou a defender a união entre e Flávio Dino e o ex-presidente como algo “fundamental”.

“Num determinado momento, o governador Flávio Dino se elegeu fazendo a crítica ao modelo de gestão do grupo Sarney que há mais de quatro décadas ocupava o governo aqui no Estado do Maranhão. Então, naquele momento houve aquela crítica. Agora, depois de reeleito governador, a preocupação é com o cenário nacional em prol da democracia”, disse.

Também sobre a incoerência entre os discursos sobre José Sarney, no início dos questionamentos a respeito do assunto, Duarte Júnior criticou o posicionamento adotado pelo deputado estadual Wellington do Curso (PSDB), que manifestou-se contrário à aproximação entre o governador do Maranhão e o ex-presidente da República. “Sozinhos nós não vamos conseguir nada”, defendeu.

Adriano diz que houve um acordo entre Flávio Dino e José Sarney
Política

Líder da oposição ao governo na Alema criticou o histórico recente do comunista que demoniza adversários e depois pede apoio

O deputado estadual Adriano Sarney (PV), líder da oposição ao governo de Flávio Dino (PCdoB) na Assembleia Legislativa do Maranhão, manifestou-se, terça-feira 2, sobre o encontro entre o comunista e o ex-presidente José Sarney (MDB-MA), na semana passada, em Brasília (DF).

Adriano afirmou que houve um acordo entre Flávio Dino e José Sarney, mas não entrou em detalhes sobre o conteúdo. Apenas destacou que não faz parte do alegado acordo, e que permanecerá na oposição ao Palácio dos Leões. “Esse acordo certamente não me envolverá jamais. Porque neste mandato o titular sou eu, e eu vou até o final independente de acordos políticos”, ressaltou.

Sobre a ida de Dino à casa de Sarney, Adriano criticou o histórico recente do comunista que, segundo destacou, demoniza adversários e depois pede apoio a eles. “Ele fez isso com o João Castelo, com o Aécio Neves, com o Jackson e com vários outros. A história política de Flávio Dino é direcionada pelo oportunismo político”, disse.

E ressaltou, ainda, que não cabe a ele expor os detalhes do acordo entre os políticos maranhenses. “Não sou eu quem devo apresentar as particularidades do que foi conversado entre José Sarney e Flávio Dino. Mas houve, sim, acordo e o povo do Maranhão vai presenciar esses detalhes futuramente”, reiterou.

Ex-sarneysta, Braide apoia aliança entre Dino e Sarney: ‘Política é a arte do diálogo’
Política

Para deputado, troca de críticas entre os políticos serviu apenas para colocar o Maranhão em atraso

Fora do núcleo sarneysta desde a chegada de Flávio Dino (PCdoB) ao Governo do Maranhão em 2014, quando ocupou a função de líder do blocão do Palácio dos Leões pelo período de um ano, o deputado federal Eduardo Braide (PMN-MA) declarou apoio à aliança entre o comunista e o ex-presidente da República José Sarney (MDB-MA), divulgada pelo próprio governador, segundo ele em prol da democracia brasileira.

Em entrevista a rádio Mirante AM, Braide se juntou ao coro de ex-sarneystas e defendeu que “política é a arte do diálogo”, e que a troca de crítica entre Dino e Sarney serviu apenas para colocar o Maranhão em atraso.

“Primeiro eu quero dizer que esse debate de um grupo A contra o grupo B, sempre foi desculpa de quem não quer trabalhar. Política é a arte do diálogo. Eu quero acreditar que isso sirva de marco para que acabe essa crítica de um lado e do outro que na minha opinião só serviu para atrasar o estado”, declarou.

Apesar de agora defender a aliança entre o comunista e emedebista, nas eleições de 2016, quando terminou em segundo colocado na disputa pela Prefeitura de São Luís, publicamente, Braide se declarava contrário à qualquer aliança com os Sarney - buscando aproximação, segundo revelou à época o deputado Adriano (PV), nos bastidores.

Com a mudança pública de posicionamento, é provável que o deputado federal firme aliança pública com o clã em eventual nova tentativa de ser eleito prefeito da capital, nas eleições de 2020.

Adesão a Sarney marca 6 meses do segundo governo Dino
Editorial

Comunista buscou oligarca, a quem culpava como responsável pelo atraso do Maranhão, alegando diálogo sobre a democracia do Brasil

Confirmado em 2014 e reconfirmado em 2018 como novo Capo di tutti capi (ou Capo dei capi) – expressão utilizada para designar “o chefe de todos os chefes” – do Maranhão, o governador Flávio Dino (PCdoB) sempre teve em sua base aliada na Assembleia Legislativa e Congresso Nacional todos os sarneystas que nasceram e cresceram politicamente sob as hostes da chamada oligarquia cinquentenária, mas nada se comparava a um dia estar ao lado e virar aliado do ex-chefão do clã: o próprio José Sarney (MDB-MA).

Em seis meses de seu segundo mandato à frente do Palácio dos Leões, não falta mais.

Segundo postou o próprio Dino no Twitter, ele deixou o discurso de lado e buscou e conseguiu encontro com Sarney com o objetivo de dialogar com o oligarca – o comunista, frisa-se, na publicação, não se referiu ao emedebista com esse adjetivo – sobre o quadro político nacional e o risco que corre a democracia do Brasil.

Novamente: Flávio Dino não foi falar sobre, segundo ele acusava até dia desses, a responsabilidade de Sarney sobre o atraso do Maranhão, nem sobre os desvios de dinheiro público pelos governos sarneystas, muito menos sobre a participação de Sarney na ditadura militar. O diálogo foi sobre como podem trabalhar juntos pela democracia brasileira.

Ou seja, de câncer da política, José Sarney passou a ser inspiração e aliado. Tudo pelo bem do povo, quer fazer crer Flávio Dino.

Para ex-sarneystas, agora batizados como dinistas, o encontro representa um marco na história política do Maranhão e o amadurecimento político de seu novo chefe maior, em apenas seis meses de seu segundo mandato no comando do Executivo estadual. Para o deputado estadual Wellington do Curso (PSDB), porém, único independente e a destoar de todos os outros agentes políticos do estado, a adesão de Dino a quem jurava ser maior desafeto, sob a alegação de luta pelo bem da democracia, representa o principal ato de incoerência da história política do governador do Maranhão.

Colocando na balança, tem razão apenas Wellington: que políticos não tem inimigos, mas adversários, tudo bem, é justificável. Mas nada custa o político ter vergonha na cara.

Wellington critica Dino por encontro com Sarney: ‘Falta coerência política’
Política

Deputado lembrou que comunista apontava ex-presidente como responsável pela atraso no Maranhão e se referia a ele como aliado da ditadura militar

O deputado estadual Wellington do Curso (PSDB) criticou o governador Flávio Dino (PCdoB), em discurso na Assembleia Legislativa nesta quinta-feira 27, pelo encontro com o ex-presidente e ex-senador da República José Sarney (MDB-MA), até então seu maior desafeto político no Maranhão e fora do estado.

Para o tucano, Dino agiu com incoerência ao se reunir com Sarney, segundo divulgou o próprio comunista, para tratar sobre o quadro nacional e possíveis riscos à democracia brasileira – numa indireta ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

“O discurso de Flávio Dino era a tônica que o Sarney destruiu o Maranhão durante 40 anos, que o Sarney era a praga do Maranhão, era o atraso do Maranhão. E ele agora vai se aconselhar com Sarney?! Falta coerência política. Eu, sinceramente, não compreendi ainda. Como que Sarney era o atraso para o Maranhão e o atraso para o Brasil, que o Sarney fazia parte da ditadura, que Sarney era um atentado à democracia, e agora ele vai tomar bênção para Sarney?”, questionou.

Ainda segundo Wellington, a motivação para a abertura de diálogo entre Flávio Dino e José Sarney ainda não está esclarecida.

“O que está por trás dessa conversa? É defesa das pessoas mais pobres, é a dos desempregados? Tem maracutaia, aí tem alguma coisa errada”, disse.

“Não foi Sarney que foi atrás de Flávio Dino. Flávio Dino é que foi atrás de Sarney. Eu não consigo compreender como que Flávio Dino dizia que Sarney era o atraso do Maranhão e agora foi em busca do atraso do Maranhão. O que mudou? Ele quer trazer o atraso de volta de Maranhão? Ou ele reconhece que não era atraso e ele tinha uma única sede, um único desejo, uma única fome, que é a fome pelo poder?”, completou.