O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), criticou a Lava Jato, em entrevista em seu gabinete à Dinheiro, que circula nas bancas neste fim de semana. A operação é comanda na Justiça Federal pelo juiz Sérgio Moro, de Curitiba, que já colocou atrás das grades 93 políticos corruptos e empreiteiras corruptoras que trajavam o manto da imunidade no país.
Para o comunista, a Lava Jato teria cumprido um papel importante para o país somente em seu início. Em indiretas a Moro, Dino ainda condenou as prisões preventivas determinas pelo magistrado que resultaram em delações premiadas.
“É uma operação que começou corretamente e que cumpriu um papel importante para o país na elucidação de problemas graves, sobretudo na Petrobras. Mas, de uns tempos para cá, a meu ver, acabou incursionando em caminhos que levaram a questionamento muito agudo de determinadas atitudes. Sobretudo um certo uso de heterodoxia jurídica, que não é bom para o país e coloca em xeque um princípio, que é fundamental, inclusive, para o mundo dos negócios, que é o da segurança jurídica. Se o agente público de plantão pode fazer regras ao seu gosto, isso não interessa ao país. Há exageros. Exemplifico com as prisões preventivas que são utilizadas para extrair delação premiada. Há uma jurisprudência nunca antes vista no Brasil. Eu fui juiz por 12 anos e posso afirmar isso”, declarou.
Ainda à Dinheiro, Dino avisou que, assim como em 2016, os servidores públicos estaduais não terão qualquer reajuste salarial no próximo ano. Segundo o governado do Maranhão, o reajuste só será possível, e isso apenas em algumas categorias, se houver a aprovação do projeto de lei de alongamento da dívida com a União e o BNDES. Se aprovado, diz ele, o governo terá uma folga de caixa de R$ 200 milhões.
“Ainda estamos fazendo contas. Depende da votação do projeto de lei de alongamento da dívida com a União e o BNDES. Se aprovado, nos dará uma folga de caixa pequena de R$ 200 milhões que, eventualmente, pode ser utilizada para aumentar o salário de algumas categorias. Não há condições de fazer um reajuste geral”, alertou
Como em toda e qualquer outra entrevista, o chefe do Executivo estadual aproveitou para criticar a família Sarney e a TV Mirante que, embora já tenha recebida altas somas da Comunicação em seu governo – esse relação ele não contou à Dinheiro e nem conta a qualquer outro veículo de comunicação, ressalta-se -, estaria sendo utilizada pela clã para combater seu governo.
“São nossos adversários políticos. Eles combatem ferozmente o nosso governo, diariamente, com um grupo de mídia bastante amplo (o principal veículo é a TV Mirante, afiliada da TV Globo no Maranhão). Nós temos uma visão de que os recursos públicos não são patrimônio de poucos e eles praticaram exatamente isso, o que explica a concentração de riqueza no Maranhão e os piores indicadores sociais do país”, analisa.
Antes de finalizar a entrevista, questionado se disputará a reeleição ou não ao Palácio dos Leões em 2018, Dino foi enigmático, em comentário que mais parece de alguém que está marcado para morrer. “Serei, se eu estiver vivo”.
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