A Prefeitura de São Luís, comandada pelo petecista Edivaldo Holanda Júnior, parece não se atentar para a atual situação térmica e estrutural da cidade, tendo em vista a proposta de revisão do novo Plano Diretor e da Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo, ambas prestes a serem aprovadas. Por meio do Instituto das Cidades, Pesquisa e Planejamento Urbano e Rural (Incid), Edivaldo pretende autorizar a construção de prédios de 31 pavimentos, o que impedirá a circulação do vento, tornando a já escaldante a cidade ainda mais quente. Além disso, a nova Lei de Zoneamento pretende transformar a Zona Rural em Zona Mista, implantando indústrias que expulsarão o total de 14.500 pessoas de suas casas.
Segundo dados levantados pelo Atual7, em um período de dois meses, o total de 14 audiências já foram realizadas, entretanto, apesar da seriedade que envolve o assunto, pela falta de ampla divulgação por parte do Executivo municipal, pouquíssimos representantes da sociedade civil organizada têm comparecidos às discussões.
Para que se tenha uma ideia do que pode acontecer, caso o Plano Diretor proposto pelo prefeito de São Luís seja aprovado, o aumento da temperatura trará problemas de saúde para a população ludovicense. Entre os principais exemplos citados por ambientalistas está o fato de que, além do aumento na temperatura, ambientes quentes e úmidos favoreceriam a reprodução de insetos transmissores de doenças como a dengue e a malária por toda a São Luís
Em linhas simples, a capital do Maranhão correia o risco de enfrentar um surto devastador das duas doenças, cujo complicações em um dos setores mais capengas da atual administração municipal, a da saúde pública, pode levar centenas, ou mesmo milhares, à morte.
Indiferente aos alertas, durante as audiências públicas, a Prefeitura de São Luis tem se recusado a responder sobre questões de saneamento básico e área verde e transporte, todas relacionadas ao novo plano, deixando claro que a preocupação principal não é de melhorar a cidade, mas apenas a beneficiar grandes empresários que atuam no ramo da construção civil e da indústria. Prova disso foi o pedido feito por alguns chefões dos dois ramos durante a audiência realizada na Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), para que fosse permitida a construção de termelétricas e siderúrgicas em São Luís. Seguindo na linha da irresponsabilidade, a prefeitura pretende ainda transformar grande parte da área verde do Sítio Santa Eulália em zona comercial.
No olho da rua
Na Zona Rural, 14.500 pessoas correm o risco de ficar sem moradia com nova Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo, que pretende transformar a área em Zona Mista, com a ocupação de grandes indústrias no local. Na data marcada para a última audiência, que era pra ter ocorrido no dia 22 deste mês mas acabou sendo transferida para o próximo dia 1 por falha da prefeitura, que não ofereceu os recursos necessários para que audiência de fato acontecesse, a equipe técnica de Edivaldo Holanda Júnior apresentou um mapa à comunidade que continha erros grotescos, como a inserção de parte de uma comunidade da Zona Rural já estando inserida como Zona Industrial.
Para pior, o descaso parece não ser somente da Prefeitura de São Luís. Em audiências públicas que já ocorreram, de acordo com relatos de testemunhas ao Atual7, é constante a ausência de representantes das secretarias de Meio Ambiente estadual e municipal, e até mesmo de representantes do Ministério Público do Estado do Maranhão.
Poluição
Atualmente, a atmosfera de São Luís não é das mais saudáveis. A Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, lança 17 mil toneladas de poluentes, por ano, no ar de São Luís. A termelétrica Eneva, que diz ter como princípio a valorização das pessoas, o respeito à sociedade e ao meio ambiente, dispensa 13 mil toneladas de diversos poluentes anualmente. O Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar), presente na cidade desde 1984, lança mais de 10 mil toneladas de poluentes. Com tudo isso, a administração da capital pretende dar mais espaço a empresas do tipo, destinadas a ocupar a Zona Rural da cidade, o que prejudicaria ainda mais o clima e a saúde dos moradores de São Luís.
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