STC manda Seduc fornecer dados completos sobre obras do Escola Digna
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STC manda Seduc fornecer dados completos sobre obras do Escola Digna

Pasta comandada por Felipe Camarão tem até 15 de março para cumprir decisão. Outro pedido pela LAI, porém, teve mantida resposta que omite parte dos valores, contratadas e origem dos recursos utilizados no programa

A STC (Secretaria de Estado de Transparência e Controle) determinou à Seduc (Secretaria de Estado da Educação) que forneça ao ATUAL7 os dados completos sobre obras executadas no âmbito do Escola Digna, conforme pedido formulado com base na Lei de Acesso à Informação (LAI).

A solicitação foi enviada à Seduc em 15 de dezembro do ano passado, com objetivo de obter a relação de obras do programa, construídas do zero, desde o início do governo de Flávio Dino (PSB), em 2015.

A lista deveria informar detalhadamente, por obra, a rede a qual pertence a escola, qual a etapa de ensino, o ano de execução, nome da unidade, endereço completo com bairro e município, natureza da contratação, número do processo, tipo de licitação e total de aditivos. Ainda, sobre a estrutura de cada obra executada, a quantidade de salas de aula e de banheiros com acessibilidade; e se possui ou não refeitório, cozinha, biblioteca, laboratório, auditório, quadra poliesportiva coberta e área de lazer.

Em 27 de dezembro, a Seduc registrou o pedido como acesso concedido, apesar de haver enviado um relatório incompleto, com omissão de mais de 85% das quase 1,4 mil obras que o governo diz haver sido entregues ao longo dos últimos sete anos. Além disso, dos poucos dados encaminhados, parte também estava incompleta ou fornecida de forma genérica.

Em resposta a recurso em primeira instância, a Seduc enviou uma relação maior de obras, mas em formato fechado, violando a LAI por dificultar a análise e o manuseio dos dados, permaneceu omitindo informações sobre o programa e ocultou, em vez de complementar, outras que já haviam sido fornecidas de forma incompleta.

O ATUAL7 recorreu novamente e obteve sucesso na análise no pedido pela STC. Conforme a determinação, a Seduc tem até o próximo dia 15 de março para cumprir a determinação e enviar os dados solicitados completos.

A Secretaria de Educação do Maranhão é comandada pelo procurador federal licenciado da AGU (Advocacia-Geral da União) Felipe Camarão, que recentemente se filiou ao PT para disputar uma cadeira na Câmara Federal em 2022, mas está sendo compelido por Dino, de quem é afilhado político, para ocupar a vaga de vice na chapa a ser encabeçada por Carlos Brandão (PSDB).

Apesar da Lei de Acesso à Informação –regulada no âmbito federal pela Lei nº 12.527/2011, e no âmbito estadual, pela Lei nº 10.217/2015– determinar que, em caso de negativa de acesso, “o recurso será dirigido à autoridade hierarquicamente superior à que exarou a decisão impugnada”, o pedido de revisão foi respondido pelo advogado Vitor Pflueger Pereira dos Santos, responsável pela Secretaria Adjunta de Administração da Seduc, que havia omitido a íntegra da relação das obras na primeira resposta à solicitação.

Sobre essa questão, sem fundamentar como chegou à conclusão e fora do que prevê a Lei de Acesso à Informação, a STC entendeu que não houve afronta à LAI. Segundo a titular da pasta, Lilian Guimarães, por ter recebido delegação formal de Camarão, o subordinado do secretário pode acumular a responsabilidade de responder pedidos de acesso à informação tanto em primeira quanto em segunda instância.

O ATUAL7 fez ainda um outro pedido com base na Lei de Acesso à Informação, mais amplo, solicitando valores de contratos e aditivos, e de pagamentos e origem dos recursos utilizados para custear as obras do programa Escola Digna, não apenas de construções do zero, mas também em relação à reformas executadas nas unidades escolares.

Neste, porém, apesar da Secretaria de Educação haver fornecido de forma incompleta os dados solicitados pela reportagem, a STC teve entendimento diverso do apresentado no outro pedido, e manteve a resposta inconclusa da Seduc, impossibilitando a divulgação pública completa de informações importantes para controle social, como todos os valores contratos e pagos pelas obras, quais foram as empreiteiras contratadas e qual a origem do dinheiro público utilizado.

Um recurso foi formulado pelo ATUAL7 à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, que tem até o dia 25 de abril para a resposta.

A CMRI é presidida pela Casa Civil, e também integrada pelos titulares das secretarias de Estado da Segurança Pública (SSP), Planejamento e Orçamento (Seplan), Fazenda (Sefaz), Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), Gestão e Previdência (Segep) e Procuradoria-Geral do Estado (PGE), além da própria STC.



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