Felipe Camarão
Felipe Camarão retira apoio a Fred Campos após aliança entre pré-candidato e Aluísio Mendes
Política

Vice-governador do Maranhão disse ao ATUAL7 que críticas a Paula Azevedo por aproximação com bolsonaristas servem também para o agora ex-aliado. Petista afirma que ficará neutro na disputa pela prefeitura de Paço do Lumiar em 2024

O empresário Fred Campos, pré-candidato a prefeito de Paço do Lumiar pelo PSB, partido do governador Carlos Brandão, perdeu o apoio de seu principal braço político na tentativa de comandar os cofres do município.

O vice-governador e secretário estadual da Educação, Felipe Camarão (PT), não faz mais parte do grupo do proprietário da poderosa Qualitech. O afastamento ocorreu após Campos firmar aliança com o deputado federal Aluísio Mendes e o Republicanos, classificados recentemente pelo petista como “manifestadamente bolsonaristas”, em crítica à prefeita Paula Azevedo (PCdoB), exatamente pela tentativa de aproximação da gestora luminense com o parlamentar e o partido.

“Diante desse apoio não posso incoerente. Mantenho minha palavra. Retiro-me das articulações e deixo a decisão com o diretório municipal do PT. E não farei em hipótese alguma, neste caso, campanha contra a Paula vez que minha crítica era pontual neste sentido. Logo, são dois aliados que apoiaram o governo e o que um vale para um tem que valer para o outro”, respondeu ao ATUAL7, ao ser questionado se manteria o posicionamento diante da movimentação do agora ex-aliado visando as eleições de 2024.

Felipe Camarão disse ainda que soube da aliança de Fred Campos com Aluísio Mendes e o Republicanos pelo próprio pré-candidato nessa terça-feira (26), por isso, decidiu ficar neutro na disputa pela prefeitura de Paço do Lumiar.

“Não tenho mais declarar apoio o Fred neste contexto”, reafirmou.

Em fevereiro, em entrevista ao programa Ponto Continuando, na Rádio 92.3 FM, o vice-governador classificou como “incompatibilidade ideológica” a tentativa de aproximação de Paula Azevedo com presidente do Republicanos no Maranhão.

“Me causou muita estranheza, de forma muito particular, a aliança com um partido bolsonarista, presidido pelo deputado federal Aluísio Mendes, que é um partido da base manifestamente bolsonarista, com uma deputada bolsonarista de Imperatriz [Mariana Carvalho] que fala mal todos os dias do presidente Lula, do governador Carlos Brandão, de Flávio Dino, e do nosso partido”, disse Camarão, durante o Ponto Continuando.

Questionado pelo ATUAL7, Fred Campos ignorou as críticas feitas por Felipe Camarão à aliança dele com bolsonaristas. Para o pré-candidato a prefeito, questionamentos feitos pela reportagem a respeito dos novos apoiadores, seriam apenas tentativas frustradas de provocar desavença entre ele e o vice-governador.

“Não cria briga minha com Felipe, não. Que tu não consegue”, desdenhou.

Pivô do afastamento, o deputado federal Aluísio Mendes rebateu o vice-governador do Maranhão. Sobre o julgamento de Camarão contra Paula Azevedo, ao ATUAL7, ele apontou inconsistência no posicionamento do petista maranhense, enfatizando que o Republicanos integra o governo do presidente Lula (PT) e que, no passado, o próprio Felipe Camarão fez parte do governo da hoje deputada federal Roseana Sarney (MDB).

“Não vi a colocação do vice-governador sobre isso, mas se houve acho que ele deveria também tirar o apoio ao presidente Lula, que fez do seu governo um governo de coalizão, inclusive com a participação do Republicanos que hoje ocupa uma pasta no ministério dos Portos e Aeroportos. Falta ao vice governador maturidade e coerência, logo ele que por anos esteve ligado ao grupo político da ex-governadora Roseana Sarney e hoje está travestido de petista”, disse.

O ATUAL7 buscou também o posicionamento do governador Carlos Brandão a respeito do assunto, mas o mandatário do Estado, que preside o PSB no Maranhão, não retornou o contato.

Família Brandão cogita candidatura de Orleans ao Palácio dos Leões em 2026
Política

Para Felipe Camarão será oferecido cargo de conselheiro no TCE do Maranhão. Corte de Contas terá duas vagas abertas nos próximos dois anos, em dezembro de 2026 e em janeiro de 2027

A família Brandão tem planos para continuar no comando do Palácio dos Leões após a saída de Carlos Brandão (PSB) do Governo do Estado, por pelo menos mais oito anos.

A ideia é que o mandatário permaneça na chefia do Executivo até dezembro de 2026, e apoie como sucessor o secretário de Estado Extraordinário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), com possibilidade de reeleição.

Caso permaneça no governo até o fim do mandato, cogita a família, além de escolher quem ocuparia a vaga de vice, Carlos Brandão poderá negociar as duas vagas ao Senado da chapa governista no pleito, o que fortaleceria o leque de alianças e o grupo, e dificultaria a formação de eventual oposição, atualmente inexistente. Hoje, os cotados são o deputado federal André Fufuca (PP) e a senadora Eliziane Gama (PSD).

Para Felipe Camarão (PT), secretário de Estado da Educação e atual vice-governador, por já estar acostumado aos círculos de poder, considerados inexistentes nos cargos de procurador federal da AGU (Advocacia-Geral da União) e de professor na Ufma (Universidade Federal do Maranhão, será oferecido um lugar ao sol: o TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Maranhão.

A indicação, caso confirmada, pode ser tanto para a vaga do conselheiro Jorge Pavão, que em novembro de 2026 completará 75 anos, idade-limite para permanecer na corte, quanto na vaga do conselheiro Álvaro César, que tem previsão para deixar o tribunal em janeiro de 2027, também por aposentadoria-compulsória.

No caso de Pavão, a vaga pertence à Alema; a de Álvaro, ao próprio Executivo, de livre escolha do governador.

Filho do diretor de Relações Institucionais da Assembleia Legislativa do Maranhão, Marcus Brandão, Orleans é sobrinho do governador.

No mandato do tio, é Orleans Brandão quem controla recursos de leis de incentivo e para obras. Diariamente, para marcar presença estadual, quando não está sendo homenageado, está participando intensivamente de inaugurações e assinaturas de ordem de serviços em municípios ou despachando com prefeitos e lideranças políticas no gabinete.

Pela Constituição, parente em até segundo grau ou por adoção de chefe do Poder Executivo, que já não esteja exercendo mandato, não pode se candidatar a qualquer cargo eletivo no território de jurisdição do titular. A regra de inelegibilidade, porém, não se aplicaria a Orleans Brandão pelo fato de que ele é sobrinho de Carlos Brandão, portanto, parente em terceiro grau.

Educação sob Felipe Camarão deixa cerca de 120 indígenas assistindo aulas sentados no chão desde 2016
Cotidiano

Escola estadual na Terra Indígena Araribóia, em Amarante do Maranhão, também não possui banheiros nem cantina. Unidade será reformada após MPF conseguir decisão liminar na Justiça Federal

Cerca de 120 alunos da Escola Estadual Indígena Tawine, situada na aldeia Guaru-hu, Terra Indígena Araribóia, no município de Amarante do Maranhão, assistem às aulas sentados no chão há mais de sete anos.

A informação é do MPF (Ministério Público Federal) do Maranhão, que divulgou na última sexta-feira (2) ter conseguido decisão liminar na 2ª Vara Federal Cível e Criminal da Subseção Judiciário de Imperatriz obrigando a gestão estadual a garantir o direito fundamental à educação escolar adequada.

O prazo para cumprimento da determinação judicial é de 60 dias, sob pena de multa diária.

A Seduc (Secretaria de Estado da Educação), responsável por políticas públicas para qualidade do ensino e acesso à educação no âmbito estadual, é comanda pelo agora também vice-governador Felipe Costa Camarão (PT) desde março de 2016, ano que a comunidade fez as primeiras solicitações de providências para a reforma da escola, segundo o MPF. Os pedidos, porém, foram todos ignorados, e parte da estrutura da unidade desmoronou, dois anos depois.

Um inquérito civil foi instaurado pelo MPF para acompanhar a situação em 2019, a partir de representação feita pelo cacique Osmar Paulino Guajajara, alertando para o fato de que os alunos da escola assistiam às aulas sentados no chão, além da inexistência de banheiros e cantina na unidade escolar.

“A situação seria ainda mais grave se o teto da escola não tivesse sido reformado com auxílio da comunidade local”, pontuou o procurador da República Felipe Ramon da Silva Fróes, autor da ação.

Antes de acionar a via judicial, o MPF tentou medidas extrajudiciais junto às Seduc, que respondeu ter solicitado a reforma à Sinfra (Secretaria de Estado da Infraestrutura), à época sob o comando do secretário Clayton Noleto. Como houve demora na apreciação da solicitação, o órgão pediu informações a respeito, mas a pasta alegou não ser mais da sua competência a execução de obras da área da educação, que tinha voltado a ser da própria Seduc, conforme decreto estadual de 2020 editado pelo então governador Flávio Dino.

Dessa forma, foi encaminhado novo ofício à Seduc solicitando que prestasse esclarecimentos e justificasse o motivo da demora para a realização das obras. Mas, em 2020, a secretaria comandada por Felipe Camarão alegou que não poderia realizar a reforma em virtude da situação de emergência e calamidade pública ocasionada pela pandemia da Covid-19, e que a obra seria reprogramada para o ano seguinte. Entretanto, alegou depois não poder atender ao pedido devido à alta demanda de obras educacionais em todo o estado do Maranhão.

Novamente acionada em 2022, a Seduc respondeu que teria realizado visita técnica na na Escola Estadual Indígena Tawine em outubro daquele ano, constatado a necessidade da reforma solicitada e que a obra entraria para o planejamento da pasta por meio de processo licitatório. Como não houve avanços na promessa, em 2023, o MPF expediu nova recomendação, mas não recebeu resposta sobre a licitação para a contratação de empresa para a realização da reforma.

Diante do descaso e desdém de Camarão, o MPF propôs uma ação junto à Justiça Federal, que concedeu a liminar no último dia 31 de janeiro determinando inicio das obras.

Ao ATUAL7, o secretário de Educação afirmou que o Estado deve cumprir a decisão.

“Não vamos recorrer e a Sinfra fará a reforma”, disse.

Procurada, a Secretaria de Infraestrutura foi além de nova promessa e garantiu que “já iniciou a reforma da Escola Indígena Tawine, na zona rural de Amarante”.

STC manda Felipe Camarão fornecer dados sobre comissionados da Educação
Política

Solicitação via LAI vinha sendo negada pelo secretário, que é também vice-governador do Maranhão. Ele tem até o próximo dia 18 de janeiro para fornecer as informações

A STC (Secretaria de Estado da Transparência e Controle) determinou na última quarta-feira (20) que o secretário Felipe Camarão (PT) forneça informações detalhadas a respeito de servidores comissionados da Seduc (Secretaria de Estado da Educação). A pasta tem o prazo de 20 dias úteis entregar os dados.

A decisão consta de resposta a um recurso do ATUAL7 em um pedido formulado com base na LAI (Lei de Acesso à Informação), mas que vinha sendo negado por Camarão desde o mês passado.

“Conheço, e dou provimento parcial ao presente Recurso de Instância”, determinou Raul Cancian Mochel, titular da STC, adotando relatório da OGE (Ouvidoria Geral do Estado).

No pedido, o ATUAL7 solicitou a relação completa dos servidores em cargos comissionados nomeados por Camarão na Educação ao longo de 2023, com detalhamento incluindo nome completo, cargo, data de nomeação, gênero, raça, salário e lotação atual, de cada. A pasta voltou a ser comandada pelo vice-governador do Maranhão desde o mês de março.

Apenas os dados relativos à gênero e raça tiveram a solicitação indeferida, por alegada força de regras da própria LAI sobre dados pessoais e da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) que, embora imprescindíveis para o controle social sobre políticas afirmativas, considera essas informações como sensíveis.

Antes da determinação da STC, a Secretaria de Educação havia negado por duas vezes as informações solicitadas, sob a alegação genérica de que todos os atos de nomeação são regularmente publicados no DOE (Diário Oficial do Estado) e no Portal da Transparência.

“Não cabe à Administração dispender recursos pessoais e financeiros para atender interesses pessoais que podem ser alcançados pelo próprio cidadão que dispõe de tempo suficiente para buscar o que for de seu interesse”, respondeu.

Em ambas negativas, registradas nos dias 1º e 23 de novembro, as respostas no e-SIC (Serviço Eletrônico de Informações ao Cidadão) foram redigidas pelo secretário adjunto de Gestão de Pessoas da pasta, Vítor Pflueger Pereira dos Santos, o que irregular.

De acordo com o texto da LAI, recursos devem ser respondidos por autoridade hierarquicamente superior à que negou acesso à informação.

A violação à Lei de Acesso por Felipe Camarão foi repreendida por Raul Mochel. Na resposta ao recurso do ATUAL7 em 2º Instância, ele mandou o secretário de Educação cumprir a norma.

“Determino, ainda, o encaminhamento dos autos à Ouvidoria Geral do Estado para inserção desta decisão no Sistema e-SIC e o envio de expediente ao Secretário de Estado da Educação para ciência e cumprimento, no prazo de até 20 (vinte) dias úteis, para que Sua Excelência determine que doravante seja observado o disposto no § 1º do art. 11 da Lei Estadual nº 10.217/2015, a fim de que o Recurso de 1ª Instância seja julgado por autoridade hierarquicamente superior àquela que proferiu a decisão impugnada”, escreveu o titular da STC.

Pela decisão, devem ser fornecidos até o próximo dia 18 de janeiro os nomes completos e as datas de nomeações dos servidores nomeados por Camarão em 2023.

A posse dos dados possibilitará o cruzamento de informações do Portal da Transparência sobre cargo, salário e lotação atual de cada comissionado. A consolidação desses dados revelará ainda quem foi nomeado na Educação após o vice-governador voltar a comandar a pasta, e facilitará análises sobre o funcionamento da pasta.

LAI

A Lei de Acesso à Informação foi criada em 2011 pela presidente Dilma Rousseff (PT). No âmbito do Executivo estadual, foi regulamentada pelo então governador Flávio Dino (PSB), em 2015.

Qualquer pessoa física ou jurídica pode fazer um pedido de acesso à informação para os órgãos do Executivo, Legislativo, Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público. Também para entidades privadas sem fins lucrativos que recebam dinheiro público para realizar projetos.

De acordo com a LAI, o prazo de resposta é de até 20 dias, que pode ser ser prorrogado por mais 10 dias, mediante justificativa expressa e comunicação ao solicitante. A negativa de acesso deve ser justificada e cabe recurso, no prazo de dez dias, que deve ser respondido em até cinco dias.

Recusar-se a fornecer a informação requerida nos termos da LAI, retardar deliberadamente o fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa podem caracterizar condutas ilícitas que ensejam responsabilidade do agente público.

Camarão vai orientar CEE-MA a alterar ou revogar norma usada pelo Educallis para negar matrícula à criança autista
Política

Resolução publicada há mais de duas décadas estimula a inclusão de apenas até três alunos com deficiência por turma regular. Prática é inconstitucional e configura crime. Órgão vai reunir conselheiros para analisar ocorrido

O vice-governador e secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão (PT), afirmou neste domingo (5) que vai defender junto ao CEE (Conselho Estadual de Educação) do Maranhão que a resolução que estimula a inclusão de apenas até três alunos com deficiência por turma regular seja reformada ou anulada pelo órgão.

“Vou orientar e requerer, formalmente, a alteração ou revogação da mesma”, afirmou ao ATUAL7, em resposta a questionamento sobre o uso da norma na última sexta-feira (3) pelo Colégio Educallis, da rede de ensino particular de São Luís, para negar a matrícula a um menino autista de cinco anos.

De acordo com Camarão, o documento será enviado ao CEE-MA nesta segunda-feira (6).

Também está prevista para amanhã reunião do Conselho Estadual de Educação para analisar o ocorrido, segundo o presidente do órgão, Roberto Mauro.

Ao ATUAL7, ele disse que o encontro será apenas preparatório, com alguns conselheiros. Questionado sobre quais já teriam a presença confirmada, e o horário da reunião, ele não respondeu. Uma plenária com todo o colegiado, marcada para a próxima quinta-feira (9), ainda segundo Mauro, segue mantida, mas também sem confirmação de horário.

“Vamos ter uma reunião preliminar com alguns Conselheiros antes de reunir nosso Colegiado”, disse.

Criado pela Lei Estadual 2.235/1962, alterada pela Lei 8.720 /2007, o Conselho Estadual de Educação é um órgão colegiado de caráter normativo, consultivo, deliberativo e propositivo. É composto por 15 membros titulares e 7 suplentes, nomeados pelo mandatário do Estado, dentre pessoas consideradas de notório saber e experiência em matéria de educação. Em tese, devem participar do órgão mantido com recursos da SEDUC (Secretaria de Estado da Educação) o Poder Público, as entidades mantenedoras dos estabelecimentos escolares, professores, mães e pais de alunos e representantes de instituições de ensino superior públicas estaduais e municipais.

A discriminação contra a criança diagnosticada com TEA (Transtorno do Espectro Autista) foi denunciada pelo pai do menino em vídeo divulgado nas redes sociais. Na gravação, uma funcionária do Educallis aparece afirmando ter vagas disponíveis no colégio, mas apenas para alunos neurotípicos, isto é, que apresentam o desenvolvimento neurológico dentro dos padrões regulares e esperados para a idade –fato reafirmado pela própria unidade particular de ensino em nota sobre o episódio, embora sob alegação de não ter recusado matricular o menor.

O nome do pai será omitido para preservar a identidade do menino.

Instituída há mais de duas décadas, e mantida até hoje apesar de protestos de mães, pais e responsáveis por alunos autistas, a resolução 291/2002 do CEE-MA, utilizada pelo Educallis, não tem amparo legal nem jurisprudencial, e é inconstitucional.

Obsoleta, a norma ainda se refere à PCD (pessoa com deficiência) como “portador de deficiência”, expressão desumanizante e capacitista atualmente desaconselhável pois coloca o foco na deficiência, em vez da pessoa. O capacitismo é uma forma de discriminação que afeta pessoas com deficiência e limita sua participação plena na sociedade.

Os direitos dos autistas estão respaldados na Constituição, com aplicabilidade imediata e imperativa por serem fundamentais, assegurando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza; na Convenção Internacional e no Estatuto da PCD; na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional); e na lei que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA, dentre outras matérias já pacificadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Diversamente do que impõe a resolução do CEE do Maranhão, não existe limite legal de vagas para alunos com deficiência por turma. Ao contrário: o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) garante “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”. O conceito de educação inclusiva parte da premissa que todos os estudantes –com ou sem deficiência– podem aprender juntos. Logo, existindo vaga disponível, negar matrícula a estudante autista, considerado legalmente pessoa com deficiência, para todos os fins legais, configura crime.

De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (13.146/2015), constitui crime punível com reclusão de até cinco anos e multa recusar, cobrar valores adicionais, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, em razão de sua deficiência.

A alegação de que não recusou matrícula e que ainda ofertou ao pai a inclusão da criança em uma lista de espera, feita de forma oficial pelo Educallis, portanto, pode ser enquadrada como procrastinação e coação para desistência da vaga, o que é crime e pode ter pena agravada em 1/3 quando praticado contra pessoa com deficiência menor de 18 anos.

A autoridade competente pela gestão do colégio, segundo a Lei Berenice Piana (12.764/2012), pode também ser punida com multa de até 20 salários-mínimos –e perder o cargo, em caso de reincidência.

Além disso, apesar de, segundo relatou o pai, o filho autista ter sido aprovado em todos os testes do colégio, conforme a legislação brasileira (7.853/1989), em vez de submeter o aluno autista a processo seletivo, deve haver apenas avaliação de cunho pedagógico e de acolhimento pela unidade de ensino. Qualquer prática diferente, é discriminatória, passível também de multa e prisão.

Como denunciar negativa de matrícula para PCD

Familiares e responsáveis que estejam encontrando dificuldades para garantir os direitos de autistas devem recorrer ao Ministério Público, à Polícia Civil ou à Defensoria Pública. Também à Comissão Estadual de Educação.

No caso de impedimentos na rede particular, deve ser oficiado também o Procon (Instituto de Promoção e Defesa do Cidadão e Consumidor).

É preciso reunir provas da discriminação –como, por exemplo, a gravação feita pelo pai e a nota do Colégio Educallis confirmando que havia vagas disponíveis, e mesmo assim rejeitou a matrícula da criança por ser autista baseada em norma incompatível com a Constituição e o regramento legal do país.

No âmbito judicial, há três caminhos possíveis para garantia da matrícula: mandado de segurança; ação de obrigação de fazer, com pedido de antecipação de tutela; ou uma ação civil pública, por se tratar de direito coletivo, que pode ser proposta por associações civis, seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, Defensoria Pública e Ministério Público.

Felipe Camarão vai substituir Carlos Brandão no comando do Palácio dos Leões pela 3ª vez
Política

Com nova interinidade, vice-governador somará 24 dias no cargo de governador em exercício em menos de um ano

O secretário estadual de Educação e vice-governador do Maranhão, Felipe Camarão (PT), vai comandar interinamente o Palácio dos Leões pelo período de uma semana, a partir da próxima segunda-feira (2). Ele ficará no exercício do cargo até o domingo (8).

Em menos de um ano, será a terceira ocasião em que Camarão substituirá Carlos Brandão (PSB) no controle do Executivo estadual.

Desta vez, o governador viajará para fora do país para participar da Fruit Attraction 2023. O evento ocorre em Madri, na Espanha, no período de 3 a 5 de outubro, e reunirá diversos profissionais da indústria de frutas e vegetais, além de oportunizar espaços para realização de negócios.

As substituições anteriores ocorreram em razão de viagens de Brandão para cuidar de assuntos particulares, em agosto; e para acompanhar o presidente Lula (PT) em viagem à China, para tratar sobre relações comerciais, em abril.

Ao todo, somando as interinidades anteriores com a prevista para a próxima semana, serão 24 dias de Camarão no cargo de governador em exercício em todo o período.

Também já assumiu interinamente o governo do Estado a presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputada Iracema Vale (PSB), segunda na linha sucessória. Ela ficou no cargo por cinco dias, no mês de fevereiro.

Na época, Brandão viajou para Paris, na França, para debater a candidatura do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses ao título de Patrimônio Natural da Humanidade. Também embarcou para Portugal, onde visitou o Vila Galé de Lisboa, hotel que terá uma unidade inaugurada no Reviver, em São Luís.

Camarão, no período, também cumpriu agenda fora do Brasil: em Açores, arquipélago autônomo de Portugal, e Cabo Verde, na África, para oficializar parceria para um voo comercial direto de Açores para o Maranhão.

Carlos Brandão sofre para formar secretariado e começar novo governo
Política

Após mistério inoportuno, mandatário tem anunciado os mesmos nomes para maioria do primeiro escalão. Com quase dois meses de nova gestão, governador maranhense ainda não tem realizações para apresentar balanço à população

A vitória em primeiro turno na disputa pela reeleição ao Palácio dos Leões e o totalitarismo imposto na Assembleia Legislativa do Maranhão não traduziram ao governador Carlos Brandão (PSB) capacidade para formação do próprio secretariado nem serviu ainda para mostrar qual a cara da nova gestão estadual.

Depois de passar cerca de cinco meses fazendo mistério inoportuno sobre os auxiliares que farão parte do primeiro escalão, dos pouco mais de 20 nomes anunciados a conta-gotas ao longo dos últimos dias, até o momento, a maioria é de quem já ocupava ou ocupou os mesmos cargos no Executivo, revelando a dificuldade do mandatário em encontrar novos nomes para compor o próprio governo.

Das poucas novidades, parte está longe de ter o conhecimento técnico prometido. Para a Indústria e Comércio, por exemplo, foi anunciado o ex-prefeito de Itaperu-Mirim, Antônio da Cruz Filgueira Júnior. O perfil de Júnior Marreca (Patriota), como é conhecido o futuro titular da Seinc, já condenado por improbidade, é melhor identificado em páginas do Ministério Público e órgãos de controle da internet, sempre relacionado à suspeita de vasta experiência em desvio de recursos públicos.

Além disso, até mesmo onde não há espaço para mudanças inesperadas, o governador maranhense tem mostrado inabilidade política para definir e anunciar quem serão seus auxiliares.

Pastas consideradas já definidas desde acordos de campanha com o PT e o PCdoB, como a devolução da Educação para o agora vice-governador Felipe Camarão e a continuação da Cidades e Desenvolvimento Urbano com Lene Rodrigues, por exemplo, ainda não tiveram os nomes oficializados.

A demora já provoca ruídos, provoca desavenças inconvenientes, desarticula quem criou expectativas em ocupar pasta turbinada –como o presidente da Câmara de São Luís, Paulo Victor (PCdoB), que aguardava prevalência no governo, mas foi reempacotado na Cultura–, e atrasa também o preenchimento de vagas dos segundo e terceiro escalões da máquina estadual.

Desordenada, a formação do novo secretariado tem sido ainda feita de trás para frente, como no anúncio da permanência do coronel Célio Roberto no Corpo de Bombeiros, enquanto o nome de quem comandará a Segurança Pública segue desconhecido.

Prestes a completar dois meses de nova gestão, o governador maranhense não conseguiu apresentar ainda sequer balanço de realizações para a população. O motivo: as únicas realizações concretamente já efetuadas foram as festas de recondução ao cargo e de Carnaval. Ainda assim, sem transparência sobre os gastos com o dinheiro público.

Alguns obras até foram entregues no período, mas integram a relação execuções sem relevância social nem econômica para o estado, mas apenas de cunho político, como reformas ou construção de prédios de Câmara de vereadores de municípios do interior maranhense.

Josimar Maranhãozinho se reaproxima do entorno de Flávio Dino após operação da PF contra aliados
Política

Elos foram refeitos com o vice-governador Felipe Camarão e com o deputado Márcio Jerry. Ação da Polícia Federal desbaratou suposto esquema da Othimu’s Distribuidora, de Adson Manoel e Márcio Hominho, em prefeitura do PL

Líder maranhense do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e do mensaleiro Valdemar Costa Neto, o deputado federal Josimar Maranhãozinho se organiza para voltar aos braços do ex-governador e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.

Nas últimas semanas, por meio de agendas diversas, o parlamentar tem buscado reaproximação com o entorno de Dino, de quem havia se afastado desde a campanha eleitoral de 2022, quando deixou o grupo dinista, foi alvo de operação espetaculosa e apoiou a candidatura do senador Weverton Rocha ao Palácio dos Leões.

Até o momento, os elos foram refeitos com o vice-governador maranhense Felipe Camarão (PT), apadrinhado do ministro e com quem recentemente o líder do PL no estado havia trocado farpas nas redes sociais por falta de merenda escolar em uma unidade da rede pública estadual no município de Junco do Maranhão, e com o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), um dos principais conselheiros políticos de Dino.

A movimentação já era esperada, por Maranhãozinho ser político do tipo camaleão, que se adapta de acordo com o ambiente, mas teve início logo após aliados de deputado serem alvo de operação da Polícia Federal no estado.

Batizada de Deterrimus, a ação da PF teve como objetivo desarticular suposto esquema criminoso que teria como principal beneficiária a Othimu’s Distribuidora, empresa de fachada localizada na Ilhinha, em São Luís, registrada nos nomes de Adson Manoel Silva Oliveira e Márcio Flávio dos Santos Abreu, o Márcio Hominho.

Ambos são filiados ao PL, por onde buscaram o comando de prefeituras maranhenses nas eleições de 2020. O primeiro disputou, sem sucesso, pela segunda vez consecutiva, a prefeitura de Turiaçu; e o segundo, também derrotado nas urnas, a prefeitura de Bacuri.

Segundo a investigação, eles teriam fraudado licitação e desviado recursos públicos do município de Cachoeira Grande, localizado a cerca de 11 quilômetros de São Luís, comandado pelo prefeito César Castro, também do PL de Maranhãozinho.

Além da reaproximação com o ministro da Justiça e Segurança Pública, a quem a PF é subordinada, o deputado federal maranhense busca ainda, com aval de Valdemar Costa Neto, levar congressistas do partido, que contra com 14 parlamentares no Senado e 99 na Câmara, para a base de Lula.

Com a articulação, até o momento, pelo menos 20 deputados federais do PL devem votar alinhados com o governo petista.

Brandão é reconduzido ao Palácio dos Leões sem a presença de Dino
Política

Ministro da Justiça de Lula não compareceu também à posse do sucessor, a quem tem ignorado até nas redes sociais. Antes, já havia evitado aproximação durante diplomação no TRE-MA

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, foi ausência marcante na cerimônia de recondução do governador Carlos Brandão (PSB) ao Palácio dos Leões.

O evento foi realizado nessa sexta-feira (6), na praça Dom Pedro II, Centro de São Luís, com apresentações artísticas de nomes locais e nacionais. O valor e a origem do recurso que custeou a festa, porém, seguem omitidos pelo mandatário. Um pedido pela Lei de Acesso à Informação, solicitando os dados, foi registrado pelo ATUAL7 e deve ser respondido ainda este mês.

Dino e Brandão estão em crise desde a eleição do primeiro ao Senado e reeleição do último ao governo do Maranhão. Desde outubro do ano passado, o ex e o atual governador do Estado vivem um casamento típico de fachada, daquelas relações com quase nenhuma sintonia.

Na última quinta (5), a reportagem entrou em contato com a assessoria do Ministério da Justiça e com a Secretaria de Comunicação do Estado, e indagou a respeito da presença de Dino no evento, e se foi feito convite para a participação do ex-mandatário na cerimonia de recondução de Brandão. Ambas, porém, não responderam os questionamentos.

Antes, Dino já havia sido procurado para comentar a relação com o governo Brandão, via aplicativo de mensagens, mas não retornou e ainda bloqueou o contato do ATUAL7. Brandão também tem ignorado solicitações a respeito de como está a sua comunhão com Dino.

Embora o ministro pudesse alegar agenda apertada em Brasília (DF) com assuntos relacionados à pasta, ele sequer enviou gravação para ser exibida na solenidade, como é esperado para eventos dessa relevância envolvendo aliados. Até o momento, também não fez qualquer comentário a respeito do evento que marcou o retorno do sucessor ao Poder Executivo maranhense.

Afora o descumprimento de acordos relacionados à presidência da Assembleia Legislativa e ao comando de pastas no primeiro escalão do novo governo, a tensão é fortemente motivada pela forma como o novo mandatário do Estado vem tratando a coisa pública, sobretudo por três fatores: precarização de programas e serviços que eram considerados prioritários por Dino; ojeriza a Diego Galdino e Felipe Camarão; e pelo estilo oligarca que tem apresentado, com distribuição desenfreada de poder para familiares.

Galdino, no caso, teve o nome vetado para a Secretaria da Educação no novo governo, e Camarão, embora vice-governador, tem sido escanteado das discussões de formação do futuro secretariado e das decisões que influenciarão na próxima gestão estadual.

Até mesmo o anúncio do retorno de Camarão para a Seduc, única indicação que aceitou para a pasta, está sendo cozinhada. À cada declaração sobre a formação do novo secretariado, Brandão tem adiado a formalização dos nomes. Na campanha, seria após eleito. Depois, assim que tomasse posse. Até recentemente, embora não haja qualquer relação com o compromisso assumido, garantia que seria após a eleição para a presidência da Alema. Durante a posse, porém, já adiou para fevereiro. Ontem, mesmo após resolvido consenso pela eleição de Iracema Vale (PSB) para o comando da Casa, não deu data certa, e disse apenas que vai primeiro sentar com os partidos aliados.

Segundo pessoas próximas ao ministro de Lula (PT) ouvidas reservadamente pelo ATUAL7, Dino tem pretensões políticas para o âmbito nacional que podem ser atrapalhadas por Brandão, caso o ex-vice, “deslumbrado com o poder”, não siga as orientações convenientes a esse projeto conforme estariam previamente combinados.

O governador maranhense, por sua vez, estimulado pelo irmão caçula, o empresário Marcus Brandão, quer imprimir marca própria no estado, e para isso precisa mostrar quem manda no Palácio dos Leões agora. Neste sentido, até trouxe de volta à vida pública no âmbito estadual, como seu novo aliado, o ex-senador José Sarney (MDB-MA), amigo do presidente Lula e com forte influência na Esplanada dos Ministérios.

Em relação à eleição para o comando da Alema, segundo relatos de três fontes ligadas aos dois, Dino havia acertado acordo Brandão pela permanência do deputado Othelino Neto (PCdoB), atual presidente da Casa, no cargo.

No caso, pelo apoio na corrida ao Senado, o acerto foi a primeira suplência à vice-prefeita de Pinheiro, Ana Paulo Lobato (PSB), esposa de Othelino. Para deixar Weverton Rocha (PDT) e fechar com Brandão, a aliança envolveu o compromisso de apoio à reeleição de Othelino à presidência da Assembleia.

Logo após a contagem das urnas, porém, Brandão passou a alegar que primeiro iria trabalhar pela vitória de Lula à presidência da República no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL); depois que só discutiria a respeito quando fosse resolvida a eleição da Famem (Federação dos Municípios do Estado do Maranhão); e, por último, resolveu interferir abertamente na disputa pelo controle da Alema, não apenas rejeitando Othelino para a chefia daquele Poder, como também trabalhando ativamente contra.

O distencionamento estreitou a relação entre Dino e Othelino, e apartou com Brandão –que até a campanha era definido como político leal e de confiança.

Apesar do agravamento nos vínculos político e afetivo, Brandão tem forçado sintonia de fachada com o ex-líder.

Na terça-feira (3), por exemplo, durante a posse Dino na Justiça, tirou proveito das pretensões políticas do ex-governador e buscou aproximação para fotos e apertos de mão, ainda que apenas protocolares, em público. Melindrado, o ministro citou Brandão durante discurso.

Segundo entenderam pessoas presentes e que acompanham a crise de perto, de forma irônica e evidenciando a mudança de posicionamento do sucessor, em um dos trechos do discurso, Dino se referiu a Brandão como “nosso comandante político” do Maranhão e, logo em seguida, lembrou que ele, quando ainda vice, era “realmente muito ajustado àquele momento”.

Antes, Dino já havia evitado registros ao lado de Brandão durante a diplomação no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Maranhão, não comparecido à posse do governador na Assembleia Legislativa nem à celebração em ação de graças na Igreja da Sé, na capital.

Brandão se opõe a Dino e fragmenta base ao interferir em eleição da Assembleia Legislativa
Política

Apesar do empenho do Palácio dos Leões para tomar Alema, Othelino Neto segue favorito. A eleição será em 1º de fevereiro do ano que vem

Desde que assumiu o Governo do Maranhão, em abril, o governador Carlos Brandão (PSB) acumula movimentos que sugerem infidelidade ao ex-governador e senador eleito Flávio Dino (PSB), como o de manter o vice-governador eleito Felipe Camarão (PT), apadrinhado no cargo pelo ex-mandatário, distante das discussões de formação do futuro secretariado e das decisões que influenciarão na próxima gestão estadual.

A interferência na eleição para a presidência da Assembleia Legislativa do Maranhão é o caso mais recente da forma de atuação do novo chefe do Palácio dos Leões.

Na semana passada, desconsiderando a própria garantia de que não pretendia interferir na eleição para o comando do Parlamento estadual, Brandão fiou a entrada da deputada de primeiro mandato Iracema Vale (PSB) na disputa contra o atual presidente da Casa, Othelino Neto (PCdoB), que está há quatro anos e 11 meses à frente da Alema e busca a reeleição para o cargo com apoio de Dino.

Além disso, o próprio Brandão afirmou, há cerca de um mês, que fará a reforma do secretariado apenas em fevereiro de 2023, após a eleição para a presidência da Alema. O objetivo, segundo pessoas próximas ao chefe do Executivo, seria atrair votos à candidata governista em troca de indicações para cargos no segundo escalão do governo, ou até mesmo no primeiro escalão, inclusive com a criação de novas pastas, para casos de apoios fechados de partidos.

Antes de mergulhar na eleição da Assembleia com disparos de ligações e reuniões à portas fechadas para pedidos de voto em sua candidata, o mandatário já havia destacado para a missão o secretário Rubens Pereira, o Rubão (Articulação Política), e seu irmão caçula, o empresário Marcus Brandão, que mesmo sem cargo público tem feito a intermediação de verbas do governo estadual.

Apesar do forte empenho do Executivo para tomar a Alema, Othelino segue favorito na eleição, com declarações públicas de apoio de quase 20 dos 25 parlamentares que garante possuir os votos –inclusive de deputadas, fragilizando a estratégia da candidata do governador, de conquistar o apoio integral da bancada feminina da Casa e ser a primeira mulher à presidir o Poder Legislativo maranhense.

Segundo relatos feitos em reservado ao ATUAL7 por parlamentares procurados pelo Palácio dos Leões, pelo apoio à Iracema Vale, o governo tem sinalizado a deputados reeleitos a liberação de recursos de emenda parlamentar, nomeação de indicados para comandos regionais da administração, além de aceno para a liberação de obras.

Já com parlamentares de primeiro mandato, segundo aliados de Brandão, o diálogo tem girado em torno das chamadas demandas de governo, programação financeira de liberação de verbas públicas para execução de obras e serviços com base em indicações por aliados, além de indicação para cargos no governo.

A eleição será em 1º de fevereiro do ano que vem, após a posse dos 42 parlamentares eleitos e reeleitos para a próxima legislatura na Casa. São necessários 22 votos para vencer a disputa em primeiro turno, ou a maioria simples, em segundo turno. O mandato é de dois anos, com possibilidade de reeleição por mais dois anos.

Caso nos próximos dias o número de declarações públicas favoráveis a Othelino alcance a maioria absoluta dos 42 deputados da Casa, fica praticamente selada a reeleição do comunista em fevereiro, já que se torna bastante improvável que Brandão, com a base fragmentada, consiga virar o jogo.

Até o momento, três dias após o governador interferir na eleição da Alema, Iracema Vale conseguiu angariar apenas pouco mais de meia dúzia de declarações públicas de voto, e está sob a iminência de ser esvaziada após a indicação de Dino pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, desconstruindo a jargão histórico da política maranhense, de que “Palácio é Palácio” –espécie de recomendação de que não se deve enfrentar o mandatário do Governo do Estado, sob risco de ser atropelado pela máquina pública estadual.

Mesmo fora do Palácio dos Leões, Dino é hoje o político mais influente do estado. Da bancada do Maranhão no Congresso, o ex-governador maranhense é também o mais próximo do futuro inquilino do Palácio do Planalto.

Além de definir os projetos que vão à votação, por exemplo, como a LOA (Lei Orçamentária Anual), dentre outras funções, o presidente da Assembleia Legislativa está na linha sucessória do Governo do Estado, logo após o vice-governador.

Pelas movimentações, se reeleito presidente da Casa, devido à interferência de Brandão na disputa legislativa, Othelino pode adotar um comando independente na Alema em relação ao Palácio dos Leões, porém, ainda harmônico. Caso Iracema seja vitoriosa, pela dependência total da candidatura, a tendência é de subordinação ao Executivo.

Brandão poderá escolher até 4 dos 7 conselheiros do Tribunal de Contas do Estado
Política

Vagas serão abertas com aposentadoria compulsória dos atuais ocupantes. Sobrinho do mandatário do Palácio dos Leões é cotado para integrar a cúpula da corte por indicação do tio governador

Dos sete conselheiros que compõem a atual cúpula do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Maranhão, quatro se aposentarão nos próximos quatro anos, já que chegarão aos 75 anos, idade que a regra constitucional define para aposentadoria compulsória.

Dessa forma, o governador Carlos Brandão (PSB) poderá fazer escolhas que influenciarão um dos principais órgãos maranhenses.

Conforme levantamento feito pelo tribunal a pedido do ATUAL7 pela Lei de Acesso à Informação, nascido em janeiro de 1948, o conselheiro Edmar Cutrim deixará a corte no início do ano que vem. Ainda em 2023, no mês de dezembro, será a vez de Raimundo Oliveira Filho. Um ano depois, em dezembro de 2024, completa o prazo para aposentadoria compulsória o atual presidente do TCE-MA, Washington Oliveira, e em novembro de 2026, o conselheiro Jorge Pavão.

Pelo furo combinado nas regras de revezamento estabelecidas pela Constituição maranhense, a vaga de Cutrim será preenchida a partir de indicação da Assembleia Legislativa do Estado.

Tradicionalmente, no entanto, o governador sempre tem forte poder de influência na decisão das indicações, e coloca quem quer no cargo, sem dificuldades.

No início desta semana, Cutrim entrou com pedido junto ao Gabinete da Presidência requerendo a relação dos valores das contribuições previdenciárias do período laborado na corte. Dias antes, para fins de subsidiar o pedido de aposentadoria, já havia solicitado expedição de certidão de tempo de contribuição.

Segundo apurou o ATUAL7, até o momento, o mais cotado para a vaga é o do sobrinho de Brandão, Daniel Itapary. Atualmente, agraciado pelo tio governador, ele comanda a Secretaria de Estado de Monitoramento de Ações Governamentais, e ocupa o cargo de membro representante do Executivo do Estado no Conselho Consultivo do Complexo Portuário e Industrial do Porto do Itaqui, da Emap (Empresa Maranhense de Administração Portuária).

Já a vaga de Raimundo Oliveira deve ser preenchida por indicação do chefe do Estado dentre os membros do Ministério Público de Contas. As vagas de Washington e de Pavão também pelo mandatário, uma de livre escolha, avalizada pela Assembleia Legislativa, e a outra, dentre os auditores do próprio TCE-MA, respectivamente.

Apenas em relação ao conselheiro Jorge Pavão ainda não há definição se a indicação será mesmo feita por Brandão, pois a tendência é de que ele renuncie ao cargo em abril de 2026, para concorrer ao Senado. No próximo pleito, o Maranhão terá duas vagas abertas para disputa, atualmente ocupadas pela senadora Eliziane Gama (Cidadania) e pelo senador Weverton Rocha (PDT).

Até lá, caso não haja uma articulação para convencer Pavão a adiantar a aposentadoria para antes da saída de Brandão do Executivo, a previsão é de que a indicação será feita pelo vice-governador eleito, Felipe Camarão (PT) –que poderá estar no cargo de governador-tampão, disputando a reeleição.

O TCE-MA é a 3ª maior corte estadual de contas do Nordeste, e a 10ª do Brasil, por ter sob sua jurisdição 217 prefeituras municipais e a administração direta e indireta do governo do Estado. O órgão julga ainda, com poder para aprovar ou reprovar, as contas dos gestores dos poderes Legislativo e Judiciário. Após análises técnicas, pode também suspender ou liberar licitações e obras em todo o estado.

Campanha de Brandão intensifica com Camarão foco em São Luís, reduto do PDT de Weverton
Política

Objetivo é decidir a eleição já no primeiro turno. Capital é controlada há mais três décadas, direta ou indiretamente, pelo partido do principal adversário do governador do Maranhão

Vice na chapa de reeleição do governador Carlos Brandão (PSB), o ex-secretário de Educação do Estado Felipe Camarão (PT) tem atuado na reta final da campanha na conquista de eleitores em São Luís, tradicional reduto do PDT no Maranhão.

Nas últimas semanas, enquanto o mandatário se dedica à consolidação e busca por votos no interior maranhense acompanhado do ex-governador Flávio Dino (PSB), candidato ao Senado na chapa, Camarão tem intensificado o corpo a corpo em bairro a bairro da capital, maior colégio eleitoral do estado.

O objetivo é decidir a eleição já no primeiro turno ou, no pior cenário, fazer Brandão chegar ao segundo turno com larga vantagem sobre o senador pedetista Weverton Rocha, principal adversário na disputa.

A orientação e mapeamento partiu do vereador e presidente eleito da Câmara Municipal de São Luís para o próximo biênio, Paulo Victor (PCdoB), coordenador e peça-chave na campanha como fiador da articulação que garantiu a Brandão a maioria dos vereadores da capital, além do apoio em peso do setor artístico e cultural.

Mesmo em reduto pedetista, Brandão aparece confortavelmente à frente de Weverton em intenções de voto para o Executivo do Estado, segundo pesquisa IPEC divulgada em agosto. Um novo levantamento está previsto para ser divulgado nesta terça-feira (20). A expectativa é de que o governador tenha ampliado a diferença na preferência do eleitorado ludovicense em relação ao adversário.

O contato direto da campanha com o eleitor da capital de forma mais frequente nos últimos dias, via caminhadas lideradas por Camarão, segue também a estratégia de tentar diminuir a rejeição de Brandão. Embora o mandatário seja o mais rejeitado no geral, em São Luís tem rejeição menor do que a registrada por Weverton. Quando perguntado na capital em qual dos candidatos o eleitor não votaria de jeito nenhum, lidera o ex-prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PSD).

A capital do Maranhão é dominada pelo partido de Weverton há mais de três décadas, com o controle direto ou indireto dos cofres do município.

A hegemonia eleitoral pedetista em São Luís teve início na corrida de 1988, com Jackson Lago (já falecido) eleito prefeito. O enraizamento foi quase interrompido por João Castelo (também já falecido) nas eleições de 2008, mas que consagrou-se vitorioso na segunda etapa daquele pleito exclusivamente devido ao forte auxílio recebido de Lago. Na última eleição, em 2020, Eduardo Braide (sem partido) só chegou ao Palácio de La Ravardière no segundo turno por causa do apoio do PDT, que possui uma das militâncias mais aguerridas de todo o estado.

Contudo, apesar da vitória nas urnas em São Luís ser atribuída ao suporte que recebeu do partido de Weverton, pressionado por aliados que o apoiaram desde o primeiro turno, e que estão fechados com o candidato Lahésio Bonfim (PSC), Braide tem feito uma campanha tímida em favor do pedetista.

Brandão e Camarão comemoram declaração protocolar de Lula
Política

Petista também citou Roseana Sarney, agora aliada da chapa governista, e pediu apoio a Flávio Dino ao Senado. Gravação foi exibida durante convenção

O governador Carlos Brandão (PSB) e o ex-secretário de Educação Felipe Camarão (PT) comemoram nas redes sociais e aplicativos de mensagem para celular, desde a noite desse sábado (30), a divulgação de um vídeo em que o ex-presidente e candidato ao Palácio dos Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz declaração protocolar sobre a corrida pelo Palácio dos Leões, em razão de acordo nacional com PSB.

A gravação foi exibida na convenção que oficializou a candidatura de Brandão à reeleição, e Camarão, a vice.

Com duração de pouco mais de dois minutos, o vídeo foi gravado dois dias antes, após pedido insistente do ex-governador Flávio Dino, candidato ao Senado na chapa da dupla, que vinha se incomodando com a indiferença e resistência do petista. Quase metade do tempo da gravação é dedicado a Dino.

“Eu queria pedir para vocês, olha, é imprescindível e muito importante que a gente consiga eleger com muito voto o nosso querido companheiro Flávio Dino”, diz Lula –confirmando, indiretamente, a obsessão do ex-governador em tentar quebrar o recorde histórico conquistado nas eleições de 2018 pelo senador Weverton Rocha (PDT), principal adversário de Brandão na disputa e que possui formação sólida com integrantes da base do PT e relação histórica de amizade com o ex-presidente.

Por apenas duas vezes, Lula cita os nomes de Brandão e Camarão no vídeo, uma a mais que o da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), a quem se refere na gravação como “companheira”.

“Eu queria dizer para vocês que é com muito carinho, com muito, mas muita dedicação, que eu vejo, sabe, com muita felicidade, a indicação do Brandão como governador e do Felipe como vice”, destaca Lula, no trecho mais comemorado pela dupla.

A citação do líder petista à Roseana na mesma gravação em que declara apoio a Dino, diferentemente do que ocorreria oito ou até mesmo quatro anos atrás, não causa mais qualquer constrangimento político ou moral ao grupo anilhado ao ex e ao atual mandatário do Estado.

Roseana e o que sobrou da oligarquia Sarney, incluindo o sobrinho, Adriano, único do clã com mandato eletivo, fazem agora parte do arco de aliança frankenstein montada por Flávio Dino e Carlos Brandão.

A salada inclui ainda o PP, um dos partidos mais fiéis do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional e líder do bloco político conhecido como centrão, que controla o chamado orçamento secreto e que, em troca do jogo duplo no Maranhão, ganhou o controle do DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito) e a SAF (Secretaria de Estado da Agricultura Familiar).

Lula ignora Felipe Camarão no PT e resiste a declarar apoio a Carlos Brandão
Política

Ex-presidente já descartou liderado por Flávio Dino e defendeu a pré-candidatura de Weverton Rocha ao Palácio dos Leões

Faltando menos de três meses para as eleições de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue ignorando a filiação do ex-secretário Felipe Camarão no PT e resistindo a declarar apoio a Carlos Brandão (PSB) na disputa pelo Palácio dos Leões.

O silêncio de Lula esfria a estratégia do ex-governador Flávio Dino (PSB), pré-candidato ao Senado na chapa de Brandão. Foi ele quem apadrinhou a ida do ex-vice para o PSB e a de Camarão para o PT.

Antes se seguirem a orientação de Dino, Carlos Brandão era do PSDB, e Felipe Camarão, do DEM.

Em janeiro, Lula deu declarações em que descartou apoio a Brandão, e o reduziu à posição de pré-candidato apenas de Dino –a quem o novo mandatário do Estado se refere sempre como “líder”. Segundo disse Lula, o escolhido dele próprio e das forças progressistas e da esquerda raiz para o governo do Maranhão no pleito de 2022 é o senador Weverton Rocha (PDT).

“Nós defendemos a candidatura do Flávio Dino [para o Senado]. Agora, o companheiro Flávio Dino tem um candidato, dele, que é o vice, que é do PSDB. Ele sabe que é difícil a gente apoiar o PSDB. Nós temos a candidatura do Weverton, então eles vão ter que se acertar lá para facilitar a nossa vida”, afirmou Lula em encontro com jornalistas, que teve transmissão pelas redes sociais.

Embora tenha como indicado a vice o deputado estadual Hélio Soares, do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, o pedetista possui formação sólida com integrantes da base do PT –formada por sindicalistas, servidores públicos e trabalhadores. Diferente de Brandão, também tem ligação histórica com Lula, com quem esteve em todas as eleições que disputou e a quem visitou na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR), no período em que o ex-presidente esteve preso pela Lava Jato.

De janeiro para cá, Camarão retirou a pré-candidatura ao Palácio dos Leões que havia tentado contra o próprio Brandão e passou à condição de indicado para a vaga de vice. Já o novo mandatário do Estado se filiou ao PSB e tenta se empacotar à esquerda.

Nenhum dos dois, porém, recebeu qualquer declaração pública de apoio de Lula até o momento. Apenas poucas fotos protocolares foram conseguidas, mas sempre acompanhadas por outras pessoas alheias às eleições estaduais, durante eventos nacionais envolvendo os dois partidos. Nada que possa ser aproveitado sequer na pré-campanha.

Nem mesmo a hospitalização de quase dois meses de Brandão, que sofreu complicações no pré-operatório ao ponto de fazê-lo omitir informações sobre seu quadro clínico e de chorar ao receber alta, conseguiu arrancar uma declaração do líder petista.

Rachado, PT do Maranhão aprova indicação de Camarão para vice de Brandão
Política

Também foi confirmado apoio à reeleição do governador e a Flávio Dino ao Senado. Decisão precisa se atestada pela direção nacional do partido. Base petista segue com Weverton Rocha

O PT do Maranhão aprovou nesse domingo (5) a indicação do nome do ex-secretário de Educação Felipe Camarão para compor a chapa de Carlos Brandão (PSB) como vice-governador nas eleições de 2022. Como resultado, também foi confirmado apoio à reeleição de Brandão e ao nome do ex-governador Flávio Dino (PSB) ao Senado.

A decisão será agora levada à direção nacional do partido, que pode atestar ou desautorizar, o que deve acontecer apenas próximo da convenção nacional que vai homologar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto.

O indicativo é pela aprovação, uma vez que a composição, embora localmente cartorial, reflete a aliança nacional firmada entre o PT e o PSB, com a indicação do nome do ex-governador Geraldo Alckmin, agora também socialista, para vice-presidente na chapa de Lula.

Qualquer que seja a decisão, o PT do Maranhão seguirá rachado.

Devorada pelo Palácio dos Leões, parte minoritária do petismo maranhense, que teve ou ainda mantém cargos no Executivo, seguiu orientações de Flávio Dino pró-Brandão e Camarão.

Contudo, integrantes da base do PT –formada por sindicalistas, servidores públicos e trabalhadores– resistiu ao poderio dinista, e está fechada com a pré-candidatura do senador Weverton Rocha ao governo do Estado.

Conheça Felipe Camarão, ex-secretário de Educação do MA, indicado a vice na chapa de Carlos Brandão
Política

Escolha é resultado do trabalho executado no programa Escola Digna, maior política de investimentos educacionais da história do estado. Confiança de Flávio Dino e benção do PT também contribuíram

Com experiência bem-sucedida em cargos públicos, o ex-secretário de Educação do Maranhão, Felipe Camarão (PT), 40, vai disputar as urnas pela primeira vez como vice na chapa de reeleição de Carlos Brandão (PSB), com capacidade suficiente para, se sair vitorioso no batismo, concluir o projeto daqui a quatro anos na condição de governador.

A indicação para a vaga é resultado, principalmente, do trabalho executado por Camarão durante os cinco anos e três meses em que esteve à frente, como titular da Secretaria de Estado da Educação, do maior política de investimentos educacionais da história do Maranhão, o programa Escola Digna.

Além disso, tem a confiança irrestrita do ex-mandatário do Estado, Flávio Dino (PSB), que vai concorrer ao Senado pela chapa, conseguiu construir afinidade política com Brandão e recebeu a benção da quase totalidade das lideranças, tendências e da militância do Partido dos Trabalhadores no estado, feito inédito. Ainda não conseguiu uma declaração pública do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que o favoreça na disputa eleitoral de outubro, mas já conquistou forte simpatia do líder petista, o que deve lhe garantir manifestações nas próximas semanas.

No período em que comandou a Seduc, também comandou a Fundação da Memória Republicana do Brasil e foi membro titular do Fórum Nacional de Educação, o FNE.

Na Secretaria de Educação, enfrentou forte oposição no início da gestão e apenas um único deputado oposicionista, Wellington do Curso (PSC), exatamente nas obras do Escola Digna, principalmente pela falta de transparência sobre gastos com obras do programa.

Camarão é formado em Direito pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão), doutorando em Direito pela mesma instituição e especialista em gestão pública. Há mais de 10 anos, é procurador federal de carreira da AGU (Advocacia-Geral da União).

Também é professor do Departamento de Direito da UFMA há 16 anos, onde também atuou como subprocurador-chefe, além de membro da Academia Ludovicense de Letras e sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.

Apesar de natural do Rio de Janeiro, o indicado a vice de Carlos Brandão chegou ainda criança ao Maranhão, onde cresceu e se estabilizou.

A trajetória profissional de Felipe Camarão na gestão pública conta ainda com a superintendência do Procon (Instituto de Promoção e Defesa do Cidadão e Consumidor) do Maranhão, por duas vezes. Na primeira, em 2005, sob o governo de José Reinaldo Tavares, tinha apenas 23 anos. Voltou a comandar a autarquia em 2011, com Roseana Sarney (MDB) no comando do Poder Executivo.

Nessa última vez, deixou o cargo após enfrentar forte perseguição e ciumeira dentro da própria gestão estadual e até do Ministério Público do Estado, após o Procon-MA, sob a sua gestão, dentre outras ações de forte repercussão, aplicar multas em operadoras de telefonia e na antiga TVN (atual Maxx), desbaratar um esquema criminoso de fraudes da famigerada Eletromil e interditar o Box Cinemas, já extinto, por falta de condições de higiene sanitária e violação a direitos do consumidor.

Ao longo da carreira, Felipe Camarão foi aprovado também em concursos públicos para escrivão de Polícia Civil, e analista judiciário do Tribunal de Justiça do Maranhão. Como procurador federal, dentre outros cargos, chefiou o escritório de representação da AGU, e foi procurador-chefe da seccional de Imperatriz.

Antes de assumir a Seduc, com o Governo do Estado sob comando de Flávio Dino, Camarão foi secretário de Estado da Gestão e Previdência, da Cultura e de Governo, pasta implantada no primeiro escalão do Executivo sob sua gestão.

No período em que o Palácio dos Leões esteve sob Dino, apadrinhou pelo menos cinco pessoas no primeiro e no segundo escalão: Diego Galdino (Governo), Anderson Lindoso (Cultura), Daniel Carvalho (Mobilidade Urbana e Serviços Públicos), Lílian Guimarães (Transparência e Controle) e Marcela Mendes (também na Secretaria de Governo). Teve ainda influência, segundo aliados, na entrada de Duarte Júnior no Procon maranhense.

No novo governo, manteve Galdino no primeiro escalão.

Antes de ser indicado a vice de Brandão, chegou a ser lançado pelo PT ao governo estadual, mas logo depois retomou a pré-candidatura a deputado federal, diante da atual conjuntura política tornar inviável pretensões diferentes da decisão tomada.

Felipe Camarão é filho do médico maranhense Phil Camarão e da médica carioca Rita de Cássia Camarão. É casado com a médica e advogada Taynah Soares Camarão, pai de duas filhas, Alice e Júlia Camarão, e padrasto de Beatriz Soares Furtado.

“Foguete sem ré”, Weverton imita Dino e disputa 2022 de olho no Palácio dos Leões em 2026
Política

Senador trabalha para terminar outubro pelo menos como segundo colocado nas urnas. Antevendo estratégia, socialista impôs nome de Felipe Camarão na vice para caso necessite disputar ele próprio o Executivo contra o pedetista

Apesar das dezenas de baixas em sua pré-campanha desde que Flávio Dino (PSB) anunciou oficialmente Carlos Brandão (PSB) como seu sucessor no Palácio dos Leões, em novembro do ano passado, o senador Weverton Rocha (PDT) deve se manter na disputa até o fim.

“Foguete sem ré”, conforme slogan que passou a adotar, Weverton trabalha as eleições de 2022 de olho na de quatro anos depois, 2026.

Espécie de imitação dos passos de Dino, o objetivo do pedetista é terminar a eleição de outubro pelo menos na segunda colocação nas urnas, ainda que eventualmente derrotado pela força do Palácio dos Leões logo no primeiro turno, como vem se desenhando. Com a façanha, automaticamente, se tornaria o principal opositor de Brandão no Executivo –como fez Dino em 2010, estrategicamente, para vencer em 2014, então já imbatível.

Caso a força do Palácio dos Leões garanta a permanência de Carlos Brandão no comando do Estado pelos próximos quatro anos, em 2026, o sucessor de Flávio Dino terá de deixar o Executivo, provavelmente para disputar o Senado.

Exatamente por antever esse cenário, Flávio Dino impôs seu pupilo, Felipe Camarão (PT), como vice da chapa. A intenção é voltar a disputar o Palácio dos Leões, na hipótese de Camarão aparecer propenso a perder a disputa de 2026 para Weverton. Espécie de marionete do padrinho, Camarão permaneceria no governo até o fim, sem qualquer resistência.

Para o ainda governador do Maranhão, em eventual enfrentamento direto com o pedetista, ele se sairia melhor do que Camarão.