Embora classifique hoje a família Sarney de oligarquia, e a acuse de ser a culpada pelos baixos índices sociais que predominam no Maranhão, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) já pensou diferente, quando foi uma das principais legendas que deu sustento aos dois primeiros mandatos da governadora Roseana Sarney (PMDB).
Na época filiada ao extinto PFL [hoje DEM], foi com a aliança mantida com os comunistas que a filha do senador José Sarney foi eleita pela primeira vez governadora do Maranhão, em 1994, e reeleita em 1998.
Três cargos do governo de Roseana pertenciam ao PCdoB. O de gerente regional de Santa Inês, comandado por Marcos Kowarick – emplacado depois no Incra Nacional por articulação de José Sarney; o de presidente do Instituto de Terras do Maranhão (Iterma), entregue a Stefano Silva Nunes; e o de diretor fundiário do Iterma, Eurico Fernandes.
Oposição de ocasião
A primeira quebra da aliança Sarneys/PCdoB só ocorreu em fevereiro de 2002, em Cururupu, após os comunistas seguirem as ordens da Direção Nacional, que havia fechado uma coligação com o PT, para apoiar Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República. Roseana era pré-candidata ao mesmo cargo, com o apoio do PSDB – que a traiu em seguida, com o Caso Lunus. Ela optou então por outra vaga, sendo eleita ao Senado Federal.
Passados apenas seis anos, em 2008, com Dino eleito deputado federal sob auxílio financeiro dos convênios firmados pelo ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB) – que também elegeu Jackson Lago (PDT), a antiga aliança com Roseana Sarney foi refeita.
Como Lago ainda não havia sido cassado, o plano era ganhar a Prefeitura de São Luís contra o tucano João Castelo, e ser o principal cabo eleitoral de Roseana nas eleições de 2010 e reeleição em 2014. Caso fosse derrotado – como de fato foi – o comunista iria ocupar a Casa Civil, e depois a Secretaria de Estado de Infraestrutura, para dar prosseguimento ao plano. A aliança chegou a ser confirmada pelo ex-ministro dos Esportes, Orlando Silva, em entrevista à TV Bandeirantes.
Em 2009, quando Roseana voltou à cadeira do Executivo após a cassação do mandato de Jackson Lago, o Partido Comunista do Brasil exigiu algo a mais que a simples manutenção do comunista Eurico Fernandes à frente da secretaria de Estado de Direitos Humanos. O novo acordo, porém, não chegou a ser concretizado, pela negativa de Roseana em ceder as exigências do PCdoB, que queria ainda voltar ao comando da Iterma e de bônus levar o da Caema (Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão).
Como a aliança não foi firmada, os comunistas maranhenses resolveram então virar oposição, concorrendo pela primeira vez contra os Sarneys em 2010, e agora novamente, em 2014.
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