O secretário estadual de Educação, Felipe Camarão. Foto: Divulgação

Camarão deixa faltar professores em todas as escolas de Açailândia

Promotoria denuncia que ano letivo de 2016 não foi concluído. Problema continua em 2017. Investigação aponta inexistência de docentes em todas as disciplinas

Uma investigação do promotor de Justiça Gleudson Malheiros Guimarães, da Comarca de Açailândia, descobriu que o secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão, deixou faltar professores em todas a rede estadual pública de ensino em Açailândia, durante o ano de 2016, e que o descanso ainda permanece neste ano. A inexistência dos docentes acontece em todas as disciplinas: Português, Inglês, Espanhol, Geografia, História, Física, Química, Matemática, Biologia, Sociologia, Filosofia, Educação Física e Artes.

A constatação levou o Ministério Público a denunciar o Estado do Maranhão na Justiça, na última quinta-feira 24. Na ação, o Parquet destaca que, por conta do déficit de professores, o ano letivo 2016 ainda não foi concluído nas escolas estaduais que ficam no município — baixe o documento.

De acordo com o MP-MA, a situação foi agravada em maio do ano passado, quando centenas de professores tiveram seus contratos rescindidos por impossibilidade de nova prorrogação. “Se a carência de professores já causava prejuízo às aulas desde o início do ano, após a rescisão desses contratos no meio do ano se abriu um imenso ‘buraco no quadro de professores’ e imediato prejuízo ao ano escolar de 2016, com paralisação total das aulas na zona rural e várias escolas da sede sem professores em várias disciplinas”, observou o promotor.

Para o Parquet, “apesar da rescisão contratual ser medida totalmente previsível, houve total falta de planejamento por parte da Secretaria de Estado da Educação, cujo reflexo imediato foi o prejuízo à comunidade estudantil”.

O descaso, diz o MP-MA, ocasionou o não cumprimento da carga horária mínima de 800 horas distribuídas em 200 dias letivos em 2016. Negligenciando a situação, a Seduc, comandada por Camarão, iniciou o ano letivo de 2017 na rede estadual de Açailândia em fevereiro, mesmo com falta de professores. A reposição das aulas do ano passado, que deveria acontecer em paralelo, não aconteceu.

O Ministério Público ressalta na ação que, além da falta de conteúdos que deveriam ter sido ministrados, os alunos são prejudicados porque as escolas não podem encerrar formalmente o ano de 2016 e nem emitir documentos relativos a ele. Os afetados, aponta, são adolescentes de 14 a 17, além de jovens entre 18 a 20 anos. “A negligência com o processo cognitivo dos adolescentes, principalmente de áreas pobres ou menos desenvolvidas, é absurda e infelizmente limita a capacidade, criatividade e a habilidade de muitos jovens e crianças”, diz o promotor.

Pedidos

Em razão do descaso, o MP-MA requer que a Justiça determine, em medida liminar, que o Estado do Maranhão seja condenado a ofertar aulas regulares de todas as disciplinas, com provimento completo do quadro de professores para a oferta da carga horária. Foi requerida, também, a reposição dos conteúdos não ministrados no ano letivo de 2016.

A 4ª Promotoria de Justiça da Comarca de Açailândia pede que, em caso de aceita tutela antecipatória, havendo descumprimento da decisão, que seja imposta multa diária e pessoal a ser paga solidariamente pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e o secretário Felipe Camarão.

Além da regularização da situação, é requerida, ainda, a condenação do Estado do Maranhão ao pagamento de danos morais coletivos em valor a ser determinado pela Justiça. O dinheiro deve ser revestido ao Fundo Estadual de Proteção dos Direitos Difusos.

Para o promotor Gleudson Malheiros, “diante de tantas dificuldades, a lesão causada a esses educandos adentra a esfera extrapatrimonial, tendo em vista que a negação de um direito fundamental de tamanha envergadura gera nos estudantes e suas famílias intensa aflição diante da perda de conteúdos, e ainda ansiedade, angústia perante a incerteza de futuro, frustrações em vestibulares e concursos, desigualdade na oportunidade de avanço profissional, intranquilidade, além de baixa autoestima e sentimento de desvalor social”.


Comentários

2 respostas para “Camarão deixa faltar professores em todas as escolas de Açailândia”

  1. Avatar de Álvaro Pires
    Álvaro Pires

    Temos um Secretário De Educação
    Comprometido com o Dinheiro público
    Sério correto!! Temos que averiguar esse assunto! Se aproximar desse problema! Se é que existiu certamente será corrigido pelo secretário Felipe Camarão.

  2. Esse secretário play boy está deixando de oferecer transporte escolar à quase 8 mil alunos indígenas deste o início de 2016.E ministério público não faz nada principalmente o […] do Dr Juraci esse […] se omiti à garantir os direitos indígenas garantidos na Constituição e digo mais esse Governador pilantra meteu a mão nos recursos do BNDES que serviram pra construir as escolas indígenas,as tais escolas dignas prometidas por seu Governo ele deve ter socado no C…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *