Apesar do governador Flávio Dino (PCdoB) usar o poder da máquina do Palácio dos Leões para espalhar no Maranhão que seu foco é a disputa pela reeleição ao governo estadual, a presidente nacional do partido, deputada federal Luciana Santos, desmente as declarações dadas pelo comunista dando conta de que ele não esteja conversando sobre ser o indicado da legenda para a corrida pela Presidência da República nas eleições de 2018.
Em rápida entrevista ao ATUAL7 nessa quarta-feira 27, a parlamentar informou que tem tido conversas constantes com Dino sobre o assunto, tanto em encontros fora do estado, como ocorreu em São Paulo, quanto em visitas recentes ao Maranhão; e que, diante do trabalho que ele vem desenvolvendo a frente do Executivo estadual, é natural que o PCdoB considere seu nome para a disputa.
“Flávio Dino é um excelente gestor e tem feito um grande trabalho no governo do Maranhão. Além disso tem sido protagonista na defesa da Democracia e ao pensar soluções para contribuir com o país nesse cenário político tão complexo que estamos vivendo. Por isso é natural que o partido considere seu nome para disputar a presidência em 2018, mas até março vamos avaliar todas as possibilidades e decidir o melhor projeto para o PCdoB e para o Brasil”, disse.
Segundo a presidente nacional do PCdoB, a primeira vez que o assunto foi debatido entre ela e Dino foi durante a reunião do comitê central, realizada na primeira semana de dezembro deste ano; e a última vez em que conversaram pessoalmente sobre a disputa pela presidência, agora em 2018, foi no último dia 14, quando ela esteve na capital do estado para participar da 10ª edição do Prêmio José Augusto Mochel. “Tem sido uma conversa constante. É uma conversa em curso”, informou.
Dupla face
Fontes do Palácio dos Leões ouvidas pelo ATUAL7 declaram que a dupla face de Flávio Dino, em usar a mídia nacional e internacional para projetar seu nome para o Palácio do Planalto ao mesmo tempo em que utiliza a mídia local para informar que disputará a reeleição, tem relação direta com a falta de um sucessor para o controle do Estado.
Com a saída da ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), da Lava Jato, os constantes derrotas nos entraves com o senador licenciado Roberto Rocha (PSB) e a ascensão meteórica em nível estadual da prefeita de Lagoa da Pedra, Maura Jorge (PTN), Dino teme que seu desejo de conquistar o comando do mais alto cargo do Poder Executivo acabe fortalecendo seus adversários. Como os nomes até então observados pelo comunista não possuem a mesma densidade eleitoral e tirocínio político que o trio, Flávio Dino tem receio de que a população maranhense, ao absorver que ele entrará na disputa pela Presidência, acabe caindo nos braços desses adversários.
Ainda segundo as fontes, fora ainda a real possibilidade do fim da reeleição por meio de PEC que tramita no Senado, o outro motivo da indecisão do governador sobre que rumo tomar no próximo pleito atente pelo nome de Márcio Jerry Saraiva Barroso, bisecretário de Comunicação Social e Articulação Política e eminência parda do Palácio.
Pelo prazo de desincompatibilização, para realizar seu desejo e entrar na disputa pelo Planalto, Flávio Dino terá de deixar o governo seis meses antes da realização do pleito, isto é, em abril de 2018. Ocorre, porém, que a saída de Dino do Estado abrirá a vaga para que o vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSDB), assuma o comando do Executivo estadual. Como Jerry, embora homem forte do governo, também é persona non grata para Brandão, o tucano não tem qualquer compromisso em garantir o auxílio do governo estadual para a candidatura do bisecretário para a Câmara Federal.
Diante da falta de um sucessor, do iminente fim da reeleição e do atrapalho causado por Márcio Jerry, Flávio Dino tem até março para se definir, data acertada pelo PCdoB Nacional para tomar a decisão final sobre indicá-lo ou não para a disputa pela Presidência.
Lula e Ciro
Além dos fantasmas pessoais, o governador do Maranhão é assombrado ainda pela imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda considerado a principal liderança da esquerda do país. Como Lula segue enrolado na Lava Jato, Dino aguarda que o petista seja liquidado pelo juiz federal Sérgio Moro até o final de 2017.
Com Lula fora da disputa, restará ainda na corrida pela Presidência o ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT). Contra Ciro, Dino pretende usar as mesmas artimanhas que vem utilizando contra o ex-senador José Sarney (PMDB-AP) em nível nacional, apontando o risco que o pedetista representa para o futuro do país. Nesse ínterim, até mesmo a saída do PCdoB para o PDT, já cogitada por Dino em conversas reservadas com o líder da bancada do partido na Câmara, deputado Weverton Rocha, poderá acontecer.
Desta forma, o governador do Maranhão espera ser não somente o candidato do PCdoB ou mesmo do PDT à Presidência da República, mas o próprio nome da esquerda para o comando do país.
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