Ungido pelo Palácio dos Leões como espécie de curinga — e possível sucessor — do governador Flávio Dino (PCdoB), o secretário estadual de Educação, Felipe Camarão, começa a ter desmoronado o histórico de eficiência na vida pública, após uma série de denúncias, todas com fartas provas, feitas pelo deputado estadual Wellington do Curso (PP).
Cumprindo sua função parlamentar de fiscalizar a correta aplicação do dinheiro público em unidades que a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informa haverem sido reformadas, Wellington tem constatado que, na verdade, Camarão tem executado apenas pinturas nas fachadas ou trocado tomadas das unidades. Todas as fiscalizações, registradas em vídeos, fotos e depoimentos de pais, professores e alunos, estão sendo levadas ao conhecimento formal do Ministério Público do Maranhão, que passou a acompanhar cada caso, por meio da abertura de inquéritos.
Uma dessas unidades fica localizada no município de Açailândia.
Ao custo de R$ 536 mil, dinheiro oriundo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a Escola Estadual Antônio Carlos Beckman, conhecida como Bandeirantes, passa por uma reforma e ampliação interminável, há mais de um ano. Na placa afixada no local, o prometido era que a obra seria entregue em até 120 dias.
O mesmo problema também foi encontrado pelo deputado do PP no Centro de Ensino Robson Martins, localizado no Maiobão, Paço do Lumiar. Por lá, na falta de condições e de segurança para os estudantes assistirem as aulas dentro da unidade escolar, os alunos estão sendo obrigados a estudar ao relento, no meio de um matagal que fica ao lado do que deveria ser uma quadra esportiva.
Se apenas essas duas situações já apontam para completo descaso do poder público com a educação de qualidade, a suposta eficiência de Camarão tem seu verdadeiro caráter revelado quando se descobre que há outras unidades em abandono ainda pior.
É o caso do Centro de Ensino Professor Ribamar Torres, localizado no município de Pastos Bons. Com salas de aula em péssimas condições, sem janelas, cadeiras quebradas, muro caído, mato em todo canto, quadra destruída e traves amarradas e escoradas com taboca, a escola consta no documento encaminhado por Camarão para a Assembleia Legislativa como reformada, no ano passado, pelo programa Escola Digna.
De todas, a situação mais espantosa e que depõe contra Felipe Camarão foi descoberta no município de Paraibano.
Após visita à escola e investigação em contratos da Seduc, Wellington apurou que o ao Centro de Ensino Gonçalves Dias, antigo Centro de Ensino Edson Lobão, teve seu prédio cedido pelo titular da Seduc em dezembro de 2016, mesmo a unidade aparentando mais uma zona de guerra que uma escola apta para receber alunos.
Além de queimaduras no forro e nas paredes, vários livros estavam espalhados pelas poucas salas da escola que ainda permanecem em pé. Uma construção inacabada de uma quadra esportiva no local, inclusive, denuncia que dinheiro público chegou a ser torrado no período em que a escola, ainda pertencente ao Estado, já estava desativada.
Longe de serem casos isolados, as supostas reformas que Felipe Camarão garante ter consumido dinheiro público por meio do Escola Digna, aos poucos, vão sendo desencobertas, quando não por Wellington, pelo próprio Ministério Público.
O Parquet, aliás, na semana passada, tratou ele próprio de apertar o secretário estadual de Educação, ao obrigá-lo, por meio do Poder Judiciário, a enxergar a Unidade Educacional Professor Cônego Nestor Cunha, localizada no município de Santa Quitéria, que está literalmente caído aos pedaços. Como o descaso não vem acontecendo somente na falta de infraestrutura nas escolas, o secretário já chegou até mesmo a levar um pito do MP-MA, por falta de recursos na rede pública estadual de ensino a um estudante com Down.
Segundo declarou Wellington do Curso durante a fiscalização feita em Pastos Bons, “quando a educação é prioridade, escola digna se faz na realidade e não na propaganda”.
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