A Secretaria de Estado da Segurança Pública precisa abrir investigação urgente para descobrir onde foram parar as máquinas caça-níqueis que sumiram de uma casa de jogos de azar clandestina localizada nas proximidades do Mercado Central, em São Luís, sob risco de estar acobertando a possível participação de autoridades policiais na Máfia dos Caça-níqueis.
Na última terça-feira 4, por ser de sua circunscrição, o delegado Joviano Furtado de Mendonça, titular em exercício na 1ª DP, esteve diligenciando no local acompanhado de dois investigadores de polícia e um motorista, após receber suposta denúncia de que o investigador de polícia José Vieira da Costa Júnior, da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), e seu parceiro, identificado apenas pelo prenome Augusto, estariam extorquindo os donos do estabelecimento.
Ocorre que, apesar da gravidade na acusação do delegado contra o investigador de polícia da DFRV, que foi preso, o juiz acabou relaxando o flagrante pelo fato do próprio Joviano Furtado, estranhamente, configurar na ação policial como condutor e testemunha, e não ter a prova material da suposta extorsão. Chama atenção ainda o fato do delegado não haver autuado os contraventores, não ter lacrado o local, ter ficado de posse da chave do estabelecimento e não ter apreendido as máquinas caça-níqueis.
Em tese, houve prevaricação da autoridade policial, por não cumprir o que prevê o artigo 6º do Código de Processo Penal.
Toda a trama foi descoberta na quarta-feira 5, quando policiais do Departamento de Combate ao Crime Organizado da Superintendência Estadual de Investigação Criminal (Seic) estiveram no Mercado Central, para catalogar e recolher as máquinas caça-níqueis. No local, onde coincidentemente já se encontrava à porta o delegado Joviano Furtado, os agentes foram proibidos por ele de continuar os trabalhos, e acabaram descobrindo, após arrombar a porta do estabelecimento, que o bingo clandestino não havia sido lacrado como afirmara Furtado e todas as máquinas caça-níqueis já havia sido retiradas.
Como Furtado estava sem sua equipe, mas sozinho no local no momento da chegada dos agentes — e de posse da chave do bingo clandestino — há suspeitas de que ele tenha sido informado sobre a ação da Seic, e tentado se antecipar.
O caso é ainda mais obscuro pelo fato do delegado-geral da Polícia Civil, Lawrence Melo, em entrevista ao blog do Gilberto Léda, ter tentado jogar panos quentes na confusão, ao afirmar que “parece” que houve apenas um “desentendimento” entre o delegado Joviano Furtado e os policiais da Seic.
Por conta de puro corporativismo, o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) do Estado do Maranhão e a Associação dos Delegados de Polícia Civil (Adepol) do Estado do Maranhão, entidades representativas das duas classes, emitiram notas em que ensaiam acusações mútuas de corrupção, por parte dos envolvidos no caso.
O fato é que o secretário Jefferson Portela, que é delegado, bem como o delegado Lawrence Melo, precisam deixar o corporativismo de lado e convocar uma coletiva para responder à sociedade o porquê de Joviano Furtado ter ficado de posse da chave do bingo clandestino, onde foram parar as máquinas caça-níqueis que estavam no local, por que os interventores não foram autuados e por que o investigador de polícia foi preso sem prova material de que cometeu o crime de extorsão. E mais ainda: quanto fatura e quem é o verdadeiro dono da casa de jogos de azar — e possivelmente de outras mais — que está causando tamanho conflito entre delegados e policiais.
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