Serveng/Aterpa
Duplicação da BR-135 já dura quase quatro anos e custará R$ 504,5 milhões
Política

Orçamento inicial era de R$ 213 milhões. Obra estava prevista para ser entregue em setembro de 2014 pelo consórcio Serveng/Aterpa

A interminável duplicação dos 26,3 quilômetros da BR-135 entre a localidade Estiva, na zona rural de São Luís, e o município de Bacabeira, distante 53,6 quilômetros da capital, custará aos cofres públicos pouco mais de R$ 504,5 milhões. Os recursos são oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e executado a toque de caixa na gestão da sua sucessora, Dilma Rousseff (PT), aliada e ferrenhamente defendida pelo governador Flávio Dino (PCdoB).

O valor é quase quase o triplo do orçamento inicial, de R$ 213 milhões, atualizado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o DNIT, órgão vinculado ao Ministério dos Transportes, para R$ 237 milhões e, posteriormente, no ano passado, aditado para 394 milhões, até chegar ao valor atual por meio de outros aditivos.

O serviço foi iniciado pelo consórcio Serveng/Aterpa, responsável pelas obras, em setembro de 2012, com prazo final de entrega para setembro de 2014, prorrogado pouco tempo depois para dezembro do ano passado, após sucessíveis paralisações, provocadas principalmente durante o período chuvoso. O trecho é a única porta de entrada e de saída, por terra, de São Luís.

Em pesquisa no Portal da Transparência do governo federal, não foi encontrado quanto dos R$ 504,5 milhões já foi gasto durante os quase quatro anos da obra. O valor mais recente referente aos serviços diz respeito aos aporte de R$ 150 milhões ao DNIT no Maranhão, destinados pela bancada maranhense neste ano. O recurso é oriundo de emendas da bancada, mas ainda não há notícias sobre a aplicação do dinheiro.

Uma solicitação foi feita a superintendência regional do DNIT sobre os valores já gastos no local. Também foi solicitado ao coordenador da bancada federal maranhense, deputado André Fufuca (PP), informações a respeito do aporte de R$ 150 milhões para a conclusão da duplicação da BR-135.

Morte

Na madrugada do último sábado 26, a bailarina e professora de História, Ana Lúcia Duarte Silva, acabou assassinada durante um assalto na altura do Km-15 da rodovia. Segundo informações, ela havia reduzido a velocidade do veículo justamente por conta de buracos, próximo a comunidade de Mangue Seco II, pertencente ao bairro de Pedrinhas, quando foi abordada por três bandidos. Ao tentar fugir, Ana Duarte foi alvejada com um tiro de espingarda, e morreu no local.

O mato que toma de conta do trecho, além de prejudicar a visibilidade dos condutores que trefegam pela rodovia federal, serve também como esconderijo para que criminosos cometam assaltos na região. Foi justamente no matagal alto que os bandidos se esconderam para cometer o crime contra a professora.

Serviço alheio

Pressionado nas redes sociais, o governador Flávio Dino saiu-se com a estranha manifestação de que - em vez de acionar a presidente Dilma Rousseff - pretende entrar na Justiça para que receba autorização para fazer o serviço que é de competência do governo petista, isto é, a recuperação da BR-135, que está tomada por buracos.

Segundo Dino, além da autorização para fazer a obra de responsabilidade do DNIT, ele pedirá também que o governo federal - que mal tem repassado o dinheiro do FPE (Fundo de Participação do Estado) - devolva os gastos que serão feitas na obra.

“(...) Com a responsabilidade que me cabe, na segunda-feira o Estado do Maranhão ingressará na Justiça contra o Governo Federal. Compreendo e sou solidário com problemas do Governo Federal. (...) Legalmente não posso cuidar de obras federais. Por isso, espero que Justiça me autorize, para que possa resolver e cobre gastos do Governo Federal”, anunciou.

Não é a primeira vez que o governador do Maranhão assume um compromisso que não é de sua responsabilidade, para salvar um aliado, o que consequentemente acarreta na falta de dinheiro para aplicação em outras áreas. Só em São Luís, ele já livrou o afilhado Edivaldo Holanda Júnior (PDT) pelo menos duas vezes. A primeira ocorreu na também interminável construção da ponte Pai Inácio; a segunda ocorreu na obra de ampliação do Hospital da Criança, superfaturada em R$ 10 milhões.