Lobão era interlocutor do MDB em propina de Belo Monte, diz delator
Política

Lobão era interlocutor do MDB em propina de Belo Monte, diz delator

Partido tinham direito a 0,5% das faturas da obra de R$ 15 bilhões. PT também recebia o mesmo valor

O senador Edison Lobão, ex-ministro de Minas e Energia, é apontado como interlocutor do PMDB na propina de R$ 150 milhões acertada nas obras de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. A informação é do blog do Fausto Macedo, do Estadão.

De acordo com a publicação, o delator é do delator Dahia Blando ex-diretor-superintendente da área de energia da Odebrecht, que participou das negociações nas reuniões do Consórcio Construtor de Belo Monte – grupo de empreiteiras subcontrato pelo Consórcio Norte Energia, vencedor do leilão, em 2010, para execução das obras. Também atuou como interlocutor da propina, pelo PT, o ex-tesoureiro João Vaccari Neto.

“Os interlocutores dos partidos eram João Vaccari e Edison Lobão, respectivamente”, afirma Blando, no Termo 5 de seu acordo, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em janeiro de 2017. Seus termos não haviam sido tornados públicos.

O leilão de concessão de Belo Monte foi realizado entre 2010. A obra no Rio Xingu, em Altamira, Pará, foi iniciada em 2011, era orçada em R$ 18 milhões. Quando concluída, a hidrelétrica, de 11.233 megawatts (MW) de energia, terá consumido mais de R$ 31 bilhões – o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concedeu financiamento de cerca de R$ 22 bilhões ao projeto.

O consórcio vencedor do leilão de operação foi o Norte Energia, atualmente formado pelas estatais Eletronorte, Eletrobrás, Chesf, junto com os fundos de pensão Petros e Funcef e outros sócios. É a Norte Energia quem contrata e paga o Consórcio Construtor.

O delator disse que depois de tomar conhecimento da cobrança de 1% de propina no negócio proporcional a cada parte da empresa no consórcio, tratou do tema com seus superiores, chegando a Marcelo Odebrecht, o que bate com o que contou o herdeiro e delator: que havia autorizado os pagamentos apenas ao MDB.

“Levei em seguida o assunto a Henrique Valladares que me informou que não deveríamos atender a demanda do PT, pois a Companhia já tinha vários ‘adiantamentos’ a título de contribuições para a campanha de 2010. De fato João Vaccari não nos procurou, nem a mim, nem a Henrique.”

O pagamento, contou o delator em seu termo, também não foi aprovado de imediato ao PMDB, mas “passados alguns meses”, Marcelo Odebrecht liberou. “Foram realizados pela equipe de Hilberto Silva e entregues, em espécie, no escritório do filho de Edison Lobão, Márcio Lobão”.

Em nota, o MDB garante que não recebeu propina nem recursos desviados no Consórcio Norte Energia, e que acredita que a verdade aparecerá no final.



Comente esta reportagem