Presidente Dilma Rousseff e o governador Flávio Dino

Voo sem rumo

Chegada da presidenta Dilma em São Luís coincidiu com o mesmo momento da chegada da imagem de N. Senhora Aparecida

Por Maurício Miguel, presidente do Instituto de Cidadania Ativa

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A chegada do voo da presidenta Dilma, na segunda-feira 10, aqui em São Luís, coincidiu com o mesmo momento da chegada da imagem de N. Senhora Aparecida, vinda direto do Santuário da cidade paulista de mesmo nome, para abençoar este povo tão desalentado e desgostoso com as políticas públicas e implorar misericórdia para boa parte de nossos governantes que “não sabem o que fazem.”

No saguão do aeroporto, a recepção para a Santa era um festão pra ninguém botar defeito. Pessoas de todas as paróquias, movidas apenas pela fé, faziam seu vai e vem, entoando cânticos e distribuindo sorrisos e abraços, sem perceberem que uma guarda elegantemente trajada se perfilava para a recepção da chefa magna, em conjunto com alguns poucos bajuladores de plantão.

Exatamente assim, sem atrair o menor interesse ou a atenção e, até num tom melancólico, a nossa presidente pisou em solo maranhense como se pisasse em solo estrangeiro. Logo aqui? Aonde em tempos de eleição, conseguira votação maciça? Inacreditável!

Estrategicamente retirada como uma lufada de vento, seguiu rumo ao encontro dos seus correligionários, cuidadosamente providenciados, como chaleiras de água fria, que a medida que a comitiva real se aproximava, ensaiavam seus cânticos de guerra para, em momento propício, fazer o caldeirão ferver com palavras de ordem e punhos cerrados.

Nem o governador escapou do entusiasmo desta fervura, ao longo do seu discurso. Num dado momento em que a chaleira, ou melhor, a galera esquentou com brados fortes, nosso governante, numa mesma empolgação, e com uma barriga saliente, troou seu grito de guerra do alto do plenário – panela em ebulição .

Com o Estado em estado de miséria, nada foi mencionado sobre meliantes e mendigos e aleijados e leprosos e drogados e malucos e suas pedagogias loucas demais. Como num encontro de lideranças comunitárias e partidos políticos aliados, somente se destacou apoio para sustentar a” locomotiva brasil” completamente fora dos trilhos, com uma cara de poucos amigos a suar.

Enquanto isso, na Igreja da Sé, após um cortejo com pompas e circunstâncias, com direito a muitos fogos e multidão de gente na rua a aplaudir, Nossa Mãe Divina, placidamente a nos abençoar, rogando ao seu misericordioso filho por dias melhores. E, a depender da gravidade da atual situação, haja preces para este desencanto político se dissipar das terras de Gonçalves Dias.


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