“Vamos pegar um ônibus agora? Vamos descer para a Cidade Operária, nós dois? Vamos agora pegar um ônibus?”. Foi com desafios como esse que o deputado estadual Wellington do Curso (sem partido) enquadrou o deputado estadual Edivaldo Holanda, o Holandão (PTC), nessa terça-feira 29, em discurso em que atropelou o pai do prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior (PDT). Foram 17 minutos de massacre.
O desafio foi feito durante debate em que Wellington demonstrou insatisfação com o aumento da tarifa do transporte público na capital, aplicado por Edivaldo na Sexta-feira Santa 25, mesmo diante da precariedade dos serviços que são ofertados à população.
“Quantas vezes o prefeito foi para TV para dizer que tinha melhorado o transporte público? Não é o transporte da propaganda enganosa, é o transporte real. Estou falando é do Gancharia, do Parque Vitória, do Jardim Tropical, São Francisco, estou falando de ônibus de verdade. Dos ônibus que têm goteiras, que não têm assentos seguros e outros que estão dando prego pela cidade. Vossa excelência sabe o que é um ônibus, as configurações, mas talvez não tenha percebido que em todos os ônibus há uma placa no interior que tem especificado o número máximo, superlotação, geralmente 43 ou 60 lugares. Venho aqui desafiar e analisar a aplicabilidade desse princípio. Vamos pegar um ônibus agora? Vamos descer para a Cidade Operária, nós dois? Vamos agora pegar um ônibus? Vamos agora?”, desafiou.
Para Wellington do Curso, se comparado com o número máximo de passageiros permitidos nos coletivos com a super lotação enfrentada pela população, o preço da passagem cobrado pelas empresas de ônibus deveria ser, no máximo, R$ 1,50. A referência foi feita ao comentar sobre a linha BR-135, que além de demorada, é uma das mais lotadas, principalmente ao chegar aos terminais de integração.
“Dois corpos não ocupam dois lugares, então não sei como explicar o fato de quase 100 pessoas dividirem o espaço que foi projetado para 50. E pior, dividem dois espaços por R$ 2,90. No mínimo, uma passagem em São Luís, pelo descaso, pelo abandono, pela forma como vivemos, deveria ser pelo menos R$ 1,50”, criticou.
O deputado usou ainda como exemplo usuários que precisam sair de casa ainda na madrugada para conseguirem chegar nos locais de trabalho a tempo, inclusive um funcionário do Legislativo estadual, que teria criticado o valor da passagem aumentado por Edivaldo Júnior.
“Meu jovem entregador de Diário da Assembleia, o senhor anda de ônibus, o senhor tem se lamentado pelo valor da passagem, o deputado Edivaldo não se lamenta. Por quê? Porque não faz diferença nenhuma. Ele não é uma empregada doméstica que sai do Anjo da Guarda, às 4 horas da manhã para trabalhar em um salão de beleza no Calhau, para chegar 8 horas e pagando uma passagem altíssima. Experimente o transporte público de São Luís, mas experimente de verdade, aquele que a população usa, não o que Edivaldo mostra na propaganda”, desafiou novamente.
O pai do prefeito de São Luís, contudo, não aceitou o desafio. Será por quê?
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