Ivaldo Ferreira
Agiotagem: 1º Deccor aguarda ex-prefeito ir prestar depoimento para prendê-lo
Política

Prisão aconteceu com base em documentos encontrados há mais de cinco anos no cofre do agiota Pacovan

Numa ação esquisita, o 1° Departamento de Combate à Corrupção da Polícia Civil (Deccor), órgão ligado à Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção (Seccor), em vez de deflagrar operação para evitar uma possível fuga, preferiu gentilmente aguardar ex-prefeito e atual secretário municipal de Obras de Mirinzal, Ivaldo Almeida Ferreira, comparecer à sede da Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), a fim de prestar depoimento sobre a Máfia da Agiotagem no Maranhão, para finalmente prendê-lo.

O ato aconteceu na última quinta-feira 16, uma semana após a própria 1º Deccor, com participação do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), cumprirem um mandado de busca e apreensão na casa do próprio Ivaldo Ferreira.

Mais estranha ainda, a busca e apreensão aconteceu mais de cinco anos depois da Polícia Civil e do Gaeco haverem encontrando no cofre do agiota Josival Cavalcante da Silva, mais conhecido no mercado financeiro paralelo como “Pacovan”, várias autorizações de saque (cheques avulsos) da contra-corrente da Prefeitura Municipal de Mirinzal, assinados pelo então ex-prefeito do município.

O objetivo dessa operação deflagrada anos e anos depois, segundo a assessoria do Ministério Público do Maranhão, foi de localizar e apreender documentos, cheques, anotações, cadernos, computadores, pen drives, HDs e outros objetos que possam servir de prova de desvio de verbas públicas e ajudar na elucidação dos fatos que teriam ocorrido entre os anos de 2009 a 2012, quando Ivaldo Ferreira controlada os cofres públicos da cidade.

Apesar de, durante investigações da execução do jornalista e blogueiro Décio Sá, a Polícia Civil e o Gaeco haverem detectados a existência de uma organização criminosa (Orcrim) atuando em pelo menos 42 municípios - que pode ultrapassar de 50, segundo levantamento do ATUAL7 com base num cruzamento de dados das empresas de fachada envolvidas com a quadrilha -, foram instaurados até agora somente 20 inquéritos policiais, dos quais apenas sete foram concluídos.

A inexplicável lentidão pode ser a resposta, inclusive, para o fato de que Gláucio Alencar e Eduardo DP, outros dois agiotas que, segundo os dois órgãos, subtraíram milhões dos cofres públicos, terem empresas por eles operadas com mais de duas dezenas de contratos e aditivos com o Palácio dos Leões. DP, inclusive, embora preso várias vezes, está solto, e já até participa de palanque do governador Flávio Dino (PCdoB).