Carlos Brandão vai deixar Luzia Waquim em cargo de menor importância no Poder
Política

Carlos Brandão vai deixar Luzia Waquim em cargo de menor importância no Poder

Anúncio sobre novo secretariado mantém política do governador maranhense de favorecimento a homens em altos postos do Executivo estadual. Interferência dele na Assembleia Legislativa pela retirada de Ana do Gás deixou Mesa Diretora com formação irregular, por descumprimento de cota para mulheres

Quem embarcou no discurso de empoderamento feminino fabricado pelo governador Carlos Brandão (PSB) nas primeiras solenidades de posse e recondução ao Palácio dos Leões foi reconectado à realidade maranhense nesta sexta-feira (24). Mas nada que possa ser considerado um choque, já que a frustração era esperada.

Em entrevista à TV Mirante, o mandatário anunciou uma mulher como primeiro nome já confirmado para contribuir com a nova gestão estadual. Trata-se de Luzia de Jesus Waquim, prima do ex-deputado Zé Gentil (já falecido), que acompanha o mandatário desde a época em que ele era deputado federal, há quase dez anos.

Segundo anunciado pelo Brandão, ela deve ser exonerada da Secretaria de Estado de Governo, a Segov, onde acumula cargo interinamente, e permanecer nomeada apenas como chefe do Gabinete do governador.

Embora tenha status de secretariado de primeiro escalão e garantia de contra-cheque razoavelmente alto, o posto não integra o “filé mignon” do Poder Executivo estadual, e é vinculado à Segov –pasta com maior visibilidade e orçamento multimilionário próprio ocupada por ela interinamente desde a saída de Diego Galdino, ex-titular, para ser o número 2 de Flávio Dino no Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Desde o ano passado, quando foi reeleito governador e passou a interferir diretamente na disputa interna da Assembleia Legislativa, para tentar diminuir o desgaste provocado por ter atuado mais para impor a deputada Iracema Vale (PSB) como um poste do que elegê-la como primeira mulher para o comando da Casa, Brandão tenta emplacar o discurso virtual de valorização das mulheres na política estadual.

Na prática, porém, não há qualquer comprometimento com essa agenda. Até o momento, a maioria esmagadora dos nomes cotados para compor a nova gestão é formada por homens.

Para a Comunicação do governo, por exemplo, apesar da expectativa de ascensão da assessora especial Aline Cristina Ribeiro Alves para o posto, o governador do Maranhão já acertou a entrega do cargo para Sérgio Antônio Mesquita Macedo, secretário da pasta durante o governo Roseana Sarney (MDB).

O chamado núcleo duro brandonista também é integralmente formado por homens: Luis Fernando Silva (Planejamento), José Reinaldo Tavares (Programas Estratégicos), Aparício Bandeira (Infraestrutura) e Sebastião Madeira (Casa Civil). Nos próximos anúncios, é esperado que o primeiro e o último mudem de postos. Ainda assim, a tendência é que sejam substituídos por outros homens.

A própria Mesa Diretora da Alema, mostrou o ATUAL7, devido à interferência de Brandão, que preteriu a deputada de terceiro mandato Ana do Gás (PCdoB) para emplacar o neófito Rodrigo Lago (PCdoB) na 1ª vice-presidência, está com formação irregular, por descumprimento de reserva de vaga para mulheres.

Pelo regimento interno do Poder Legislativo, a atual cúpula da Assembleia deveria estar ocupada por quatro mulheres, mas segue apenas por três. As próprias deputadas, todas aliadas ao Palácio dos Leões, para não melindrar o governador, têm evitado confrontar a exclusão.



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